sábado, 18 de fevereiro de 2017

NADA DE X

Não vi X hoje, ai, ai... é uma pena. Pensar que só a verei na quarta parece uma eternidade. Farei minha anamnese complementar, digamos, do momento em que saí daqui até o momento em que retorno. Não sei se abordarei a questão de X, mas provavelmente falarei que trago em mim uma paixão platônica. Ah, são 11:36 e escrevo do celular no horário do segundo grupo. O primeiro foi o principal grupo AD da semana. Falamos muito porque éramos só três e o último a falar, o mais calado de todos soltou o verbo o que, segundo o próprio, fez bem. Botar para fora. Acho que minha mãe precisa de um espaço assim. Acredito que faria um bem a ela que ela sequer pode imaginar, visto que nunca teve tal espaço. Estou me sentindo meio deslocado porque só há eu e mais outro fora das oficinas. Mas escondido no meu mundinho particular - celular e iPod - estou bem, como numa bolha, isolado do mundão. Não estava disposto a ir à oficina "tecendo fios" para escutar depoimentos de extrema miséria humana, muito menos para a de dança, não gosto de movimentos e toques e não sei dançar. Talvez vá um dia em que X vá, mas mesmo assim acho improvável. Só se tivesse a certeza de que haveria formação de pares e ela fosse o meu. Como disse, improvável. Há mais uma fora dos grupos. Isso é bom, me faz sentir menos transgressor. A série "Black Mirror" ficou na minha cabeça. Não um episódio específico, mas a ideia geral dos reveses distópicos aos quais as tecnologias de hoje poderiam nos levar.

14h33. Já estou em casa. Além da anamnese, que foi uma experiência interessante, onde ficou claro que a minha falta de interação social é o problema de maior relevância para mim nesse exato momento e onde também deixei claro que sou “alérgico a obrigações”. Além disso, conversei com o estagiário de psicologia acerca de diversos assuntos da minha vida, com um foco especial na morte do meu pai, acho que ele deve ter ficado surpreso com a frieza com que tratei desse assunto. Se me posto assim é porque aprendi isso com meu pai. Acho que foi com ele que aprendi a encarar a morte com frieza. Ou já era algo que havia dentro de mim. A morte é uma etapa inevitável da vida, indesejada das gentes, é certo (pelo menos da maioria). A mim não cheira nem fede. Me choca a priori saber da morte de alguém, mas passado o choque, não consigo me comover muito com a perda da convivência daquela pessoa. Acho em uma palavra, que ela foi desta para uma melhor. Fim do sofrimento da condição humana. Acho que talvez porque secretamente ainda a deseje, por mais que aparentemente nunca tenha gostado tanto da vida. Se ela me viesse indolor como uma anestesia não me faria muita falta o que me resta viver. Mas, ao contrário de tempos passados, quando eu pensava que se para morrer fosse necessário só apertar um botão eu o faria sem titubear, hoje eu não apertaria o botão de jeito nenhum. Em primeiro lugar por causa de X, pelo menos é ela que primeiro me vem à cabeça como pulsão de vida, em segundo lugar, os jogos que tenho para jogar, o que é algo bastante pobre eu sei, mas que me motiva a querer presenciar o meu futuro. Se fosse pensar num terceiro lugar, eu diria que a minha vida como um todo está boa, gostosa de se viver. É uma boa fase para ser eu agora. Principalmente porque tenho poucas obrigações e, por conseguinte, poucas responsabilidades. A minha vida está livre, leve e solta, na medida em que é possível a uma vida igual à minha, com uma mãe igual à minha, ser. Não reclamo do controle da minha mãe, se não o tivesse, talvez estivesse cheirando cola, símbolo maior da liberdade individual para mim. Cola é libertação e fuga do vazio existencial. É o êxtase supremo. É também, infelizmente, apenas uma fábrica de apagões hoje para mim. E é nesta última parte que eu tenho que me focar se quero me manter limpo. Nisso e no medo de magoar minha mãe e no inevitável internamento à minha revelia, posto que parece que perco para a minha mãe e meu padrasto o resto dos direitos humanos que me sobraram com a curatela quando recaio. Não tenho nem direito de questionar. Aliás, nem questiono. Apenas aceito como um cordeirinho (preto) a minha sentença e punição. Sim, porque não tenho certeza que querem com a internação preservar a minha vida ou a minha integridade física. Acho que há no ato algo de retaliação, de vingança pelo transtorno causado. Acredito, mudando completamente de assunto, que os remédios que tomo contribuem deveras para o meu estado de humor pró-vida, digamos assim. Eles e, sem a menor sombra de dúvida o alívio da pensão. A pensão foi simplesmente a coisa mais maravilhosa que já me aconteceu. Foi o que me tirou do inferno maior, que aliviou o peso gigantesco em minhas costas, que me libertou dos grilhões do labor, do esgotamento mental e criativo, da causa maior da minha depressão. A pensão foi provavelmente o acontecimento mais importante da minha vida e por essa bênção, serei eternamente grato, não sei bem a quem ou a quê. Mas a gratidão é enorme. E a sensação de alívio proporcionada pela pensão não esmorece. Toda vez que penso nela, uma enorme sensação de bem-estar toma conta de mim. Não vejo, entretanto, a pensão como uma motivador pró-vida, vejo ela mais como uma geradora de um sentimento de não-morte. Ou seja, ela não me dá mais vontade de viver mas remove a vontade de morrer. X me dá vontade de viver. Meu Wii U me dá vontade de viver. Minha coleção de games, por outro lado, me intimida, não devia ter tantos jogos a ponto de ser acachapante escolher o que jogar. Falo principalmente da minha coleção de PS3. Em uma palavra, a minha coleção de games me deixa desconfortável. Mas me sinto na obrigação de, pelo menos uma vez, jogar cada um deles, mesmo que não passe do começo, mas experimentá-los todos. E por ser alérgico a obrigações, isso me incomoda porque vejo jogá-los quase como um trabalho a ser feito. E são tantos, tantos e tão grandes, que a tarefa se mostra enorme. Levarei anos para poder zerar todos eles, se todos eles merecerem tal empreendimento de vontade e esforço. E as bonecas e bonecos que coleciono agora que parei de comprá-los, às vezes sinto vontade que desaparecessem todos, pois já tenho coisas demais. Espero que este sentimento mude quando tiver o quarto preparado para recebê-los e exibi-los. Penso que se desaparecessem eu não sentiria falta, mas ao olhar para eles – ou suas caixas – sinto ainda forte apego pelas figuras. É um sentimento dicotômico. Alguns deles estão comigo há mais de dez anos. Um vínculo afetivo se fez com eles, o famoso valor sentimental. Para alguns, entretanto não dou a mínima, foram compras por impulso, sem pensar direito e desses me desfaria sem dor no coração. Mas não são muitos. Ou são? Melhor não pensar nisso. É uma futilidade que me confunde. 15h46. Botei meu iPod para tocar plugado ao meu toca-CDs, quero que ele descarregue para que possa recarregá-lo e tê-lo com bateria cheia para amanhã. Amanhã. Dia do Sai Dessa Noia. Um grande dia para mim. Um dia muito feliz e ansiado nos anos anteriores hoje se afigura a mim como um terrível desafio social. Sei que estou sendo hiperbólico nessa colocação, mas não muito. Confesso que estou intimidado com a realidade de amanhã, da qual me prometi não fugir, visto que poderia evitar todo e qualquer contato social ficando em casa. Mas isso eu não farei, até porque acho que estou fazendo uma tormenta num copo d’água. Será divertido, tenho muita convicção disso. E o gelo será quebrado, se gelo houver para se quebrar logo no início das interações. Esta é uma oportunidade para estreitar laços sociais que se encontram frouxos pelo tempo. E as cinzas do que foi meu pai continuarão guardadas no meu armário. Cinzas e ossos moídos, triturados. A memória é mais importante que o que está naquele saco. Mas o que está naquele saco tem um destino e eu preciso fazer com que esse destino seja cumprido. Há um principal complicador para isso: a neurose da minha mãe a respeito do meu uso de drogas. É nessas horas que eu tenho certeza que a omissão de certos fatos me beneficiaria. Não deveria ter aberto o jogo todo sobre as minhas desventuras pelo Rio Grande do Norte. Com isso minhas idas sozinho a Natal, Macau e Areias ficaram terminantemente proibidas. Até onde eu pude compreender. E agora após uma quase recaída é que esse assunto não deve ser trazido à baila mesmo. Acho que o negócio é esperar meu irmão chegar mesmo. Por falar nele, estava pensando em ligar para ele, bateu a saudade, mas fui apagar as conversas do meu WhatsApp e depois encher meu copo de Coca Zero e quando voltei, fiquei com vergonha de ligar. Tem algo de muito errado comigo. Vou ligar, meu irmão não morde. 16h19.

16h33. Tivemos um papo muito divertido e feliz. Ele me contou notícias boas e conversamos sobre séries e filmes. Se isso for algum indício do que me espera amanhã, terei um dia sensacional. Foi muito bom falar com ele. Amo demais o meu irmão. Além de admirá-lo sobrecomum. Ele é o meu ídolo. Se todos no mundo fossem iguais a ele, o mundo seria um lugar muito melhor, senão perfeito. Seria um mundo muito bom mesmo. É uma pena que não é assim. Estou com medo de viajar para visitar a minha irmã por causa dos vizinhos que se tornaram meus, digamos, amigos. Não queria interagir com eles. Não queria ir, uma viagem me é deveras intimidante nos dias atuais. Mas vamos por passos. Primeiro falei com meu irmão – e com a minha irmã ontem ou anteontem –, agora é focar no Sai Dessa Noia. Depois a gente pensa em viagem. Se é que vão mesmo, afinal depois da quimio, minha mãe tem mais 25 sessões de radioterapia para fazer.

16h47. Fui encher um frasquinho do líquido Vaporfi que estava quase seco com o líquido chinês já que quase não está dando para pegar com conta-gotas da garrafa do dito líquido; no frasquinho do Vaporfi fica mais fácil encher. Esqueci o que ia dizer. O que significa que não tinha muita importância para mim, provavelmente. Quando não me vem nada à cabeça, me vem X. Aí olho para o reflexo ridículo da minha pessoa na tela escura da TV e me dou conta que não tenho a mínima chance com ela. Ser abominável. Certamente eu tenho que melhorar minha autoestima se quiser conquistar alguém na vida. Quando estou com ela não me vejo como a figura refletida na TV. Me enxergo até interessante, não pela forma, mas pelo conteúdo. Viajo até que ela tem algum interesse em mim. Tudo indica que eu verei a minha outra paixão platônica no Sai Dessa Noia. Tudo indica mas há tantas mudanças de planos na vida dela que eu nem sei. Sei que o convite que faria a X para ir para o Sai Dessa Noia não houve porque ela não foi ao CAPS hoje. Também seria uma perda de tempo, ela não iria de jeito nenhum. Psicólogo encontrar com usuário? Fora de questão. A regra é clara. Relação estritamente profissional. Sou só eu que querendo pintar cores num filme em preto e branco. Idiota. A futura psicóloga que fez minha anamnese hoje reiterou que seria legal que eu fizesse terapia. Não estou ainda no momento de fazer. O que diria? Sou feio, gordo, velho e tenho o pau pequeno – embora dentro da média nacional – que se acha um canalha egoísta e infantilizado. Sou extremamente carente afetivamente e não gosto muito de sexo. Ah, e odeio obrigações e frustrações. Esta seria uma introdução bastante acurada da minha autopercepção. O que tenho de bom? Eu escrevo. Bem ou mal mas escrevo. É o que posso dizer de bom de mim. Minha poesia praticamente morreu. Minha criatividade para a ficção, então, estuporou-se em algum lugar do passado. Meu coração ainda é capaz de amar, mas é dado a paixões impossíveis. Minha birita é Coca Zero e eu gosto de fumar, especialmente Marlboro vermelho. Mas me contento a maior parte do tempo com cigarro eletrônico. Gosto de jogar videogames, mas já gostei mais. Muito embora nunca tenha tido tanto jogo bom na vida para jogar. Prefiro as balas ou jujubas de cereja ou morango. Tenho uma coleção de bonecos e bonecas. Sou alienado em quase todos os assuntos. Sei falar de mim e de videogame. E um pouco de bonecos. Por que diabos estou escrevendo isso? Que doideira deu em mim agora. Que perfil mais ridículo! Mas agora que a coisa está posta, posta ficará. Enquanto a Google existir e mantiver o Blogspot. Ou seja será embaraçoso por muitos anos ainda. Mas o que não é embaraçoso nesse blog? O bom é que sempre posso desativá-lo. Mas acredito que dificilmente farei isso. Quero que eu subsista à minha própria existência nesse mundo virtual. Mesmo que quase ninguém leia, alguns hão de esbarrar nesse recôndito cibernético pela própria característica do Blogspot de mostrar páginas aleatórias aos usuários. Se lerão, não sei, acho que não. Talvez uma em um milhão em um milênio. Dane-se. Esta é a minha obra, isto é o que sou. Quase tudo. Há ainda meu blog mais pessoal, que é só de mim para mim mesmo. Talvez, quando estiver perto de deixar esse plano espiritual, torne o outro público, quem sabe? Não fará muita diferença então. 17h39. Esse papo não está rendendo. Acho que vou tirar um cochilo antes de começar a maratona final de “Black Mirror”.

17h52. Desisti de dormir, senão vou dormir tarde e acordar tarde demais para o bloco amanhã. Estou tomando coragem para assistir “Black Mirror”. Sem saco de assistir agora. Aliás, quase disposto a assistir. Agora que me distanciei temporalmente da anamnese, parece que meus pensamentos voltaram a ser mais superficiais. Mas acredito que exista uma diferença entre pró-vida e não-morte. São como dois pontos distintos num espectro de pulsões vitais, cujos extremos seriam estar perdidamente apaixonado ou outro tipo de êxtase e pensamentos suicidas permanentes. Não quero nunca mais estar no lado negro, autodestrutivo do espectro mais do que quero estar no lado extremamente recompensador e prazeroso. Prefiro não sofrer a ter prazer, em uma palavra. Já sofri meu quinhão nesta vida, eu espero. Quando falo de sofrimento falo da natureza que rouba o sentido e a motivação de viver, que me faz ter ideia fixa em me matar. Não quero nunca mais me encontrar neste estado emocional e tenho muita convicção que com a pensão, a experiência e os remédios eu nunca mais volte a desejar morrer. A não ser no caso de uma dolorosa doença terminal. Gostaria muito que a eutanásia já tivesse sido legalizada nesse caso. Não há por que prolongar um sofrimento imenso que inevitavelmente levará à morte. Não para mim. O que há de bom para o indivíduo em se experimentar e prolongar esse tipo de existência tão devastadoramente negativa? Para que continuar sentindo sofrimento ininterrupto e crescente, dores excruciantes, incapacidade completa? Isso é vida? Isso é de fato viver? Prolongar uma tortura até seus estágios mais agudos e cruéis? Eu não quero isso para mim e gostaria muito que fosse outorgada a mim ou a minha família a liberdade, o direito, de abreviar o meu sofrimento, se for realmente o meu destino final sofrer dessa maneira. É desumano prolongar o sofrimento quando a morte é inevitável, apenas uma questão de (pouco) tempo. Melhor que termine logo para me libertar do instrumento de tortura em que se transformou meu corpo. Novamente divaguei por uma seara inesperada, porém pertinente. “Uma Palavra” de Chico. Esta música, como já disse reiteradas vezes, me dá fissura de escrever. Mudança radical para Strokes. Acho que está na hora de assistir “Black Mirror”. O sono está batendo em mim. Caramba, já vou na quarta página de Word. Por falar nisso, nunca mais digitei uma página sequer do meu diário. Ver se faço isso domingo. Droga, por um momento pensei que X iria segunda para o CAPS, o que não é o caso. Gostaria de saber por que ela não apareceu lá hoje. Espero que não tenha desistido do estágio. Não haveria por quê. Espero que não, pelo menos. Aliás, pelo muito. Perdê-la agora seria doloroso para mim. Seria uma reviravolta no enredo da minha vida que me desagradaria profundamente. “Ceremony” primeira versão do New Order. Amo essa música em todas as versões. Vou ver a letra na internet. Nunca entendi tudo.

19h03. Ainda não comecei a assistir “Black Mirror”, meu amigo Marinheiro entrou para falar comigo. E meu primo-irmão disse que não vai pro Sai Dessa Noia porque Os Barba vão sair mais cedo amanhã, por volta do meio-dia e ele quer estar lá. Penso em passar lá n’Os Barba para ver a galera e depois voltar pro Sai Dessa Noia onde está a outra parte da galera.

23h34. Acabei de ver todos os episódios de “Black Mirror”. Como disse trata de reveses plausíveis do futuro da tecnologia. Alguns episódios são melhores que outros. Um me levou às lágrimas e foi um dos melhores na minha opinião. Mas há vários episódios muito interessantes, porém não vou dar spoilers aqui porque odeio spoilers. Aguardo uma possível nova temporada. Agora o caminho está livre para “Walking Dead”. Só há um dia de carnaval no meio do caminho, dia esse que começa já-já. Espero que X volte a aparecer no CAPS, preciso agradecer a ela por ter me motivado a assistir e seguir adiante com a série. Não acho que vá fazer o gênero da minha mãe e do meu padrasto, mas até menção à Singularidade é feita num dos episódios (não considero dizer isso um grande spoiler, pois é uma parte pequena e não diretamente relacionada com a história do episódio, foi posto mais como um “floreio” do roteirista, se posso chamar assim). Tão imerso eu fiquei no universo da série que achei estranho o ato de urinar. Eu nunca havia parado para pensar sobre urinar, mas ao perceber que meu corpo quer expelir líquido, não como o suor, que me parece mais natural, acho que porque mais frequente, mas torrencialmente, num jato, através do meu pênis. E pensar em por que a cor amarelada da urina e o fato de haver um dispositivo na minha casa – que graças a deus é beneficiada por saneamento ao contrário de muitas outras Brasil afora – específico para descarregar tais fluidos e se desfazer deles me deixou um tanto perplexo em quanto da nossa vida é curioso e o quanto disso nos passa despercebido por ser cotidiano. Ao quebrar meu elo com a realidade assistindo os episódios, isso de alguma maneira me deixou mais atento a ela, o que é um efeito colateral deveras interessante. Mas só me ocorreu esse choque de realidade com o ato de urinar, não me apercebi mais nada tão atentamente. Defecar é ainda mais estranho, mas não quero ultrapassar o limite da escatologia aqui. Mas é curioso porque uma tem tons do transparente ao amarelado, enquanto o outro geralmente se apresenta em tons de marrom. Por que não o contrário? A ciência deve ter uma resposta para todas essas questões fisiológicas idiotas que tenho preguiça de procurar no Wikipedia (até porque não me interesso realmente pelas respostas) só acho maravilhoso o funcionamento do corpo. E pensar que eu sou um sortudo espermatozoide que conseguiu fecundar um óvulo dentre milhões de espermatozoides e que minha linhagem sobreviveu desde a primeira célula viva até agora é nada menos que miraculoso. É uma pena que eu não vá dar continuidade à minha linhagem que vinha conseguindo passar de uma geração à próxima durante milhões de anos. Até nisso sou um fracassado. Logo na principal meta evolutiva que é transmitir o meu código genético adiante. É que não acho meu código genético válido. Bugs demais. Não quero um filho meu herdando todo o lixo que seu pai é. Eu passo. Eu acho. Nunca diga nunca é um dos meus lemas. Mas acho que já estou velho demais e não sei se teria paciência com a criança. Tenho medo de não sentir a afeição que os pais sentem pelos filhos. E desprezá-lo ou tratá-lo mal de alguma forma. De alguma forma fazer de sua vida uma vida miserável. Não sei se a mágica da paternidade me tocaria. Tenho muito medo que não. Mas, para a parceira eu seria um pai ideal, pois não trabalho, logo poderia cuidar da criança enquanto ela trabalha. Mas não quero nem pensar nisso que me dá calafrios na espinha. Só estou escrevendo besteiras. Vou parar por aqui. Eu acho. Deixa eu encher mais um copo de Coca para descobrir.

0h19. Aproveitei e comi um pouco de paçoca feita hoje à noite por mamãe. É incrível como a fome é o melhor tempero. Achei muito mais deliciosa agora do que quando comi mais cedo. Talvez os sabores dos ingredientes com o passar do tempo tenham se impregnado mais na farinha, a deixando mais saborosa. Sei lá. Estou com sono. Estou só esperando iPod descarregar para tê-lo plenamente recarregado amanhã de manhã. Ou melhor, mais tarde, pois o sábado já começou. Vou tentar revisar isso, mas com o sono e a preguiça que estou, não sei se conseguirei. Mas vamos à luta.

0h48. Revisei e o iPod ainda não acabou a bateria. Mas não deve estar longe. A vida está sendo maravilhosa para mim, apesar de alguns tropeços e da solidão. O pior é que a cada dia gosto mais da solidão. Com todos os confortos e regalias que disponho, claro. Não estaria muito feliz numa solitária de alguma prisão, sem computador ou internet, ou videogame, ou TV ou ar condicionado. A única prisão está na minha mente. Eu preciso me libertar da solitária em que me pus. Amanhã é uma grande oportunidade disso, espero. Estou realmente sem saco para escrever. Estou com os meus olhos ardendo, cometendo erros de digitação a torto e a direito. E X me vem. Por que logo ela, eu não sei. Acho que temos muitas coisas em comum. Vou pegar mais um copo de Coca e provavelmente acabar com o restinho de farinha láctea.

1h00. E nada do iPod descarregar. Que saco. Estou quase o colocando assim para carregar. Uma vez só não ofende muito. Senão me atraso para o bloco.

1h17. Descarregou finalmente. Boa noite.

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