segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

OUTRO POST INICIADO PELO CELULAR

Estou na casa dos meus avós maternos. Meu avô, que tem teoricamente Alzheimer, está com fone de ouvido assistindo um jogo muito ruim na TV. Me sinto cumprindo uma nobre missão vindo aqui.

Minha mãe conversando com vovó me desconcentra. Novidades sobre minha irmã, que começou a trabalhar coincidentemente quando sua filha ficou doente. O sogro da minha irmã veio da Áustria para cuidar dos netos na Alemanha. De ônibus. Isso é que é um sogrão nota dez. Minha irmã teve muita sorte na escolha do marido e ganhou uma família maravilhosa por consequência. Ela não volta para o Brasil. Nem a pau. Posso até queimar a língua, mas como as coisas se afiguram hoje ela está bem e bem aclimatada lá. E se sente cada vez pior aqui no Brasil, onde a falta de civilidade impera. A bateria do celular já chiou e o jantar já está na mesa. Vou ficando por aqui. Continuo em casa.

Estão finalizando o jantar, aproveito essa brecha para escrever mais um pouquinho. Parece que vovô está comendo demais. Mamãe está dando uma dura nele. Descobri outra coisa que preenche tempo com quase nada, como este blog: o programa do Faustão. É incrível como é vazio de conteúdo. Vixe, só me lembra internação. Odeio Faustão. Como odeio internação. É chato e vazio. Não entendo como está no ar há tanto tempo. Já ouvi dizer que ele compra o espaço da Globo e veicula o que quiser, recebendo a grana dos comerciais tanto dentro do programa quanto nos intervalos. Mas acho que é lenda. Outra que me lembra internação é Ana Maria Braga. Não tenho nada contra ela, mas era o programa que começava após o café da manhã do Manicômio. Quando recebíamos os cigarros e começava o pede-pede de góias e a deprimente sensação de que o dia havia apenas começado. Estamos de saída. Continuo em casa.

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20h17. Meu padrasto me chamou para assistir “Inferno” com ele e mamãe e eu, muito antissocialmente como me é de costume, declinei do convite alegando estar muito imerso no videogame. Peguei mais duas bandeiras, me frustrei na fase que tem que acender umas tochas nuns lugares muito ozzies e desliguei o Wii U vindo ter aqui. Ouvindo Nova Brasil FM na ida e vinda de Boa Viagem de carro com mamãe percebi uma nova tendência no filão da nova MPB, duetos de vozes femininas e masculinas, ouvi nada menos que três, nesses trajetos. Fernanda Takai com Samuel Rosa, Zélia Duncan com o cara do Capital Inicial e Zeca Baleiro com alguém que não reconheci ou conheço. Antes disso, lembro que “Temporal” de Sandy também foi gravada em dueto e antes dela, como iniciador da tendência, tivemos Caetano com Maria Gadú, que gravaram um disco inteiro em parceria. O mercado está difícil para os MPBistas com a onda da suingueira, technobrega, forró eletrônico e sei lá mais como é que chamam as novas músicas que dominam a cena musical tupiniquim. Então, se uma coisa funciona com um artista os demais seguem o filão. Não tenho nada contra, é o ganha-pão deles. Só me chamou a atenção a quantidade de duetos sendo feitos ultimamente.

20h31. Fui pegar Coca. Para não parecer muito antissocial demais, parei e dei uma olhada no filme. Acho que o assistirei depois. Ou não. Poderia me juntar a eles agora. Mas aí não daria tempo de escrever, pois o filme vai acabar por volta das 22h30, hora que mamãe vai querer que eu durma. Passou uma música de Lulu Santos no rádio que me sugeriu uma dica para dizer a X se ela vier perguntar da confusão. É um verso da música em questão, que não sei o nome (acabei de descobrir no Google, como espero que ela faça para descobrir a letra, chama-se “Apenas Mais Uma de Amor”). “Pode até parecer fraqueza” é o verso. Com esse verso – e o auxílio do Google, se necessário – ela decifra a charada. E aí, jogo tudo por água abaixo. Ou seja, ela se afastará de mim para sempre. Mas só falarei da confusão quando contar tudo o que tenho de contar a ela. Que nem sei mais o que há a se dizer a não ser da traição de V e fazer uma comparação dos gostos culturais. Filmes, músicas e livros e, quem sabe, HQs basicamente. Penso em ir com a camisa que pintei do Sai Dessa Noia amanhã para o CAPS. Não sei se tenho coragem, principalmente depois de uma noite de sono que faz todas as ideais da noite anterior parecerem ridículas. Vamos ver. Acredito que é uma camisa que vá usar bastante, pois gosto do questionamento que ela traz e que representa uma grande noia minha. Meu medo do eu que me torno. Um amor seria como que a salvação para mim, eu creio. Pois reaprenderia a arte da convivência, da intimidade, do toque, do afeto, da comunhão, do companheirismo, de uma relação de igual para igual. Mas parece que essa alternativa está fora de cogitação. Como pode um ser antissocial como eu me socializar com uma garota a ponto de conquistá-la? Não sei por que o Word insiste em tirar os acentos agudos dos verbos quando os emendo com um “-la” ou “-lo”? Depois, sublinha o verbo como se houvesse um erro de gramática.

0h37. Passei um tempo jogando videogame. Tentando passar de fases muito ozzies e tive muito pouco progresso. Aí a bateria do meu controle arreou e decidir que era hora de parar de jogar e me preparar para dormir, pois amanhã é dia de CAPS. Não sei se é dia de X, mas tenho que estar lá no primeiro horário. Por isso coloquei o controle para carregar no “charge dock”, para não ter perigo de eu tirar para jogar. Não estou com o mínimo sono. Dormi até praticamente duas da tarde hoje, então, para pegar no sono hoje vai ser dureza. A Coca está acabando. Quando acabar de fato, me deito e fico rolando até o sono chegar. Ah, vou fumar um cigarro de verdade! Agora. Uêba! E aproveitar e encher o copo de Coca.

0h50. Só deu para um copo a Coca que restava, enchi com bastante gelo para que renda o máximo possível. Coca de final de garrafa PET é o ó, sempre sem gás e, por isso, sem graça. O cigarro quase não satisfez minha vontade de fumar, se não tivesse que ser econômico no uso, fumaria outro. Mas tem o Vaporfi aqui para me quebrar o galho.

Meu avô sofre de algum tipo de demência, minha mãe está cada vez mais esquecida e eu também ando com esquecimentos. Acho quase inevitável desenvolver algum tipo de demência também. A carga genética é pesada. A minha bisavó materna, meu avô materno, minha avó paterna e talvez minha mãe sofrem ou sofreram desse mal e, pelos sintomas que já venho acusando, acho que não escapo deste triste fim. Pobre de quem for meu curador. Espero morrer antes disso. Mas não tão antes. Agora que gosto de viver, não tenho a mínima pressa em morrer. Mas também não faço nada para prolongar a minha estada aqui do lado de cima do solo. Poderia doar o meu cadáver para alguma escola de medicina, em vez de cremá-lo, como havia cogitado anteriormente. Não sei se a família concordará, mas tudo é possível. Tudo é possível menos X, eu acho. É, não consigo tirar a danadinha da cabeça e torço muito para que ela esteja no CAPS amanhã. Se não estiver vai ser bem brochante. Mas melhor do que se estiver e não vier falar comigo. Isso me partiria o coração. Mas é uma eventualidade totalmente passível de acontecer. Pode haver um outro usuário requerendo mais atenção do que eu. Ou sei lá, ela não estar disposta a ter comigo. Ou ela já ter percebido ou estar avisada da minha tendência a esse tipo de transferência com psicólogas. Tudo pode acontecer amanhã. Inclusive termos um bom papo. Sejamos otimistas, então. Espero que o fato de eu ter ouvido um monte de música do meu iPod não o tenha deixado com a bateria muito baixa e que ele sobreviva o dia inteiro amanhã. Ah, ainda tem o negócio da camisa do Sai Dessa Noia. Estou meio sem coragem de usá-la. Vamos ver como minha alma desperta em relação a isso. Precisarei acordar mais cedo para poder tomar banho. Estou sem a mínima coragem de fazê-lo hoje, agora. O frio do ar-condicionado me desanima da empreitada. Por outro lado, terei que acordar sensivelmente mais cedo para tomar banho. É uma situação perde-perde para mim. Mais escolho perder horas de sono. Pronto. Coloquei o despertador do celular para 7h. O que me dá menos de seis horas de sono. Mas tenho sono acumulado por ter dormido praticamente doze horas de ontem para hoje. Mas é bom acabar o post por aqui, por mais que a vontade seja continuar. Tenho é que me pôr como meta digitar os diários diariamente. A começar de amanhã. Senão não acabarei nunca. O pior é que percebo que me repito muito nos diários porque me esqueço do que já falei e digo de novo alguns dias depois. Espero que isso não seja muito recorrente. E que não seja de muitos assuntos. Espero também que ao abordar os mesmos temas de novo e de novo eu lance um novo olhar sobre eles. Adicione mais um detalhe ou coisa do gênero. Tomara (que eu acho que é a palavra que mais se repete no diário; intencionalmente, diga-se de passagem). Espero que ele não me desperte fissura também. Minha antiga paixão platônica, A, é bastante mencionada no diário se não me engano. Lembro agora que até a primeira carta da série que escreveria para ela está contida nos diários. Nossa, como queria que X se apaixonasse por mim. Como minha amiga do Facebook ontem sugeriu que era possível. Minha tia também sugeriu que Clementine era possível. As porra-loucas não sabem é de nada. Nunca dá certo para mim. Não deu com Clementine, não dará com X. É tudo devaneio como sempre. Só que admito que dessa vez eu sinto um certo grau de realidade na coisa toda. Acho que estou ficando é cada vez mais bobo. E burro. Minha mãe está me perguntando sobre eu ir para uma psicóloga do CAPS com insistência. Disse-lhe que não estou no momento de querer um(a) psicólogo(a). Ela parece ter entendido isso, mas volta e meia me pergunta novamente, como fez hoje no carro. Dei um não mais definitivo na ocasião, então espero que ela não me questione mais sobre o assunto por um bom tempo. Quando quiser ou achar válido ter terapia, eu entro de novo. Caraca, não tem nenhuma Coca-Cola nessa casa, isso é perturbador para mim. Acho que vou revisar e publicar esse texto e me deitar. Antes vou encher um copo d’água com muito gelo e fumar outro cigarro. Eu mereço às vezes um luxo a mais na vida, né? Até o CAPS amanhã. Visto que, em não havendo X, acho que ficarei digitando durante a aula de Ioga. É o meu novo subterfúgio antissocial. Escrever no blog enquanto estou no meio dos meus amigos. Isso é mal, preciso acabar com essa mania. Bem, à revisão.

Acabei. 1h50.

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