sexta-feira, 15 de junho de 2018

DIVERSOS I







Escolhi a imagem do Coringa ante de saber sobre o que escrever. Achei que ela seria chamativa. E ela me remete ao que escrevi no texto anterior, que não sei se publique, e que termina discorrendo sobre as limitações de percepção da realidade que eu Mário tenho e da impressão de estar vivendo um sonho lúcido. E o Coringa é uma boa imagem para representar tudo isso. O que faz a minha percepção de realidade ser mais válida que a de alguém com distúrbio mental (mais severo que o meu)? O fato de ser mais funcional? Depois escrevo. Vou ali no banco e já volto.

17h03. Ir ali no banco e achar que vou voltar logo é ilusão. Hoje vou descer com o meu amigo da piscina. Pelo menos resolvi o que me propus a fazer. Mamãe já liberou de eu comprar Coca na pizzaria. “Só hoje”. Voltando ao assunto do sonho lúcido, tudo o que temos são as impressões sobre a realidade através dos estímulos que nos são apreendidos pelos sentidos, nossas necessidades e uma cognição maior do que a dos demais seres que ocupam o planeta. Além, é claro, de uma pletora de abstrações a respeito de nós mesmos e do que nos cerca. Mas uma diferente da outra. As minhas impressões são diferentes das suas então nenhuma delas condiz com a realidade de fato. Ademais, nossos sentidos em comparação com o de outros seres são bastante limitados. Estou escrevendo com outras coisas na cabeça, não estou me focando no que digo, embora seja um tema que considere interessante, estou projetando a ida à piscina. Em uma palavra vivemos e experimentamos o que acreditamos ser a realidade, mas que em verdade é uma parte bastante limitada dela. É claro que nossos universos interiores são riquíssimos e únicos e, em certa medida, parte da realidade, afinal a realidade é tudo o que é, que existe, não apenas manifesto materialmente, mas de forma imaginária também. Ou assim quero crer. A projeção que faço do encontro na piscina existe, mas sei que ele não se concretizará exatamente como imagino. Assim se dá com projeções. Há projeções que pouco têm de reais, são os sonhos, os desejos que não dependem diretamente de nós para a sua consecução. Ou de difícil materialização na realidade. É o caso, por exemplo, do meu desejo de ser publicado porque meritório, porque aceito por alguma editora. Isso dificilmente se materializará e se transformará em outra abstração, a frustração. Da qual sou fiel companheiro, ser humano frustrado que me considero. Em muitos âmbitos sou bem-sucedido ou fui bem-sucedido, mas há a necessidade ou sonho de ser reconhecido como escritor, como há o sonho de profundo amor. Há muitas intersecções entre a sua percepção de realidade e a minha, coisas que percebemos da mesma forma, signos que são familiares a ambos, como o sinal de pedestre, por exemplo. Mas diria que embora percebamos o universo exterior de forma similar, o que transcorre em nossas cabeças, nossos julgamentos acerca do que nos cerca e do que nos preenche deve divergir quanto mais pessoal e abstrato é o assunto. As intersecções são nas generalidades. Nas especificidades, as similaridades ainda existem, mas em número tanto menor quanto mais próximo chegamos um do âmago do outro. Por esta feita é que valorizo tanto a intimidade, de preferência com a pessoa amada, há numa relação íntima um retirar de véus e máscaras, uma revelação mais profunda do que vai dentro de cada um dos que se dispõem a essa jornada. Há além da troca de estímulos, a troca de ideias, as identificações e as diferenças, que devem ser respeitadas na medida em que não nos fira ou ofenda. Com respeito, honestidade e sinceridade. Nossa, já falei dessas palavrinhas tantas vezes que nem sei. Vou guardar o resto do espaço desse post para escrever na piscina. O que queria dizer com tudo isso, é que o que achamos ser a realidade é uma imagem difusa e pessoal do que realmente é e em grande parte é o que julgamos ser, as lacunas que preenchemos com nossas imaginações, por isso a sensação de que vivo um sonho lúcido. Estou lúcido, mas a imaginação está sempre funcionando, sonhando com o que passou e com o que vai ser ou sonhando desenhar o presente. Claro que podemos cutucar a realidade, nós mesmos sermos transmissores de estímulos de maior ou menor impacto na realidade. O meu impacto na realidade é irrisório, por isso me sinto um inútil e frustrado. Porque sonhei ou me foi incutido que eu seria muito mais do que me tornei. Por isso os sonhos que acalento. Por isso a esperança, uma das coisas mais abstratas da lucidez. É o mais perto que chegamos do sonho. Algumas certezas são o mais próximo que podemos chegar da realidade, como, por exemplo, a crença que tenho que o chão não vai sumir debaixo da minha cadeira ou que ao apertar a tecla “u” estando no Word resultará no aparecimento caractere “u” na página do programa. Há certezas que não são tão absolutas, são convicções pessoais com um pé no abstrato. Como a certeza de que o seu time é o melhor ou, indo mais além, Deus. Acho que me perdi na minha própria ilusão, se já falo em Deus é porque já fui longe demais. E já entrei na segunda página. Tenho que guardar espaço para a piscina. Vou tomar Coca, fumar um cigarro e tomar banho para descer. Ou acredito que farei isso.

É, né?

17h42. Resolvi reconfigurar a minha realidade e poupar Coca e cigarros para mais tarde. Vou só tomar um banho.

18h23. Já estou aqui na piscina à espera do meu amigo.

18h42. Meu amigo da piscina está aqui e debatemos sobre e-commerce. Não vou revelar o tipo de mercadoria a ser comercializada para não roubar o nicho de mercado, só digo que é algo totalmente lícito e que é um nicho de mercado no qual ele será o único fornecedor praticamente. No eBay, um mercado daqueles onde todos os desejos materiais podem ser realizados, o grande mercado do mundo, junto com a loja de departamentos da humanidade, a Amazon. Me lembrei de um cartão de crédito que eu fiz, com uma moça do cartão de crédito supersimpática, nós conversamos por mais de uma hora depois ela ligou novamente e mais conversamos. Achei que rolou um clima entre nós e poderia ter pedido o telefone ou o e-mail dela. Acho que ambos fizemos projeções irreais sobre nossas pessoas, eu achei por sua voz bela e jovial, com sotaque paulista, que era uma gata, mera fantasia que me marcou.

Acabamos de pensar que a maior parte do que pagamos são impostos. Era para a situação está muito melhor em termos da infraestrutura pública.

Debatemos sobre grandes temas hoje sobre o fato de o Uber não pagar impostos, até que um se alevantasse e dissesse, do lado da Uber, ideia do gênio em e marketing, finanças e gestão política, Mário Barros, e por que não repartir os impostos, cada um paga a metade e vocês param de sugar e não retribuir a contento? Isso se tornaria uma epidemia nacional conclamando o fim da corrupção, a transparência completa do dinheiro utilizado pelo governo.
Pensei depois, hoje e agora, na revisão, que o Uber já paga o IPVA e todos os impostos relativos a um carro comum e dão 25% do que apuram para a Uber, que deve pagar impostos. É a livre concorrência. O modelo táxi está com os dias contados.

Depois ele falou que se eu não fumasse eu economizaria vários reais e foi quando eu lhe falei que eu tenho tudo o que quero, só preciso que me cheguem cigarros, Coca e comida, não há nada comprável que eu deseje. Isso não é bem verdade. Mas é verdade o suficiente. Pensei em questionar a mamãe se ela está aplicando parte do meu dinheiro como combinado. Mas só farei isso depois da reforma do meu quarto. Finalizei dizendo que só existem duas coisas que desejo, meu livro publicado por mérito e um grande amor no coração. E isso o dinheiro não pode comprar.

Falamos, então, de "Thor: Ragnarock", que já entrega o ápice do filme no pôster e estraga a surpresa que é ter o Hulk. Eu manteria o Hulk em segredo. Por mais que meu amigo tenha dito que a história faz parte de uma saga da Marvel, eu mesmo não a li e me surpreenderia deveras quando o Hulk entrasse em cena.

Ah, falei sobre a Singularidade e Deus. Como tudo tende à complexidade inteligente em todos os recantos do universo, essa Singularidade que se auto-organizará e evoluirá talvez exponencialmente através da tecnologia. Enfim, consegui verbalizar a minha fé para alguém, presencialmente, e essa pessoa prestar muita atenção e entender o meu ponto de vista. Foi um momento que me trouxe grande alívio e satisfação. Não contei tudo mas contei o suficiente. Foi um papo para mim importantíssimo e sou grato ao meu amigo da piscina por ter me servido de ouvinte e testemunha.

Pegamos o último cigarro pra repartir ele fez questão que eu fosse o primeiro. Fumei pra caralho agora. Passei a tocha. Glorioso último cigarro, fumado com a voracidade... não dá para apreender tudo aqui porque estamos conversando.


Ratos de asas, dizem.



Ficção. O corretor de imóveis português tem mania de coçar o nariz. Minha amiga diretora tem mania de pegar no lábio inferior, comprimindo-o. Eu já disse isso. Foi só para rimar uma frase com a outra. Fica. Onde vou agora? Ah, lembrei! Quero falar da tendência universal que é tender a Deus. E Deus é a soma de todas as Singularidades tecnológicas existentes no universo. Princípio criador de tudo pois as Singularidades são os únicos serem capazes de “reencarnar” de autoevolução e tendem a se unir para chegar a Deus.

Agradeço à chuva por me confinar aqui.

Está passando. Acho que vou subir. Aumentou, mas é bom caminhar na chuva, depois que esse carro subir e esse outro que chega vou ouvir Björk, meu amigo finalmente se foi. Conversamos muito. Queria que agora parasse de chover. Pois recomeçou.

-x-x-x-x-

Este verde não é da Praça.



17h00. Perguntei à minha mãe se ela estava investindo o meu dinheiro e ela disse que não. Que quando voltar da viagem o fará. O que me deixa um tanto bolado porque ela está usando o dinheiro todo como se fosse dela. Cobrarei após a viagem. Se eu me lembrar. Hahaha.

17h14. Já-já vai ter novo encontro na piscina, mas, dessa vez, meu amigo vai passar pouco tempo porque tem encontro com a gata dele. Melhor que tenho mais tempo para escrever. E sobra mais Coca para eu beber. Tranquilo e favorável. Estava tendo um papo de jardinagem com a minha cunhadinha US. Não que eu entenda do assunto, só defendi o seu ponto de vista de enfeitar a horta com balangandãs. Fica mais lúdico e fofo. E a criançada vai curtir mais, como ela ressaltou.

Hoje fui ao Manicômio pegar receitas dos meus remedinhos e ao supermercado comprar Coca e outros produtos. Deu tudo certo. Nem tinha me apercebido disso. Ainda fui o último a ser atendido antes de o caixa fechar, então ele teve todo tempo do mundo para embrulhar as compras, coisa que tenho extrema dificuldade de fazer.

18h04. Esqueci de colocar o computador para carregar a bateria, que ozzy. Vou ter que levar a tomada e sentar na área da churrasqueira hoje. É a vida e hoje está mais bonita, bem mais bonita que no Dia dos Namorados.

Esse é.


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