Recife, 30 de novembro de 2016.
Faz muito tempo que não venho escrever aqui. Tenho me
dedicado muito mais à escrita de um outro blog que criei e que nada tem a ver
com este. Não faz tanto tempo assim, entretanto, que pego uma folha em branco
sem ter idéia do que vai sair. Escrevi o equivalente a dois cadernos de 10
matérias na munheca, com canetas Bic azul – sequei três e meia escrevendo – e
muita disposição. Minha intenção final é transcrever tudo para o Word, o que
será uma tarefa que me tomará uns seis meses, pois não pretendo fazer nem com
pressa, nem de uma forma estressante para mim, pois sou alérgico à estresse e
isso só me faria desistir da empreitada. Fazendo aos poucos, exercito minha disciplina
e autocontrole, coisas às quais eu sou moderadamente alérgico apenas. O sonho
final, se meu senso crítico estiver baixo o suficiente, é transformar o
material em um livro. Mas duvido que chegue tão longe. Tenho minhas dúvidas
quanto a digitar o treco todo, que dirá tansformá-lo no objeto livro com ISBN e
tudo o que tem direito? Além do que o livro feriria muitas sensibilidades e
provavelmente arruinaria com preciosas amizades que cultivo com o maior
carinho. Estes fatores são primordiais para que não publique o livro. É melhor
que certas verdades minhas permaneçam assim, só minhas. Não sei. Tenho mania de
me desobedecer, o que me leva a crer que nem digitar o texto se realizará.
Vamos ver. O texto é um diário, bem ao estilo do 10° Passo de NA (Narcóticos Anônimos),
onde reparto o que aconteceu de relevante e de irrelevante em dado dia. Ele
cobre um período de dois meses da minha vida que foram, digamos, peculiares.
Por isso, inclusive, foram escritos à mão. Só de pensar no trabalho que vai me
dar reescrever aquele monte de baboseiras já me desanima. Mas enquanto
escrevia, eu me prometi transformar tudo em formato digital. Então é o que
tentarei fazer. Não me prometi publicar pelos motivos acima mencionados. Mas o
desejo existe, quase como o desejo de usar ou de comprar um boneco que não
posso. Falando em bonecos, não, não vou falar sobre isso, já basta o que tenho
escrito sobre eles no outro blog; que talvez atinja a marca das cem mil
visualizações, coisa que este recanto nunca atingirá a não ser que a vida dê
muitas voltas. E o pior é que ela dá. O mundo gira e nós com ele, nesse balé
louco e meticulosamente preciso ao redor do Sol e, por extensão, da Via Láctea,
que deve ela mesma passear lentamente pelo Universo à medida que esse se
expande e que corpos atraem corpos. Menos o meu, que parece ungido de algum
repelente nesse sentido. Nada que me incomode muito. Nada que me incomode mais.
Já me acomodei quase que completamente à solidão. Uma companheira talvez viesse
baratinar toda a minha constelação de uma estrela só. Talvez a Dalva que, na
verdade é Marte e é de onde cada vez mais sinto que deveras sou. Enclausurado
no meu quarto, na minha caverna urbanoide que talvez seja reformulada agora no
ano que vem para acomodar a minha coleção de bonecos, HQs, CDs, DVDs, Games e
Coca-Colas. Duvido que haja paredes suficientes para todas estas coleções, pois
além disso, tenho roupas e me foi prometida a velha cama de casal, que
alegremente reparti por três ou quatro felizes anos com minha Gatinha, posta aqui
no quarto. Só que agora ela está com um colchão enorme e não dormirei mais tão
perto do chão, o que é bom para a velhice que se aproxima galopante (ano que
vem entro – e não saio, provavelmente – nos “enta”) e péssimo para a coleção de
bonecas, pois não posso coloca-las mais tão próximas da minha linha de visão
sob pena de acertar as prateleiras com cabeçadas sonolentas durante a noite.
Vamos ver. Parece que até uma arquiteta vai ser chamada – e isso se faz
extremamente necessário – pois não sei como solucionar o dilema dos bonecos,
cuja maior parte da coleção ainda se encontra nos EUA, no porão do meu irmão. O
que há aqui no quarto já o abarrota de coisas, não deixando espaço sequer para
mais nada. Tudo bem que estão ainda em suas caixas e isso torna o volume bem
maior, mas a maioria dos bonecos grandes está na casa do meu irmão. Ou ainda
nem chegou lá. Bom, o site tem as dimensões de todos os bonecos e isso servirá
para a arquiteta(o) fazer seus cálculos e usar sua criatividade para com que
tudo caiba – de forma visível a mim – nas estantes. Tudo isso levando em conta
ainda que tenho uma TV que não é pequena e uma gama de eletrônicos diversos a
serem conectados a ela, além de um som muito do fuleiro que “engasga” se o CD
tiver muitas músicas / minutos e “engasga” também sem motivo aparente. Mas
deixa tudo isso para lá. É futuro e quem vai quebrar a cabeça com isso não sou
eu, mas a pobre da arquiteta. Há crianças na casa, duas, um menino e uma menina
filhos da minha irmã que também cá está. Não interajo muito com eles porque são
pequenos demais ou porque não quero essa responsabilidade de cativá-los e me
ver obrigado a estar sempre presente. Mais chegarão em breve, pois meu irmão
também virá passar 3 semanas aqui na Veneza Brasileira com os seus.
Sagittarius