sábado, 20 de outubro de 2012

Tebas hoje? Será?




15h41. Ouvindo Sandy. Nada demais na cabeça. Recomecei minha rotina de café e cigarros. Como supus no post passado, minha mãe me pegou acordado e ficou combinado que não haverá mais café à noite para moi myself. Novamente o peso das escolhas. Nesta casa é proibido ser notívago. A casa não é minha, logo tenho que me submeter. É uma troca justa, os ganhos superam muitíssimo as perdas. Abaixei o volume e Sandy não interrompe mais tanto os meus pensamentos. Só um pouquinho. Tenho saudades dos almoços na casa de Kilma, me sentia em um lar lá também. Lar-lá-ri-lá-lá. Estou pensando numa nova técnica para abordar as meninas na noite: levarei um bloquinho, escreverei um bilhete para elas e, se alguma se interessar que dê o segundo passo. Não consigo ver outra solução. Chegar chegando realmente não é a minha. O papel oferece a distância segura e as palavras me vêm com mais fluência do que no chegar chegando. Se for comprar a calça hoje para os 15 anos da minha prima, vou ver se compro um bloquinho de notas, destes que cabem no bolso, de espiral na horizontal.

Caso vá ao Tebas hoje com meu primo-irmão como ele planeja, será um bom teste para esta nova abordagem. Mas antes preciso convencer minha mãe a liberar a grana para a saída, pois já gastei R$ 20,00 ontem e hoje não sai por menos de R$ 40,00. Vou barganhar sugerindo que no final de semana que vem não saio. Vamos ver. Fumar e tomar café. 15h56.

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A tarde cai, não como um viaduto, mas como uma pluma a bailar no ar ao sabor do vento. Enquanto isso me indago em vez de achar soluções. Em verdade, soluções até tenho, coragem é o que me falta. A única vontade que me toma são destas palavras. Em breve estarei livre do manicômio e isto me assusta. Menos pela cola, mais pelo medo do ócio me causar angústia, embora seja o ócio o que busco. Tenho o plano da loja de camisetas no Facebook e de escrever o livro, mas tenho medo da minha própria covardia me impedir de levá-los adiante. Também estou bastante acostumado à vida de ócio no manicômio e, por mais repetitiva que ela seja, ela me agrada e me causa apreensão perdê-la. Tenho também muita apreensão em relação à superproteção da minha mãe, que nem ao menos deixa me deixa gerenciar as carteiras de cigarro para o final de semana, escondendo os maços em seu armário. Toda mudança dói pelo movimento do conforto para uma nova zona, um zona desconhecida. Mas espero que não haja muitas mudanças agora, que me deixem ficar aqui escrevendo sobre quase nada e publicando este quase nada para a humanidade. Tenho que escrever Algo, tenho que escrevê-lo a qualquer custo. Antes que tudo aconteça e eu perca a possibilidade de me sentir profeta. Profeta, que ridículo. Detesto esta dualidade entre a vontade da grandiosidade e o medo do escárnio. Na minha cabeça, caso Algo venha à luz, ambos os sentimentos serão despertados nos leitores. Isso se arrumar uma forma de publicar e se alguém ler, claro. O curioso é que sinto minha cabeça tão vazia de Algo agora, como se não tivesse realmente o que dizer. O conflito interno é grande e contínuo. Não fossem os ansiolíticos estaria sofrendo agora. Medicação faz milagres mesmo. Me fazem não ficar dilacerado e desesperado. Isso é tão bom. Não aguentava mais aquilo, por isso principalmente fugia para o casulo da cola (que, por sinal, deixou de me assombrar como me assombrava).

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Vi os joelhos de uma das terapeutas do manicômio (ela os mostrou a mim a guisa de me explicar um problema na rótula). Achei uma intimidade gostosa de saborear e me impressionou tal atitude por parte dela, uma confiança saudável. Achei bonitos os seus joelhos. Beber o final do café e pedir uma nova garrafa do líquido negro right away!.

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Café e cigarros consumidos, hora de fazer mais um post antes deste: mais clipes de Björk que você não pode deixar de ver!

2 comentários:

  1. E se você pudesse colocar o livro para vender on-line, de graça, que seria impresso individualmente a cada compra?

    http://www.clubedeautores.com.br/

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