sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

VÉSPERA DA VIAGEM E VIAGEM


Acordei relativamente cedo hoje, são 11h28 aqui e já faz uma meia-hora que levantei. Mamãe e minha cunhada saíram para fazer coisas, dentre elas, pegar a mala. Teremos que arrumar as malas hoje. Mamãe já está bem encaminhada com as dela, mas eu não fiz nada na minha à espera da que estava no conserto, pois preciso distribuir roupas e bonecas de forma equilibrada nas duas. Falando em bonecos, os que coloquei em leilão ainda não levaram nenhum lance, mas recebi mensagens com propostas para vender o Skeletor. Respondi que não estava interessado, mas escrevendo isso mudei de ideia e disse a um dos caras que se ele desse um lance de 550 dólares, eu fecharia o leilão e venderia para ele. Duvido que ele dê esse lance, mas, se ele queria saber quais as minhas condições, eu disse. Por esse valor, eu ficaria mais ou menos no zero a zero ou com uma ínfima margem de lucro em relação ao que paguei pela estátua. Eita, agora que me lembrei, esqueci de contabilizar o frete nessa conta. Agora já foi. 550 está de bom tamanho.

14h07. Me perdi no Instagram. Estou com a alma em torvelinho com o estresse da volta. Isso me lembra porque eu odeio viagens. Principalmente viagens onde o consumismo (meu também) enche as malas de produtos que ultrapassam o valor permitido pela alfândega brasileira. Espero que seja como da outra vez quando ninguém olhou ou perguntou nada. Torçamos. Estou preocupado também com as condições físicas da minha mãe. Não sei como ela fará para carregar a mochila nos momentos necessários. Estamos em casa somente, meu sobrinho caçula, vozinha e eu. Estamos à espera de um suposto cara dos correios que vem pegar o elefante branco (vulgo colchão queen size superpesado e gigante, que mamãe comprou pensando em levar de avião para o Brasil, o que se mostrou um grande disparate). Em teoria eu teria de dizer algo ao cara dos correios, se ele aparecer, mas precisamente o que não me recordo pois me disseram quando eu estava meio acordado, meio dormindo. Entretanto, acho que o buraco é mais embaixo, que precisariam contatar a Amazon e pedir duas labels separadas para o colchão e para a escova elétrica que mamãe também quer devolver. Foi isso que inviabilizou o envio ontem quando meu irmão e eu (muito mais meu irmão que eu) prendemos o colchão no capô do carro e levamos o colchão e a escova no posto dos correios, num frio dos diabos, em vão. Meu irmão está se permitindo sentir raiva. Acho que essa foi a principal mudança de personalidade que percebi nele. E é válida e saudável até. Afinal carregar o colchão para cima e para baixo é para deixar qualquer um fulo da vida. Eu não fiquei tão chateado quanto ele, pois estava em sua companhia. Uma informação equivocada de um dos caras do posto nos fez acreditar que poderíamos enviar o colchão e a escova usando um só label se acoplássemos com muita fita durex um pacote no outro, o que, depois de termos desprendido o pesado colchão do carro e tê-lo carregado até o posto de correio, foi desmentido pelo dono ou gerente de lá e aí o meu irmão pegou ar. Agora pediram para o cara do correio vir pegar o colchão e a escova aqui em casa, mas não pediram para a Amazon produzir uma etiqueta de envio para cada produto o que acho que vai dar bronca. O que será, será. Acho que sonhei com a mala que está no conserto de ontem para hoje, tenho essa vaga recordação na cabeça, prova de que o assunto mexe comigo. Espero que a bateria do carro elétrico dê para minha cunhada e minha mãe fazerem tudo o que pretendem. A intenção do meu irmão em comprar um carro elétrico foi a mais nobre possível, mas o carro tem autonomia bastante limitada o que se mostra sempre um problema, ou se mostrou algumas vezes ao longo dos dias que passamos aqui e que, que pena, já chegaram ao fim. Amanhã estaremos começando a nossa epopeia de volta. E espero que não viaje mais em 2018, por mais que tenha valido a pena essa vinda para a casa do meu irmão. Foi muito melhor e divertido do que poderia julgar. Agora tenho Switch com Mario e Zelda, passei por uma tempestade de neve e tenho um monte recordações legais na caixola e no coração. Não fui exatamente sociável, mas também não fui completamente antissocial. Foi tudo melhor do que esperava. Os tios da minha cunhada são duas pessoas superlegais e foi um prazer privar de suas companhias. Ainda houve a presença da prima da minha cunhada e de seu namorado, a única família que meu irmão tem aqui além da sua própria. Não sei se peguei um fungo nos pés, mas os meus pés estão estranhos, principalmente quando calço o sapato novo, ele começa a coçar de uma forma que nunca senti antes. Temo ter alergia a algo no sapato. Se pudesse o trocaria, por mais que ache um sapato bom, que vai ficar melhor ainda quando for devidamente amaciado. É o que usarei durante a maratona de volta ao Recife. Outro desconforto que vai me acometer nesse infernozinho que é a volta para casa com mais de 24 horas de traslado. Ai, ai... e ainda vai ter o estresse de arrumar as malas. Nossa, como odeio a parte da ida e da volta de uma viagem. Não quero nova viagem nem a pau em 2018. Mas já disse isso mais de uma vez. Em breve, quando da arrumação da mala, terei de desmontar o dock do Switch e só poderei jogá-lo em modo portátil, o que acho que só farei durante o voo dos EUA para Guarulhos. O tempo vai ser apertado na nossa primeira conexão em Washington. Espero que dê tudo certo. Na nossa conexão para Recife, temos mais tempo. Tempo até demais. Melhor que a falta. Em teoria o voo de Washington para Guarulhos durará cerca de dez horas e bateria do meu Switch só dura três míseras horinhas. Calcei o tênis que usarei na viagem para dar mais uma amaciada. Nossa, já estou estressadão com a viagem. Mas como disse vozinha, não adianta dar uma de peru e morrer de véspera. O que posso dizer mais? Acho que Zelda será o meu companheiro de viagem. Não estou a fim de jogar o Mario.

15h41. Minha mãe e minha cunhada chegaram. Estou precisando ir ao banheiro, mas agora só quando todos forem dormir. Vai ser uma longa espera. São 13h42 aqui. Daqui que vão dormir, demora. Mamãe comprou o cadeado e fitas para identificar as malas. Ótimo. Disse que começaremos a arrumar depois do almoço. Estou quase indo ao banheiro agora. É compreensível que um ser humano precise ir ao banheiro. Ou vou depois que as pessoas escovarem os dentes. Vou colocar o meu celular para carregar, ele vai ser o meu grande companheiro de viagem quando a bateria do Switch acabar. Vou ficar digitando asneiras enquanto estiver no ar. Ele já está pedindo que o carregue. Obedecerei, então. Não. Vou esperar até a hora de dormir, quero ter o máximo de bateria possível. O lado bom é que, em teoria, sexta-feira estarei na minha casinha, no meu quarto-ilha, jogando Switch e escrevendo essas coisas. Estou estressado aqui, realmente não é a minha viajar. Vou pegar um copo de Coca. Aliás, vou fumar um cigarro e depois pegar um copo de Coca.

16h05. Fumei. Acho que vou no banheiro. Eu preciso.

16h17. Aproveitei e escovei os dentes. Minha mãe está num ótimo astral. Eu sou o único que está estressado aqui. Ainda bem. Mamãe gosta de arrumar mala, eu acho. Gosto não se discute. E se esse gosto dela se provar verdadeiro, pouco terei que fazer, ficarei só peruando, peru que deveras sou. Hahaha. Estou mais relaxado com esse prospecto. Não vou me meter na arrumação. Acho que ela tem toda a habilidade e know-how para isso. Além de saber o que quer em cada mala. Só servirei de apoio ou carregador de pesos. Ela quer arrumar a mala lá em cima, o que significa descer com quatro malas pesadas de escada. É o mínimo, se ela cuidar da arrumação das duas malas. Aparentemente comprou outra caixa grande, não sei se caberão os dois ou três bonecos que pretendo levar. Veremos. Acho que mamãe, quando quer arrumar algo, por mais desorganizada que seja, arruma com muita perfeição, fazendo caber o inimaginável dentro do espaço disponível. Exemplo disso é a geladeira, que não sei que mágica faz que tudo acaba cabendo. Ter ido ao banheiro me deu extremo alívio. Tomara que no voo para o Brasil peguemos algum dos lugares no corredor. Só assim poderei usar o Switch. A não ser que o traga já fora da mochila e mamãe o carregue. Acho que é a melhor alternativa. Parece que sairemos hoje à noite para comer sushi, mamãe, minha cunhada, meu irmão e eu. Um jantar de despedida. Sem as crianças. Minha cunhada está superfeliz com tal prospecto. Eu não gosto muito de sushi, mas obviamente não há como dizer não a tal convite. E eu como sushi sem problemas. Acho que vai ser bom. Eu, peru que sou, já começo a achar que não vou ter papo, que vou ficar caladão, mas é a vida. Teremos duas mulheres bastante falantes à mesa que, tenho quase certeza, não deixarão a conversa minguar.

17h17. Já levei quase tudo lá para cima, faltam as bonecas que quero. Escolhi o Joker pintado e montado pelo meu amigo do maravilhoso mundo dos bonecos e a Hatsune Miku Mebae Version. Esta eu acho que não vai caber, mas mamãe é meio mágica em termos de arrumação. Veremos.

17h25. A caixa da Hatsune Miku é bem maior do que imaginava. Mamãe precisará de toda a sua feitiçaria para fazer caber o todosos bonecos. Minha cunhada deu a boa notícia que os aviões internacionais têm tomadas. Isso seria a felicidade para mim. Dez horas de Zelda ininterruptas. Mas eu nunca vi tomadas em aviões, também nunca procurei. Tomara que ela esteja certa. Só assim viajaria nas nuvens. Seria muito melhor do que eu jamais poderia conceber.

18h45. Tive o meu momento mais tio agora. Fui lá fora fumar um cigarro e quando vi, meu sobrinho mais velho quis me acompanhar. Quando vi de novo, os outros vieram e fizeram a maior farra na neve. Só fiquei monitorando. Mas meu sobrinho do meio disse que adorou. Fiquei feliz por ter proporcionado isso a eles. Foi divertido vê-los. E acho que porque não os repreendi nenhuma vez, eles me acharam um tio legal. Acho que foi isso que se deu. Também tirei foto sem pedir que fizessem pose, acho que ganhei mais um ponto aí. Mamãe já tomou uns vinhos e está protelando fazer as malas. Levou uma queda. Ainda bem que de onde estava sentada para o chão apenas, mas foi um sacrifício levantá-la, está toda desconjuntada. A idade é muito cruel realmente. Meu irmão parte do pressuposto que ela ousa demais e não respeita os períodos de recuperação dos males que a afligem. Eu não sei.

19h12. Minha mãe fala no telefone e ainda vai fazer um experimento de química com os meninos. Ainda há o jantar com meu irmão e minha cunhada. Acho que mamãe planeja arrumar as malas amanhã. Parece que gosta de aperreio mesmo. De estresse. E quem fica estressado sou eu, vendo o tempo correr e duas malas a fazer. Agora meu tio quer que eu marque as cadeiras pela internet. Como se eu soubesse. Espero que mamãe esqueça disso. Eu não faço ideia de como fazer. De qualquer forma, precisamos ter as malas arrumadas para poder viajar. Mamãe não existe, liga o foda-se e resolve curtir com os meninos. Bom, ela é quem sabe. Amanhã a essa hora já estaremos dentro do aeroporto à espera de embarcar. Não estou conseguindo me concentrar com a conversa sobre os experimentos. Vou botar Björk. Ajuda. Bastante. A música ficou impressa na minha mente junto com essa viagem, consegui o meu intento de ligar uma coisa à outra. Espero que sempre que ouvir Utopia, me lembre desse feliz período da minha vida. Não está feliz agora porque não tenho as minhas malas prontas. Vou acabar arrumando de qualquer jeito. Pior que não posso, pois mamãe vai querer colocar coisas dela nas malas. Meu dedos ainda estão dormentes do frio. E durante a brincadeira com os meninos não vesti o casaco de neve do meu padrasto. Ainda bem que hoje está uma temperatura amena, por volta de zero graus. Estranho eu achar isso ameno, mas em comparação com os outros dias é bastante aceitável, tanto que fui sem o casaco de neve, só com o casaco que meu irmão me emprestou e que geralmente uso como camada intermediária entre o casaco do meu padrasto e a camisa. Quero levar o casaco de neve dentro da mala, para que eu possa levar tudo do Switch dentro da minha mochila junto com um casaco muito menos volumoso para amortecer as partes do console que não vão dentro do case (o dock e o grip). Decidi também levar a tomada na mochila, não dentro do case. Se bem que como a imigração é chata, eu acho que vou colocar as partes dentro da mala mesmo e rezar para que não quebrem. Falo especialmente o dock. O grip não vejo como quebrar. Não sei se leve dentro da mochila ou na mala. Decidirei durante a arrumação. Se quebrar o dock, não terei como jogar na TV, o que seria uma enorme frustração para mim. E não sei como faria para comprar outro dock. Só se comprasse e vozinha, que aparentemente vai ficar aqui, trouxesse. Mas não criemos pânico, tudo vai chegar inteiro ao Brasil. O que tem mais perigo de chegar quebrado é o Thing. Nossa, mamãe não existe. Só pode ter sido o vinho somado à percepção de que esse será o último momento com os netos. Daqui a pouco, minha cunhada vai ter que sair para pegar o meu irmão e daí iremos jantar, prevejo que nada será feito nas malas até depois do jantar. Não sei nem se vai ser feito hoje. Ozzy. E não adianta eu arrumar, pois mamãe vai querer colocar coisas nas malas. E principalmente porque não sei arrumar uma mala cheia de muamba. Estou estressado.

19h57. Minha mãe continua a fazer experimentos. Vou ligar o meu foda-se também. Só sei que vou levar o meu Switch. O resto que se exploda. Nossa, Coca com gelo é muito deliciosa. Acho que a Miku não vai caber na mala. Sua caixa é muito maior do que julgava. Tomara que o Thing e o Joker caibam. E espero que as malas de mamãe estejam com menos de 23 quilos. Estou com uma vontade grande de jogar o Zelda, se mamãe não acabar dentro de meia-hora, é o que farei, depois boto o console para carregar na tomada. Lembrando que tenho que carregar o celular também. Logo preciso de duas tomadas. Parece que os meninos institivamente quiseram dar uma despedida para mim (com a brincadeira no gelo) e para mamãe (com os experimentos).

20h11. Não sei mais o que dizer. Acho que vou pegar o Zelda e jogar. Pelo menos desopilo.

20h23. Fui fumar um cigarro instead. E coloquei o celular para carregar. Nossa, como queria que houvesse tomada no avião. Mas em tempos de USB, acho difícil. Pelo menos nos vôos que peguei só vi entradas USB. Mas tudo é possível.

20h31. Minha mãe disse que vai arrumar as malas agora. Esqueci de botar o meu iPod para carregar. Vou fazer isso quando mamãe subir para começar a arrumar, pois minha mochila com os cabos está lá em cima no quarto dela. Tenho uma vaga sensação que minha mãe vai querer tirar um cochilo agora.  

21h46. Ledo engano. Mamãe arrumou todas as malas em tempo recorde. Vai faltar muito pouco a arrumar amanhã. E o melhor. A malas deram peso ótimo, cerca de 16 quilos, três delas e uma com 22 quilos.

0h07. Acabamos de chegar do Maguro, o restaurante japonês na main street de Franklin. Muito bom. Não comi sushi, preferi comer um macarrão apimentado, foi ótimo. Mamãe me preocupa. Além de ter bebido o dia quase todo, aparentou certa confusão na hora de escolher o prato. Mas o cardápio era confuso para os não entendidos em cozinha oriental. Eu mesmo fiquei até o último instante para escolher o meu prato. Bem, nem tanto. Mas certamente não estudei o cardápio para escolher. Havia enorme folha amarela como os três novos pratos do restaurante em letras garrafais. Vi um que dizia macarrão apimentado com carne, achei a combinação de palavras interessante e pedi. O curioso foi que a garçonete parecia estar anotando os pedidos em japonês ou sei lá qual a língua de origem dela a julgar pelos movimentos de mão que fazia (e pelo pouco inglês que possuía). Não tenho como comprovar isso, mas acho que a minha impressão foi acertada. Às vezes falar em inglês é tão difícil que é como se me faltasse o ar, o ar de que os sons são produzidos. Quero falar tudo o mais rápido possível para me livrar daquilo. Certas vezes tenho me sentido assim até falando o bom e velho português. Acho que é a falta do hábito de falar. Já guardei o meu casaco de neve na mala, ele está envolvendo o Thing. Conseguimos colocar a Hatsune Miku e o Joker nas malas. Trarei ao todo seis bonecos, eu acho. O que é fenomenal. Nunca imaginei trazer tantos. Graças a mamãe e seu empenho em me ajudar, cedendo espaço na mala e arrumando os bonecos. Resta saber se chegarão inteiros, visto que quatro vão fora das caixas. Mas o Joker, está envolto e grosso casulo de esponja. Já o Thing, o Spider-Man Symbiote e a Rei Aiyanami só estão envoltos em roupas. As duas versões da Hatsune Miku foram dentro das caixas. Decidi levar o Switch todo dentro da mochila. Fiquei com medo de quebrar o dock o colocando na mala. Se fosse uma peça única até arriscaria, mas não é, percebi que são três partes grudadas (eu acho), então não quis arriscar. Botei tudo o que compõe o Switch dentro da mochila. Se for parado na alfândega será o que tiver de ser. O pior é que estarei levando o celular do motorista da minha avó numa das malas que, somado ao Switch ultrapassa o valor em eletrônicos que posso trazer. Segundo a minha mãe, o teto hoje em dia é de 300 dólares. Que foi o valor do Switch, sem celular. Aliás, nem sei qual o valor do celular, não vi nada dessa negociação. Espero sinceramente não ser parado na alfândega. Acho que eu e todo brasileiro vindo dos EUA. Hahaha. A chance de derrubarem os meus bonecos no chão é muito grande se forem revistar a mala. Seria muito ozzy. Bom, vou mudar de assunto. Estou sem vontade de jogar o Switch em modo portátil. Mas prefiro muito mais fazer isso do que digitar no celular ou assistir filme no avião. Ou não fazer nada, ficar olhando para a torturante tela de progresso da aeronave no mapa, meu passatempo da última vez. Tenho certo receio de que, se adormecer, como Switch é um item muito visado, alguém venha o roubar se deixar o case guardado no porta-trecos em frente à minha cadeira. Sei lá. Vou arriscar. Se tiver tomada para carregar o Switch no avião é capaz de eu nem dormir. Mas não vai haver, tenho quase certeza disso. Estou pensando se tento guardar a tomada no case ou não. Se soubesse dobrar o fio todo bonitinho já teria feito. Por enquanto está jogado na minha mochila. O chato de ficar na mochila é que se eu ficar em uma cadeira que não seja no corredor, eu não terei acesso ao fio. Mas não vai haver tomadas, Mário. Põe isso na sua cabeça. É vero. Terei três horas e meia de Zelda para jogar, se muito. É um terço do tempo do voo. Já estou noiando em como conseguiremos tirar os tickets a tempo para o embarque de Washington para Guarulhos, pois chegaremos com menos de duas horas para o embarque, quando para voos internacionais, no Brasil, pelo menos, temos que chegar com três horas de antecedência. O estresse me toma. Espero que meu irmão ajude a gente a desenrolar o inglês aqui em Boston para ver se já saímos com pelo menos as passagens dos dois primeiros trechos impressas e com assentos marcados. Quiçá as três. Seria uma mão na roda. Aí viajaria quase sem estresse. Só restaria saber se as malas seguiriam direto de Guarulhos para Recife ou se teríamos que pegá-las em Guarulhos e reembarcá-las lá.

1h45. Todos já se retiraram, essa é minha última noite no inverno americano, sabe-se lá por quanto tempo. Quero aproveitar o restinho do tempo que me tenho aqui. Amanhã vai ser só correria, pois mamãe vai arrumar o resto das malas ainda e é bem capaz que acorde de ressaca. O meu iPod está com a bateria quase arreada e o danado do iTunes não está reconhecendo o dispositivo. Terei que reiniciar o computador, para ver se isso altera algo. Por falar nisso, não sei o que tanto o meu computador processa. Acho que era o uTorrent. Estava rodando em segundo plano esse tempo todinho. Meu computador está muito lento. Acho que foi o fato de tê-lo deixado ligado por tanto tempo. Nossa, vão ser dois dias ozzy. Que tudo corra tranquilamente e conforme o previsto nesses dois interregno. Hoje no jantar, eu e meu irmão quase não falamos nada. As mulheres falaram quase o tempo inteiro e, quando minha cunhada ia falar, era frequentemente atropelada pela a minha mãe. Estava dando nos nervos. E acho que não só nos meus. O rosto da minha mãe está visivelmente mais inchado, mais redondo, meu padrasto vai se espantar quando a revir. Eu só vou querer ver a minha ducha quente e o meu quarto-ilha, onde instalarei o Switch para começar a jogar assim que possível. Estou sem o meu Vaporfi aqui, já foi devidamente alocado em uma das malas. Faço automaticamente o movimento de pegá-lo e me deparo com a frustração de não tê-lo. Vou reiniciar a máquina, para ver se ela localiza o meu iPod. 2h14. Até mais.

2h35. Reiniciei e fui fumar um cigarro. O computador identificou o iPod, mas o iTunes até agora não foi carregado. Embora a luz de processamento esteja piscando sem parar. Se não lançar o iTunes em dez minutos eu ligo manualmente e vejo se ele encontrou o iPod.

2h44. Vou ligar o iTunes para ver no que é que dá. Ele reconheceu como um novo iPod. Às vezes dá isso, mas não reformata o bicho. Finalmente, identificou o iPod. Graças. O lado ruim é que o Windows que reiniciar o computador para fazer updates de segurança do Office, o que não me soa nada bem, visto que o meu não é original. Capaz de ele travar os aplicativos do Office de vez. Tomara que não. Primeira surpresa negativa do dia da viagem. Espero que também a última. E que não seja nada demais, que não trave a minha máquina de escrever mágica do meu coração. 2h57. Vou ficar acordado até as 4h40, para dar tempo do meu iPod carregar. Acho que o Windows não vai reiniciar enquanto uso. Mudei o horário do Windows reiniciar para 5h00. Não precisarei ficar acordado, posso ir dormir. De toda forma, vou esperar até o iPod estar completamente carregado. Outra vez busquei o Vaporfi (cigarro eletrônico), sem sucesso. Quando era criança, adorava desafios e não queria desistir deles. Hoje sou o inverso ou os desafios são outros. Não gosto de aventuras, de sair do lugar conhecido, do confortável e familiar. Não tenho necessidade disso. Tenho a necessidade de permanecer na minha zona de conforto. Aventuras, relego aos videogames. E às caminhadas que voltarei a fazer, devagarinho, uma vez em Recife.

3h12. Guardei a tomada do Switch dentro do case, coube sem comprometer aparentemente o sistema. Não fez nenhum volume nem parece estar pressionando o console. Droga, novamente fui atrás do meu Vaporfi. Devia ter deixado aqui embaixo para guardar só quando acordasse amanhã. Que vacilo. Minha memória de curto prazo está ficando comprometida ou estou com pensamentos demais na cabeça, projetando as variáveis da viagem. Realmente não gosto de viajar. Pense num saco. Novamente atrás do Vaporfi. Assim não dá.

3h26. Vou ficando por aqui nesse que é o meu último dia em solo americano até não sei quando. Estou trocando muitas letras, deve ser o cansaço. Vou fumar o último cigarro da noite e ir dormir. Afinal, daqui a pouco dá duas horas da manhã aqui e quero acordar às dez. Ou ser acordado. Vou deixar o computador aberto para que o iPod pegue bem muita carga. E para dormir ouvindo Björk.

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12h44. Acordei e fui fumar um cigarro. Últimos momentos na casa do meu irmão. Ainda estou muito sonolento para qualquer ficha cair. Mamãe me chamou para ajudar com as malas. Vou beber a água, despertar mais um pouco, escovar os dentes e vou lá. Estou com muito sono ainda, sem conseguir raciocinar direito. A garota da noite me mandou uma mensagem! Mas não li ainda, não quero ler nesse estado. Acho que mamãe me chama. Vou lá.

13h02. Ajudei mamãe com as malas, mas mais ajuda se fará necessária. Ela quer que eu tome um banho. Tomarei. Primeiro é preciso um pouco mais de despertar e coragem. Vendi o Skeletor! O leilão ainda não acabou mas um lance já foi dado. Ou seja, já está vendido. Espero que outros lances sejam dados e que eu não venda por valor tão irrisório. Mamãe me deu dez minutos para eu tomar banho, os utilizarei escrevendo. Meu iPod, já está para lá de carregado, meu celular também, assim como o Switch. A ficha de que parto dentro em breve ainda não caiu. Estou tomado por uma calma que não é normal em mim em dias assim. Acho que vou logo tomar banho.

14h16. Já tomei banho. Já desci duas malas, minha mãe grita querendo transmitir seu estresse para além de si, especificamente para mim. Acho que palavras agora, se houver, só pelo celular. E espero que, se escrever por este outro meio, não perca o que está escrito porque não terei conexão à internet até chegar em casa. Mas creio que se escrever o Gmail ele salva como rascunho. Acho o Blogger menos seguro em matéria de salvamento. Mamãe colocou um monte de dinheiro na minha bolsinha de viagem. Espero não perder. Se tornou o item mais valioso que carregarei, pois nela também está o meu passaporte. Vou desligar o computador. Vou ficar só mais um pouquinho aqui. Eita, há um update para fazer. O tal update do Office que temo travar o Word de vez, mas não há como escapar dele, pois quando desligar o computador, ele vai instalá-lo automaticamente. Vou ver logo no que isso vai dar. 14h50.

15h02. Aparentemente, nada fez contra o meu ofício de escrever. O Word continua funcionando exatamente da mesma forma que antes. Graças. As malas estão fechadas. Agora é meu irmão pegar o carro que alugou e nos levar. Mas ainda está muito cedo. Não acredito que vou ter outra crise de proctalgia fugax. Hoje, agora, não é o melhor momento para ter. Se bem que é melhor agora que posso me mover para tentar relaxar que sentado e ilhado no avião sem poder me mover.

15h19. Minha cunhada foi participar como voluntária de uma atividade na escola do mais velho. Diz gostar bastante. Eu não teria coragem nem a pau. Lidar com um monte de crianças. Vou desligar o computador, estou muito voltado para a viagem para ficar escrevendo. Quando estiver embarcado, no ar, volto a escrever. Eu só vou lançar mão do Switch quando estiver na viagem maior, dos EUA para o Brasil. Nessa para Washington, acho que vou dormir. É uma viagem supercurta, cerca de duas horas. A outra é que vai ser ozzy, dez horas de voo, por baixo. Eita saco. Bem, vou desligar meu grande amigo computador.

Não sei que horas são. Já guardei o meu computador e o celular, de onde a partir de agora escrevo, informa que são 2:44 da madrugada. Ainda estou na casa do meu irmão e nada mudou além do método de escrita. Que, por sinal, é um saco. Por mais imensamente inteligente que o SwiftKey seja. Recomendo o teclado a todos que usam celular para escrever. Estou usando o Gmail como me propus. Estou com sono, com vontade de me deitar um pouco. Acho que é o que vou fazer.

Oxe, o que escrevi sumiu. Que ozzy. Bom, não me deitei. Ajeitei o relógio, são 16:35, horário de Recife, escrevi mais e comi um delicioso purê feito por vozinha. Ah, e acabei de fumar um cigarro. Só tenho seis até São Paulo. Acho que dá. Meu maior desejo no momento? Que todos os tickets de embarque com os assentos já reservados sejam impressos aqui mesmo, nos poupando correria e estresse em Washington. Esse teclado é mesmo muito inteligente, parece adivinhar o que quero escrever. Está melhor que antigamente. Impressive. Pouparei o Zeldinha para a viagem mais longa. Ainda não sei se fiz a escolha certa em colocar todos os componentes do Switch na mochila e agora é tarde para mudar de ideia.

17:01. Minha mãe abriu uma mala para colocar um creme para a irmã de minha cunhada e dois protetores de tela para os novos celulares. Vi que não havia condições de colocar o dock do Switch nas malas. Bom, descobrirei no que é que vai dar a minha escolha dentro em breve. Acho que meu irmão e minha cunhada têm ideias muito firmadas a respeito da personalidade do primogênito o que pode ajudar a definir sua personalidade de forma negativa através das atitudes deles em relação ao guri. Mas não entendo nada sobre crianças, menos ainda sobre como educar crianças. Escrever nessa telinha me dá um sono danado. 17:15. Vou me deitar um pouco. Coincidentemente, minha cunhada acabou de entrar aqui e perguntar quando iriam pegar o carro alugado ao meu irmão e combinaram que sairiam daqui a dez minutos, logo não dará tempo para um cochilo. Dormirei no avião, não tem problema.

17:44. Foram buscar o carro. Em breve estaremos no aeroporto, meio que em cima da hora. Os meninos estão gerando em alta. A coisa se acalmou mais. Mas não muito. Eita, bando de meninos danados. Vou botar as malas na garagem.

18:10. Eles ainda não voltaram com o carro. A preocupação impera. O que será que está se dando?

22:06. Estamos no avião rumo a Washington. As três passagens dos três voos foram impressas já em Boston. Até agora quase tudo certo. E o que não deu certo, não havia lugar nos compartimentos para colocar nossas mochilas - nossas e de um monte de gente - foi compensado por não haver o terceiro passageiro da nossa fileira, então sentamos um em cada extremidade e colocamos a minha mochila, a bolsa de mamãe e seu casaco na poltrona do meio e a mochila de mamãe ficou entre as minhas pernas. Escrever nesse celular realmente me dá sono. Acho que é a vista cansada. Ou cansado estou eu, embora mal tenha começado o traslado de volta. O meu sapato está desconfortável. Temo que não me adapte a ele. Vou tentar dormir, pois no voo da madrugada vou querer jogar Switch. Na área de embarque, um guri pouco mais velho que o meu sobrinho jogava o Switch dele com um amigo que fez durante o embarque. Todos brasileiros. Talvez o número de turistas seja o responsável pelo excesso de bagagem a bordo. Este voo é café pequeno. Se tivesse que levar uma mochila entre as pernas por nove, dez horas aí estrilava. Não sei se esse texto vai ser salvo. Se perdê-lo ficarei moderadamente frustrado, afinal não acontece nada de muito excitante dentro de um avião. Ainda bem. Ficamos na última fileira da nave, o que tem seu lado ruim e seu lado bom pelo mesmo motivo, a proximidade do banheiro. Às vezes odores fétidos vêm do banheiro. Outras vêm de mim, que aqui me sinto livre pra peidar, se a vontade é muita. Hahaha. O crime perfeito. Tirei uma foto de Boston à noite do avião. Fico impressionado como a câmera desse celular é melhor que a do outro. Já estamos nos preparando para pousar em Washington. Vou desligar o celular para parecer civilizado.


City at night. Boston.



44 passageiros do nosso voo seguirão para São Paulo. Está explicado o excesso de bagagem. Hahaha. Brasileiro é muambeiro mesmo. Nós, inclusive, mas pelo menos estamos dentro das normas exigidas.

23:57. Estamos em Washington à espera do embarque para o Brasil. Mamãe foi tentar conseguir milhas. Sempre assim. Não sei se vou tirar o Switch, só se for no corredor. Esse teclado está com um problema de reconhecimento de toque e acho que tem a ver com a tela protetora. Muito chato e atrasa muito a digitação. Vai ver que há um jeitinho a pegar para a coisa funcionar. Acho que é tocando um pouco acima da palavra. Não peguei ainda o truque e fico muito aborrecido, querendo me livrar da capa toda.

3:52. Estamos sobrevoando a América Central, entre San Juan e Roseau. Suponho que em breve teremos câmeras filmando o que fazemos no avião colocadas na parte de trás dos assentos, logo em cima do monitor. Tudo para nos “servir melhor”. Por falar em melhor, tivemos novamente sorte no lugar de sentar, veio uma cadeira vaga, nos dando espaço nesse já espaçoso avião. Acho que é moderno, a janela dele parece mágica, o grau de transparência é variável apertando-se um botão abaixo dela. A cada novo toque, o vidro ou sei lá o que, vai aumentando a escuridão como se fosse se tornando gradativamente mais ou menos fumê. Cada vez o mundo fica mais interativo e a tecnologia mais mágica. Gostaria de saber qual é o processo que se dá. Se é químico ou físico, o que danado é. Vou perguntar ao meu padrasto. E joguei Nintendo Switch, Zeldinha no avião. A única coisa ruim foi que eu não produzi nada de útil no jogo. Mas ainda tenho 64% da bateria e muitas horas de voo pela frente. Acho que chegamos a um terço da viagem agora. Mamãe dorme. Eu também estou com sono. Vou tentar um cochilinho. Só falta isso que escrevi não funcionar. Não ficar salvo em rascunho. Aí vai ser o ó. Tomara que dê certo. Tudo na viagem tem dado mais do que certo. Só falta acabar a bateria antes de chegar ao quarto-ilha. Vou tirar o cochilo.

7:49. Nossa, e que cochilo! Simplesmente apaguei. Minha mãe, que pegou no sono antes de mim ainda dorme. De dia, as janelas mágicas do avião assumem cores curiosas. Do lado de mamãe, as janelas expõem o mundo exterior com um profundo ciano. Do lado de lá as janelas exibem um curioso dégradé de ciano a magenta. E não consigo ver imagem nenhuma do outro lado. Pense numas janelas modernas e estranhas.


Janela mágica.



8:01. Tirei uma foto para ilustrar. A das janelas do outro lado, não tenho coragem de tirar, pois muitos anônimos sairiam nela e poderiam se incomodar com isso.

Tudo azul. Avião ou submarino?



8:07. Me perdi divagando sobre o que a garota da noite me respondeu, que ainda não sei. Primeiro imaginei coisas positivas, depois passei a pensar em coisas bem mais trágicas, como por exemplo um curto e grosso fora. Indiquei um filme a ela, lembrei disso vendo filmes de outros passageiros por tabela. A minha tela mostra, para variar, as estatísticas do voo. Não sei por que me apetece olhar para isso tendo tantos filmes interessantes e legais para assistir, mas se o meu coração pede, deixa ser por ele. Acho que vou jogar o Mario na nossa longa espera no aeroporto de Guarulhos. Embora pelo que vi da outra vez, temo que a miséria que invade os corredores do lugar queira se apoderar do meu querido console usando a violência. Averiguarei quando desembarcar. Ou gasto o resto da bateria aqui nesse voo mesmo. Vamos ver as minhas inclinações para onde pendem. Levando em consideração que começarei a ser interrompido pelos comissários de bordo que servirão o café da manhã, acho que vou deixar para a terra firme, ou para o próximo voo. Ou até mesmo para casa somente, meu querido quarto-ilha. Veremos a situação do aeroporto. Não vou jogar aqui, pois serei interrompido dentro de instantes. Bom, esse voo da United foi um dos melhores que já tomei na vida. Temo que o próximo não será. Não haverá cadeiras vazias, vai haver muito barulho, criança chorando, avião apertado. Pelo menos não tivemos nove horas disso, foram nove horas tranquilas espaçosas e confortáveis, como jamais imaginei ter. Minha bunda nem doeu de ficar tantas horas na mesma posição como na ida. Não sei se é o maior espaçamento entre as cadeiras ou o fato de sermos dois ao invés de três nas poltronas. Tudo isso ajuda, além do horário do voo e de ser composto por pessoas educadas.

9:14. Faltam 40 minutos para aportarmos em terras brasileiras, que há muito sobrevoamos. Certamente não estará tão frio quanto no avião. Ou estará, visto que é São Paulo. Pouco se me dá. O que importa é que vou fumar uns dois ou três cigarros seguidos. Ah, comprei uma Rolling Stone americana que tinha na capa Bono e uma entrevista com ele. Não peguei ainda para ler. Talvez na próxima viagem, de Sampa para Recife, eu leia. Estamos a 30 minutos do nosso penúltimo destino. Teremos que pegar as malas aqui e fazer um novo check-in pela Azul, talvez. Não sei. Sei que o trecho mais desgastante da viagem já é quase passado. Ainda bem. E ainda bem que foi tão bom. Não foi desgastante at all. Diria até que foi relaxante. O avião já está descendo.

9:37. O meu horário ainda não condiz com o local onde estou, pois São Paulo está em horário de verão, logo lá agora são 10:40. Bom, nos guiaremos pelos monitores do aeroporto. Minha mãe já terá acesso aos dados móveis de seu celular, eu creio. Eu não terei porque o chip do meu antigo celular não cabe no novo.

10:08. Aportamos. Estamos esperando o avião abrir as portas.

10:13. Começo a duvidar da sanidade da minha mãe. Estou preocupado. Ou sou eu a perder a razão, pois não entendi o que ela falou. Eu preciso fumar um cigarro, uns cigarros, desesperadamente.

12:09. Despachamos as malas. O último obstáculo é chegar ao terminal 1, tarefa para a qual precisamos pegar um ônibus. Ou da Azul ou o prateado do aeroporto. Estou mais tranquilo agora. Vi outro guri jogando Switch. Realmente é um fenômeno de vendas. E, pelo visto é um sistema que faz sucesso mais entre crianças. Os três Switches que eu vi durante minha peregrinação pelos aeroportos estavam nas mãos de guris. Exceto o meu. Hahaha. Estou representando os veteranos e engrossando a fila dos viajantes fãs da Nintendo. Não digo nada ver ainda outro antes de chegar em casa. Além do meu, óbvio. Passarei o tempo jogando Switch. Mas acho que vou mudar para o Mario. Aliás, nem sei. O Zelda passa mais tempo, apesar da frustração de morrer adoidado. A juventude feminina é muito bela, ai, ai... Há duas gatas sentadas próximas a mim, estão com uns coletes amarelos bem “cheguei” representando sei lá que empresa. Minha mãe foi comprar uma blusa. Diz não estar aguentando o calor. Espero que consiga achar o caminho de volta visto que quase se perdeu em sua primeira investida. Penso que deveria acompanhá-la, mas acho que ela precisa exercer sua autonomia. Não pode ficar desnorteada assim tão facilmente. E se ficar, precisa usar sua criatividade para me localizar. Coloquei o iPod, mas temendo que minha mãe se perca e chame por mim pelo sistema de som do aeroporto, o desliguei. Há mais duas gatas à minha direita também. Muito bonitinhas e apetitosas. Ai, ai, aí, ai... Mas vendo-as lembro da beleza singular da garota da noite e que vai ser a grande novidade da minha chegada ao Recife. Meu quarto-ilha, ah, como eu quero chegar logo a ele, ligar o ar, deixar gelar enquanto tomo um bom banho. Ligar o Switch e o computador e declarar a noite minha.

12:46. Minha mãe está demorando, isso me preocupa. Espero que esteja só sendo meticulosa na escolha das roupas. Espero não estar perdida por aí à minha procura. O pior é que com o celular sem chip ou Internet estou incomunicável.

13:09. Mamãe comprou a camisa, me encontrou, comprou um lanche do Bob's pra mim e agora escolhe a sua refeição árabe. Há jovens mulheres que já têm jeitão de senhoras. Essas não me atraem. Embora todas já tenham embutidas senhorinhas, numas isso é mais óbvio e me desagrada mais.

14:10. Já passamos pela segurança e estamos dentro da área de embarque. Não sabemos qual é o portão do voo porque ainda é muito cedo. Sei que agora só poderei fumar em Recife. Acho que vou jogar um pouco do Zeldinha aqui, o jogo em que muito ando e nada faço. Ô incompetência...

14:20. Minha mãe foi escovar os dentes. A última parte chata da viagem vai ser colocar as malas dentro do carro. Acho estranho quando a maioria das pessoas falam com um sotaque diferente do meu, como se dá aqui em São Paulo, imagina uma outra língua. Mais até o inglês que o alemão, acho que porque adquiri certa familiaridade com essa última depois de duas viagens. Bom, sem saco para escrever, vou tentar o Zeldinha.

15:01. Joguei o Zeldinha até agora e pouco produzi para variar e para variar isso não me incomodou, gosto de vagar a esmo pelo mundo e encontrar o que me aparecer pelo caminho. Tive um encontro deveras sui generis no game agora. Bem, agora não, desde ontem, só que dessa vez consegui derrotá-lo. Foi um pequeno progresso e me foi suficiente, visto que sou tão ruinzinho no jogo. Espero dormir bem muito nesse voo para ter a noite de volta no meu quarto-ilha para mim. Vou combinar com a minha mãe para comprar Cocas Zero para eu tomar hoje. Ela deixou. Uma, a priori, o que é mais do que suficiente por uma noite. Uêba, retorno em grande estilo. Hahaha. Zeldinha na TV, se conseguir ligar o meu novo filhote, Coquinha com muito gelo para alegrar a noite, jogando e esticando as ideias no computador. Ah, lembrei que há algumas horas, quando eu estava em outro país, que é o sonho do brasileiro médio, aquilo que o brasileiro médio foi incutido a acreditar que é o paraíso na terra, comprei uma Rolling Stone com Bono na capa. Preciso ler. Poderia rolar uma com Björk ou Robert Smith. Ou, na edição brasileira, uma com algum dos Hermano ou até a própria Malu. Vou dar uma folheada na revista.

16:58. Não cheguei à reportagem de Bono. Mas já cheguei à minha apertada cadeira no voo 4488 com destino a Recife. Enfim. Estou na janela. Mamãe está no meio e um rapaz até educado encabeça a fileira no corredor. Mamãe sugeriu pedir ao cara mexer na minha mala e localizar o Nintendo Switch. Se alguém pedisse para eu mexer na bagagem de um desconhecido, ficaria superempulhado e provavelmente me negaria a fazê-lo. Mas isso sou eu, cada cabeça é um inescrutável mundo. Espero que esses relatos cheguem até o Jornal do Profeta.

Minha mãe falou que meu irmão teve princípio de hipotermia, segundo o próprio, nas palavras dela, no dia em que ele decidiu ir e voltar de Boston no seu carro elétrico. Em teoria por causa da tempestade de neve do dia anterior. Segundo o comandante, o voo vai durar duas horas e meia. Tomara. A aeronave já se move na pista. Caiu um pequeno toró com relâmpagos enquanto esperávamos. Nada que comprometa o voo, eu espero.

17:38. Estamos mais uma vez no ar. A viagem está no fim do fim.





18:32. Peguei no sono. Dormi quase uma hora. Bom. Acho que o assento dessa aeronave é mais velho que o da anterior pois já me doem as ancas. Sem falar que é muito mais compacta. O lanche que foi dado também foi mais fuleiro, salgadinho com refrigerante, água ou cerveja. Bem brasileiro ao mesmo tempo. Hahaha. Quais as companhias que voei nessa volta? Os dois primeiros voos foram da United Airlines e este último em que faço o caminho inverso dos paus-de-arara e retorno ao Nordeste é da Azul. Nada contra, voo rápido, sai na urina. Dureza foi o de ida, num voo apertado e com a cadeira gasta como esse até os States. E ilhado e com o intestino chiando, como estou agora. Ozzy. Estou sentindo uma dormência muito estranha no local onde as pontas das unhas encontram as carnes dos dedos. Em ambas as mãos. Não sei se nos pés. Não tenho muita sensibilidade nos pés, pelo menos não tanto quanto tenho nas mãos. Não sei o que possa estar causando isso. A noite finalmente se faz no céu, que mesmo acima das nuvens vai sendo tomado de um azul chumbo e em breve será só escuridão. E os diminutos grupamentos luminosos de civilização lá no distante chão.

19:02. Em teoria o avião chegará em meia-hora a Recife. Some-se a isso mais uma hora para efetivamente chegarmos em casa e daqui a uma hora e meia, duas horas, estarei no meu quarto-ilha, depois de uma providencial ida ao banheiro. Tomara que haja papel higiênico no meu banheiro. Do jeito que o meu padrasto é, nem sei. Mas quem se aguentou até agora, é o mínimo.

19:10. A noite de fato é agora. Não fora as luzes da asa do avião e das cidades abaixo, seria tudo escuridão. A bateria do celular aguentou legal até agora. Está em 59%. Massa. Não coloquei nada de demandante, mas a última vez que o carreguei foi na terça à noite se não me engano. E acho que comecei a digitar isso ainda na casa do meu irmão. As contrações intestinais são muito desconfortáveis. Ozzy. Imagino uma mulher tendo contração para ter filho. Aliás, sequer posso imaginar. Sou um maricas perto de uma mãe. E estou muito perto da minha. Aproveitar para dar um beijo em quem tanto sacrifício fez por mim. É o mínimo que merece. Dei. Ela joga sudoku ao meu lado. É fera nisso. Reclamou agora que brasileiro tosse mais que americano durante voo. Vê se pode? Essa é a minha mãe. Putz, tirei o outro tênis Nike Airmax que acho que comprei um número menor. E vou ter que conviver com essa triste realidade até conseguir amaciá-lo ou desistir dele. As luzes dos cintos se acenderam, sinal de que estamos prestes a pousar. Acho que estamos perdendo altitude realmente. 19:30. Mais 10 ou 15 minutos e talvez estejamos desembarcando.

19:32. A aeromoça disse que era apenas porque estamos passando por uma área de instabilidade. Ledo engano da minha parte achando que íamos pousar. Se bem que já estamos a duas horas e meia no ar se não me engano. Meu irmão, se brincar vou no banheiro do aeroporto mesmo. Tá muito incômodo esse negócio. Não deveria ter pedido tantas Cocas. Minha bunda também dói. Nem tudo pode ser bonito nem tudo pode ser bacana. É a vida e conheço um sem número de maneiras de como ela poderia ser pior. Acho que me enganei nas contas, já são 19:43 e nada do avião aterrissar. Acho que vai ser de 20:30 mesmo. Ozzy. Que fuleiragem. Ou burrice minha. Devo ter calculado errado. Tanto pior para mim. Vou parar um pouco de escrever.

20:02. Não estou passando muito bem. O avião vai chegar só às 20:40. Ozzy. Ainda bem que não estou assim desde antes.

23h21. Estou devidamente instalado em casa, falta um bom banho e uma boa escovação dos dentes para me sentir inteiro de novo, mas aproveitei o gás e já liguei o meu filhote na TV. Agora a minha família está completa. Não quero outro filho nem tão cedo. Descobri também que digitar no celular com as luzes do avião apagadas no meio da turbulência me dá enjoo. Passei maus bocados no voo de Guarulhos para Recife e só relaxei quando fui ao meu banheiro da minha casinha. Hoje é dia de securar o Zelda, eu acho. Pois estou tão quebrado. Talvez tome um banho e vá dormir. Acabei de botar Camila Cabello para tocar. A música mais famosa. Não me diz nada de novo. E o que me diz não me agrada, é o mesmo que muitas outras fazem com um leve toque caribenho. Não sei a letra, pois não entendo. Pode ser que as letras sejam o diferencial. Bom, vou tomar banho. 22h35. Aliás, vou tomar um copo de Coca, fumar um cigarro e tomar banho. Hoje depois um longo e tenebroso inverno, literalmente, vou me entregar novamente ao onanismo. Então tem isso antes do banho também.


Repare no tamanho do Switch em relação aos outros consoles.
Pense em algo diminuto.


23h48. Fui fumar o cigarro e minha mãe veio me dizer para não fumar. Com ela de tetéu assim, fica difícil a parte do onanismo. Vou dar mais meia-horinha para me aventurar por tais searas. Ainda toca Camila Cabello, deixei rolando, mas realmente não faz a minha cabeça. Tenho uma série de recomendações da revista que comprei que só ouvirei amanhã. Fiquei impressionado em como a Rolling Stone brasileira, se ainda existe, tem uma impressão bem superior à americana. E costumava, pelo menos, ser muito mais volumosa. Acho que perceberam lá nos EUA que o público médio da revista está acostumado com matérias pequenas, no formato das de internet. O preço, infelizmente e mesmo sendo uma revista fina, achei caro, sete dólares.

0h05. Fiz tudo o que me propus a fazer antes do banho. Agora ao banho.

0h39. Tomei um longo banho. Eita, péra, preciso botar o boiler de novo na temperatura mais baixa que o meu padrasto gosta. Eu aumentei para tomar banho na temperatura que eu gosto.

0h41. Mudei para 41 graus (tomo com 46). E acho que não vou jogar nada hoje, estou muito cansado. E estou sem o meu Vaporfi aqui, está dentro de uma das malas e não vou mexer nelas sem mamãe por perto, senão vou ouvir o que não quero ouvir. Vou deixar que ela desarrume as malas do jeito dela, no tempo dela. Estou com a pele coçando. Acho que estou despelando do ressecamento do frio. É uma coceirinha gostosa danada de coçar.

1h32. A fome bateu forte e achei uma lasanha de presunto com queijo ao sugo da Sadia congelada. Não gosto muito dessas coisas congeladas, para mim a maioria tem gosto de alho puro, mas é o que tem e com a fome que estou vai descer bonito. Mais um pouco de comida estilo avião para fechar a viagem. Hahaha. Acho tão estranha comida de avião. A forma como vem entregue, os kits, a quantidade pouca, mas suficiente. Não sei, é estranho. A apresentação do prato, talvez. Tudo dentro de sacos plásticos. Bom, quem já viajou de avião há de convir que por mais esforço que se faça é totalmente o oposto de uma boa comida de panela. Também, é esperar demais de um negócio que está a não sei quantos mil pés de altitude, sem cozinha e sem espaço, oferecer algo mais que esses kits. E não colocam muita comida acho que para não gerar uma fila muito grande para o banheiro. Essa é a minha teoria. Meu pé inchou da viagem, outro sinal de que estou ficando velho, por isso o tênis estava tão apertado. Aliás, meus pés não estão bem, espero que saindo com eles de sandálias havaianas, livres de enclausuramento com meias e sapatos, eles gradativamente voltem ao normal. Vou lá checar a lasanha. Apitou.

1h59. Queimei minha boca toda comendo a lasanha quente. Não posso dizer que estava gostosa, nem posso dizer que estava ruim. Mas que deu saudade das lasanhas de papai, isso deu. Pena que essas não mais há ou haverá. A não ser que minha irmã da Alemanha tenha a receita e resolva reproduzir. Esse post está muito grande. Vou finalizar por aqui, afinal sou eu quem vai revisar esse negócio. Preciso urgentemente tirar o Vaporfi da mala. A todo instante fico o procurando para dar uma baforada. Vou fumar o digestivo, colocar o último copo de Coca Zero e me preparar para dormir. 2h03.

2h38. Joguei um pouquinho de Zelda e estou num lugar mais movimentado, digamos assim. Tanto que morri. Hahaha. Mas amanhã com paciência conquistarei as três coisas que tenho para fazer lá. Vou até anotar para não esquecer, tower, shrine e falar com um certo alguém. São três coisas muito úteis no jogo. Difícil é sobreviver aos inimigos no meio dos caminhos. Mas, preciso sentir que progredi um pouco mais, não posso só ficar de rolé no jogo. Agora é sério, vou dormir. Mas não estou com sono. Durmo ou não durmo? Vou fazer uni-duni-tê. Caiu no eu não durmo. Mas vou dormir. Vou só dar uma sacada na Web e me retirar.


3h05. O Skeletor que botei para vender está com 14 observadores, mas só um deu o lance mínimo até agora. Geralmente os lances só são dados nos últimos momentos do leilão. Se conseguir tirar 300 dólares da figura, já está de bom tamanho. Foi o que prometi a minha mãe conseguir. Mas parece que está de rosca vender as estátuas hoje em dia. Ozzy. Pelo menos já está vendida por 300 bruto, no líquido eu perco dinheiro para o eBay, para o PayPal e para pagar o frete. Então precisaria de mais lances para realmente ter o valor líquido de 300 dólares. É torcer para que mais gente aposte no leilão.

Invocado, né? O que não faço pelo Switch e pelo Hulk...

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