quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

EIS QUE SURGE A X DA QUESTÃO

Acho que estou fazendo o que sempre faço: transferências afetivas para pessoas impossíveis. Agora calhei de me encantar por uma estagiária do CAPS, a qual chamarei apenas de “X”. Não sei por que, X aparenta também me dar atenção especial. Disse a ela que estava com uma certa “confusão” na cabeça, mas não levei o assunto adiante, deixei para lá. Obviamente, minha confusão diz respeito aos meus sentimentos por ela. É algo ainda embrionário, mas que tem tudo para se transformar em uma paixão. Ou paixonite. Quando a vejo conversando, dando atenção a outro alguém sinto uma coisa estranha que se fosse nomear só me haveria uma palavra: ciumezinho. No diminutivo mesmo. Não é nenhum sentimento proustiano e não sou dado a ciúmes com as minhas parceiras, a não ser que queiram fazer intencionalmente (como V. fez várias vezes comigo, quando só sobravam escombros da nossa relação). Enfim, preferiria mil vezes que X estivesse me dando atenção e não a outro. E o interessante é que depois de nossos olhares se cruzarem algumas vezes, ela vem para mim. Gostaria de pensar que ela também nutre certo encantamento pela minha pessoa, mas isso é uma conjectura que beira o absurdo. Beira, mas não ultrapassa. Talvez seja um interesse terapêutico especial o que ela sinta, ou aprecie de alguma forma a minha companhia. Ou ainda, me vendo só e isolado e tendo eu falado do meu problema de socialização, ela venha me dar o suporte necessário de um ombro amigo, de uma companhia. Não sei. Sei que ela fez comentários inclusive sobre a sua percepção sobre o assédio masculino, quando mencionei que deve ser um horror ser mulher durante o carnaval e ela confessou que o assédio é todo dia o dia todo. Pobre das mulheres, que não têm trégua em momento nenhum quando estão em público. Pobre de X que até no seu estágio de faculdade encontra alguém como eu que secretamente nutre uma empatia superior à normal por ela. Há um desejo por ela da minha parte. Como disse, ainda embrionário, mas que já toma feições de carinho de fato. É a tal da transferência do ser amado para o terapeuta que aos poucos vai se consolidando em mim. Não sei onde isso vai dar. Mas creio que não vá dar em boa coisa. É melhor continuar fingindo ou ocultando esta empatia superior pois não quero comprometer o seu estágio ou a nossa relação usuário-terapeuta, que tem sido tão boa e construtiva. Espero que construtiva para ela, pois para mim está construindo algo que não cabe nos papéis que exercemos um para o outro no CAPS. Isso é demasiado perigoso e se emergir, se eu der com a língua nos dentes, poderá afastá-la totalmente de mim. Ela provavelmente vai me achar um coroa tarado e criar repúdio pela minha pessoa. Vou ter que ser ator como quando estou na fissura de cola. Não transparecer nada. O diabo nisso tudo é que nunca consegui não transparecer nada quando o assunto é do coração. Não devia nem estar escrevendo sobre isso, pois escrever só alimenta a fantasia sobre ela. Mas é fato inegável que namoraria uma garota como X. Eu só não sei na parte do sexo como seria, com minha libido tão baixa. Não que ela não seja extremamente atraente. Tem um belo corpo, mas esconde qualquer traço de erotismo no modo de se vestir. Não é uma pessoa sensual. Nem eu gosto de pessoas sensuais, pois de alguma forma me remetem à promiscuidade. O que nem sempre é verdade. Aliás, já tive provas de que não é sempre verdade, poucas, mas tive. As mulheres sensuais me intimidam. Esse erotismo transbordante é excitante, como era excitante e apetitosa a garota do laboratório onde fui coletar sangue. Ela sabia que era gata e se aproveitava ao máximo dessa condição no modo de andar, na maquiagem, enfim, como um todo. Ela queria ser observada e desejada. X não. Pelo contrário, eu diria, ela esconde quase que completamente seu erotismo. Acho que o próprio CAPS sugere que os profissionais não se vistam de modo insinuante para evitar confusões como esta que estou fazendo mesmo sem nenhuma insinuação por parte de X. Ela apenas vem senta e conversa comigo. Se muito, parece ter uma preferência especial por conversar com este que vos escreve. Esse pequeno detalhe, que provavelmente é ilusório, já me faz fantasiar que há um interesse recíproco entre nós. Se há, o interesse dela é meramente terapêutico enquanto o meu transcende esse viés e chega até a pessoa por trás da terapeuta. Em X em si. Como garota. Como mulher. Acredito que ela já se considere uma mulher. Embora uma jovem mulher. Mas mulher todavia. Jovens mulheres me amedrontam menos que mulheres mais vividas. E a juventude me atrai mais que a maturidade física. A maldição em mim está no fato de que parece que atraio mulheres mais velhas do que eu. Pelo menos houve duas mulheres maduras que percebi que estavam com um interesse maior em mim. Isso me gerou uma tremenda vergonha e não soube como me desvencilhar da situação, me esquivando como podia das supostas indiretas, sem conseguir, porém dar um basta à situação, acabando que saí pela tangente. Acredito que exista uma pessoa relativamente próxima, de dentro do meu círculo familiar mais amplo que nutre uma fantasia em relação a mim. Também eu dei cabimento. Quando bebia – bêbado eu sou foda – pedi para que ela fechasse os olhos para dar-lhe um selinho. Ela abriu os olhos antes da consumação do ato, mas acho que este episódio de alguma forma mexeu-lhe a cabeça e desde então sinto que esta pessoa tem um comportamento diferenciado em relação a mim. O que é deveras constrangedor. E uma das piores heranças das minhas bebedeiras. Posso também estar fantasiando o fascínio desta pessoa por mim, mas tenho uma forte convicção de que seja verdade e isto me deixa muito, mas muito empulhado mesmo. Me faz lembrar aquela frase famosa da raposa d’O Pequeno Príncipe: “você é responsável por quem você cativa”. Dessa vez fui foi irresponsável ao extremo. E é uma pessoa mais velha do que eu. Não sei como a coisa toda foi se dar, por que este impulso. Nem posso me lembrar, pois estava bêbado. Mas me lembro que ocorreu. E parece que deixou marcas no coração da jovem senhora. Espero com todas as forças que não. Que seja tudo uma paranoia da minha cabeça neurótica. Mas meu radar, que não é lá essas coisas, indica que tenho uma certa razão. Mas não quero falar sobre isso. Me envergonha e me faz sentir culpado. Prefiro voltar a X, que só faz me sentir culpado. Como queria que essa fantasia que se afigura em mim fosse recíproca. Ela não é a mais bonita das mulheres, mas tem seu charme e beleza. É uma simpatia. Acho que poderíamos ser bons companheiros um para o outro. Mas isso ainda é muito cedo para julgar. Mal a conheço, já ela me conhece quase por inteiro. Afinal o terapeuta escuta e o paciente fala. Essa é a norma. Esses são os papéis, via de regra. É muito raro um terapeuta falar de algo pessoal com um paciente. Existem exceções, há terapeutas mais abertos, geralmente os que são especializados em Arteterapia. Pelos menos foi assim com o anterior e é assim com a atual arteterapeuta do CAPS. Ela se reparte, como o anterior se repartia, com o grupo, se inserindo e diminuindo a barreira entre eles e os usuários. Acho uma prática salutar, posto que adoro ambos, o que foi e a que é. São pessoas fantásticas pelo que se deixam revelar. Não acho que X tenha o perfil de arteterapeuta, acho apenas que, talvez por ser verde, ela tenha se aberto um pouquinho comigo. Espero que aconteça mais vezes. Em verdade, anseio ardentemente por isso. Anseio ardentemente pela próxima vez em que sentaremos só nós dois para conversar. Sinto algo que quase posso chamar de saudade por ela. Isso não vai dar certo. Ou pode dar certo demais. Não sei. Mas temo que o pior vá acontecer. Principalmente se der com a língua nos dentes. E mencionei a maldita “confusão” e ainda prometi elaborar mais sobre o assunto. Talvez faça isso. Mas só depois de contar tudo sobre mim. Do mais belo ao mais feio. Para que ela tenha um retrato o mais completo possível de mim antes de me abandonar com a revelação da minha suposta paixonite. Não será um retrato de todo completo porque há coisas que não se diz nem para o próprio reflexo no espelho. Mas o máximo que tiver coragem de expor. Assim, terei mais tempo de companhia com ela antes que vá tudo por água abaixo e ela se distancie de mim por questões terapêuticas. Amanhã, como só tem o grupo do Manicômio para ir, vou tentar aproveitar e aparar a barba. Tanto por ela, quanto pelo final de semana que se aproxima. Quem me dera eu pudesse dizer que é mais pelo final de semana... seria mais salutar, mas não seria verdade. Nem sei se ela estará no CAPS na sexta. Se não estiver vai ser um baita balde de água fria. Melhor preparar meu espírito para essa possível realidade. Ainda bem que os sentimentos ainda estão, como mencionei, em estado embrionário. Não estou loucamente apaixonado por X. Ainda. Espero não ficar. Minto. Espero que fiquemos apaixonados um pelo outro e que, após cerca de uma década, eu encontre novamente outro alguém. Ela é uma pessoa que posso admirar. Ela parece ser cuca-fresca. Ela poderia me mostrar um milhão de coisas novas; e eu a ela. Só falta ela gostar de Wesley Safadão e coisas do gênero. Aí vai ser um lado que vai ser meio inconciliável entre nós. Espero que não. Tomara que não, mas é um bom assunto para um papo: nossos gostos culturais. Seria ótimo se ela me desse abertura para conversarmos sobre isso. Não é impossível, só bastante difícil. Mas não custa tentar. 17h09. Ouvi a voz do meu padrasto. Será que ele já chegou? Vou fechar a porta do meu quarto por precaução. Fui encher o copo de Coca e descobri que o gelo que D. Carmelita tirou está quase no final. Descobri também meu padrasto no banheiro que usa. Fechei a porta do meu quarto e botei o som para rolar. Pensei que estava o no do Radiohead no toca-CDs, mas está o “Under a Blood Red Sky” do U2, que nem estava a fim de ouvir, mas já que começou, entrei no embalo e vou ouvi-lo até o fim. Depois, em vez do novo do Radiohead, vou colocar um antigo do Radiohead, o “Kid A”. Já separei. Como deveria aprender a separar as coisas em relação a X. Estou começando a ter vontade de jogar Super Mario e ao mesmo tempo de tirar um cochilo. Mas já está tarde demais para um cochilo. Ela não é bonita, X, digo, é uma garota normal, nem horrorosa, nem linda. Para ser sincero, eu a acho bonita. E acho o conjunto muito harmônico. Acho seu corpo bem bonito. Ela é baixinha, como eu sou e tem cabelos muito finos, eu acho. Preciso reparar melhor, mas essa foi a impressão que ficou. Preciso perder esse bucho para me tornar mais atraente para ela e para o mundo. Ela sem dúvida é uma motivadora para que eu entre numa dieta somaliana leve mais intensa. O que só me trará benefícios. Perder o bucho é um sonho antigo. Já cheguei a cogitar lipoaspiração com meu tio cirurgião plástico, mas acho que tenho que perder na tora mesmo. Vamos ver o poder que X tem sobre os meus hábitos alimentares. Ela não é supergata (nossa como sou apegado a padrões estéticos! Ouxe!), não me chamaria atenção numa night, mas com meu olhar tendencioso, vejo encanto nela. Não sei o que diria a seus pais sobre o meu trabalho, caso namorássemos. Com certeza a verdade, de que sou um pensionista. Seria chocante, mas não mentiria sobre a minha condição profissional. A quem estou querendo enganar, senão a mim mesmo, quando contei da minha condição profissional, eu devo ter chocado até ela e eliminado qualquer traço de interesse que pudesse haver dela no homem que sou. Sei lá. O amor é capaz de abrandar certas coisas e ressaltar outras. Quem sabe isso não se dê nesse caso? Cada vez isso me parece mais fantasioso. Quando rememoro o que já contei a ela, se torna óbvio que ela não poderia se interessar pelo personagem que pinto de mim. Quem gostaria de ter um adicto, fracassado profissionalmente, com transtorno bipolar que coleciona bonecos e joga videogame, além de ser feio, gordo e desleixado? Não me parece ser exatamente a descrição do par desejável por uma mulher. Ainda mais um cara que não pode casar, votar ou dirigir. E sei lá que outras restrições eu tenho. Um cara que com 40 anos na cara, vive com a mamãe. Quem se interessaria por um cara assim? É, talvez só uma psicóloga com a mente muito aberta. Bom, o amor nasce das situações mais inusitadas. Mas acho que, no meu caso, eu seja inusitado demais. Negativamente inusitado. E os papéis que desempenhamos em nosso convívio social são algo que certamente gera um impedimento de força maior que ambos. Ou seja, tudo pura e vã ilusão. Não sei por que me incomoda ouvir a voz do meu padrasto. Não tenho nada contra ele, aliás admiro tudo o que vem fazendo pela minha mãe desde que ela começou o tratamento contra o câncer. Temos uma relação cordial eu e ele. Amigável até. Mas me incomoda ouvir sua voz. Talvez seja por causa do Vaporfi. Não sei se pelo tom geralmente agressivo, autoritário, doutrinário de sua voz (na minha opinião, claro). Não sei. Sei que ele me pediu para achar “La La Land” para baixar, mas minha busca foi infrutífera. Espero que ele e mamãe não achem que procurei de malgrado, mas fiz o meu melhor, até o meu browser abrir uma tela da qual não consegui mais sair, tanto é que tive de fechar o Chrome pelo Gerenciador de Tarefas e não pude reabrir as guias que estava visualizando para não carregar o link maldito a que essa busca pelo musical me levou. Estou meio apreensivo de comunicar isso a eles. Mas terei de fazê-lo e acrescentar que só baixo torrents do site em que eu confio, de nenhum outro lugar na internet. Pobre X. Se soubesse das intensões e inclinações que vão em meu peito em relação a ela, provavelmente se afastaria de mim. E seu nome ainda é bonito. E já disse aqui inúmeras vezes o quanto o nome de uma garota faz diferença para mim. E há outro porém que nem chegara a cogitar: e se ela for uma pessoa totalmente outra daquilo que se me apresenta no CAPS quando fora dele? Isso seria chocante. Não acho que seja o caso. Mas todas as possibilidades são, como dizer?... Possíveis. 17h59. “Kid A” é um disco bem melhor que “Moon Shaped Pool”. Ainda não haviam diluído tanto o som quanto agora. Para mim, é muito mais agradável esse Radiohead de outrora que o de agora. E acho que ouvi “Moon Shaped Pool” muito mais vezes que “Kid A”, então não é uma questão de intimidade com o disco. Fosse assim, o novo me pareceria melhor. Vou encher outro copo de Coca e ver se o gelo não derreteu todo já. Sinto uma quase saudade de X. Queria muito vê-la o mais breve possível. Acho que isso já é saudade, né não? Tô ferrado. Para desconstruir este castelo de areia vai ser o caos. Possivelmente para ela também. Vou pegar Coca.

18h08. Grata surpresa, ainda havia gelo suficiente para exatamente mais um copo! Tomara que o destino me reserve gratas surpresas em relação a X também! (Vai sonhando, imbecil...)

Detesto quando o meu superego tirânico tolhe os meus sonhos. Mas este sonho é bem mais possível que o anterior, que não sei mais se subsiste ou não, visto que X o obscureceu com sua presença mais palpável, mais plausível, o sonho anterior. Para você ver a implausibilidade do outro! Como disse a X hoje, meu coração se acostumou às paixões platônicas. Mal sabe ela que está se tornando a mais nova delas. Ou sabe, suspeita, sei lá. Espero que não. Senão se afastará de mim como o diabo da cruz. Porra, no “Kid A” ainda dava para escutar guitarras em primeiro plano! E olhe que é um disco bem mais experimental que “Ok Computer”. Está me dando vontade de jogar Super Mario de novo. Se trocaria o meu Wii U por um namoro com X? Caramba, é como me pôr entre a cruz e a espada. Certamente trocaria horas de jogo, por horas privando da companhia de X, mas daí a me desfazer completamente do Wii U enquanto ainda estou apaixonado por ele e só joguei um jogo dos que adquiri? Tendo ainda tanta coisa boa para jogar? É pedir demais. Talvez me desfizesse do PS3 por causa dela. Mas de toda sorte, qualquer privação dos meus filhinhos seria injusta e infundada. Que pergunta idiota a para se fazer a si mesmo. Eu, hein? Putz! Novamente não liguei para Maria. Preciso fazer isso amanhã. Hoje cheguei muito tarde e tão cheio de X na cabeça que acabei esquecendo da minha amada babá. Acho que já está tarde para ligar. Ela deve estar assistindo a novela das 19h, como me disse que fazia. Não quero interrompê-la e acredito que depois já se prepare para dormir. Ou mesmo minha amada tia, que é o canal de conexão com Maria, através de seu celular, pode já ter ido dormir, posto que dorme cedo devido à frágil condição de saúde em que se encontra e contra a qual luta ferozmente há mais de uma década. Não é a primeira vez que menciono o intervalo de uma década nesse texto. Primeiro, são meus anos de solidão. Segundo, agora sobre a minha tia. Estou ficando velho. Décadas não me parecem mais um tempo tão gigantesco assim. Por sinal, acredito que quase duas décadas me separam de X em termos de idade. É um grande obstáculo que não havia considerado com a devida gravidade. Ela não deve ter mais de 24. Eu tenho quase 40. Tenho 40, posto que completo essa nefasta idade daqui a poucos meses. 18h30. Vou jogar um pouco de Super Mario. Acho que este assunto de X já deu o que render por hoje. Estou quase saturado dele, o que é bom. É bom que enjoe dela, para o bem dos dois. Se tiver algo que ainda queira expelir de mim, volto aqui. Agora, vou tentar pegar estrelas e carimbos num mundo dificílimo e fantástico, ou seja, sair de uma fantasia para entrar em outra. Homem das fantasias que se despe de quase todas aqui.

19h49. Consegui pegar algumas estrelas e carimbos (sem usar o “White Tanooki suit”!), mas estava muito difícil ou eu sem paciência de jogar e acabei dando uma pausa. A idéia de X ter algum interesse por mim agora que me distanciei do assunto me parece realmente absurda. Fato é que ela vem me acolher sempre que me vê sozinho. Por que faz isso, não sei. Que isso quer dizer que tenha algum interesse em mim como homem, duvido. Se ela continuar com esse padrão de acolhimento, provavelmente vou continuar alimentando essa fantasia, o que não é ruim para mim, muito embora também não me pareça real. No nosso próximo encontro, caso haja, contarei da minha traição a V. Se bem que o tópico cultural seria para mim muito mais útil e interessante para procurar pontos de convergência nos nossos universos particulares. Mas o tórrido romance de não mais que quinze dias que tive com uma amiga de infância é um fato relevante para que X perceba que não sou nenhum santinho. Também falhei miseravelmente nos relacionamentos. Ou no relacionamento específico com V. Falhei também no relacionamento com a Gatinha, mas isso já contei hoje. De toda forma, exceto pelo romance tórrido, findado pelo curto tempo de permanência da minha amiga paulista em solo nordestino, todos os meus relacionamentos acabaram comigo levando um pé na bunda. Por um motivo ou outro. Como disse a X, não me arrependo de nenhum, entretanto. Acho e acredito que morrerei achando que amar vale a pena.

21h00. Não sei o que fazer. Não quero jogar no momento – bem, só um pouquinho – e também não quero escrever – bem, só um pouquinho também –. Uma coisa que quero de fato é ouvir “Kid A” de novo. Acho que gostaria de dormir, mas se dormir tão cedo é capaz de acordar no meio da madrugada e não mais conseguir pregar o olho. Se bem que 21h00 já não é mais tão cedo. Estou sentindo um negócio esquisito que não sei divisar se é do organismo ou da alma. Não é uma sensação agradável. É um desconforto interior. O meu som é muito fuleiro, já está pulando o “Kid A” e o volume não está alto nem nada. O CD não tem arranhões, tocou perfeitamente da primeira vez. Isso é que dá comprar um som barato. Bonitinho, mas ordinário. Acabou que o som desistiu de tocar a primeira música – uma das que mais gosto – e pulou para a segunda. Saco. Descobri uma coisa que quero, eu que achava que já tinha tudo o que precisava na vida hoje pela manhã. Preciso comprar um novo som... antigo! Quero ir numa rua do centro da cidade que vende sons usados e comprar um da época em que os toca-CDs eram feitos para durar. Um som robusto. Gostaria de um com CD carrossel. Com capacidade para três CDs já estava de bom tamanho, mas perfeito mesmo seria o de cinco CDs. E umas caixas antigas. Daria o meu som como parte do pagamento. Se é que eles aceitariam, pois parece estranho que um cara chegue com um som novo e queira trocar por um velho. De qualquer forma não custa tentar. Posso dizer que o som não tem as entradas e saídas de áudio que eu gostaria, o que não deixa de ser uma verdade. O meu som serve mesmo para eu plugar o meu iPod e ouvi-lo amplificado. Para CDs é uma questão de sorte, é como se o som tivesse um temperamento próprio e às vezes quisesse tocar direitinho e às vezes não, o que é enervante, dada a quantidade de vezes que ele opta pelo não. Acho que vou tentar jogar um pouco de Super Mario. Só falta passar de uma fase, que é superdifícil para fechar esse mundo. Claro que ainda faltam pegar estrelas e carimbos em algumas fases, mas não estou com saco de revisitá-las agora. Prefiro o novo hardcore que o já trilhado hardcore. Pois, se não peguei os carimbos e estrelas foi porque eles são de dificílimo acesso. Me deu uma vontade de começar a jogar Mario Kart 8, mas não posso, senão “esfrio” no Super Mario e aí é que não pego nada mesmo. E pensar que ainda faltam mais três mundos, cada um mais difícil que o outro e que para chegar ao último mundo, eu preciso ter todas as estrelas, todos os carimbos e pular na parte mais alta da haste da bandeira em todas as fases. Acredito que esse mundo eu nunca verei. Principalmente pela parte das hastes. Bom, quem sabe? Acho que é mais fácil X se apaixonar por mim e eu por ela! Hahahahahaha. Rindo para não chorar. Por sinal faz tempo que não assisto um filme que me faça chorar. Filmes são uma das únicas coisas que me fazem chorar.

22h38. Com o auxílio do power up dos covardes eu consegui passar a fase dificílima e depois consegui passar por ela de novo sem usar desse expediente, mas isso de nada me ajudou porque não consegui, mesmo assim, pegar o lugar mais alto do mastro da bandeira que demarca o final da fase. Pense numa frustração. Deveria ter escolhido a princesa que plana no ar. Aí talvez tivesse alguma chance. Ou pegado o power up do gatinho que sobre pelo mastro com suas garras afiadas. Ainda não me dei por vencido.


23h33. Vou comer e dormir, já está tarde demais. Já revisei porcamente este post (muito repetitivo, por sinal) e vai assim mesmo. 

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