terça-feira, 7 de novembro de 2017

DOMINGO E SEGUNDA


16h59. Acabei de postar o texto anterior. Preciso de Coca. Minha mãe fala com meu irmão EUA e família. Já vi uma coisa que me desmotivou a jogar o Mario Odyssey, que se se coletar todas as 500 luas do jogo, abre-se uma fase superdifícil para dar a zerada completa. Detesto fases superdifíceis. Meu abuso de games começou daí, de não conseguir passar das fases superdifíceis de Super Mario World 3D. Mas já não tinha paciência para jogar antes disso, pois peguei o Splatoon e não me animei nem um pouco com o jogo. Estou abusado de videogames, ponto. Falando nisso, penso em jogar um pouco mais de MGS4, por mais contraditório que pareça. Ou tentar passar de onde estou empacado no Half-Life 2, pois acho que desvendei o mistério de como fazer a travessia. Não sei. Como sempre, não irei fazer isso agora. Agora o meu foco é Coca. Agora é meu padrasto que fala com a turma dos EUA.

17h13. Só pensando na Coca. Vou esperar o telefonema acabar. Telefonema não, isso é muito antigo e caro, uma vídeo-chamada pelo WhatsApp.

17h16. Parece que a conversa está no final. Sei lá. Ouço a voz do meu padrasto, mas não sei se se dirige à minha mãe ou ao celular. Qualquer que seja, não quero atrapalhar.

17h19. Ia sair para pedir a Coca e do corredor eu ouvi meu padrasto falando que me considerava muito inteligente, “bastante inteligente”. Para você ver que inteligência não é tudo. Hahahaha. Saber vender o seu peixe é tão ou mais importante. Afora ter o equilíbrio emocional que eu não tenho, sou fragilíssimo emocionalmente. Vou esperar mais um pouco. Mas foi bom ter ouvido essa opinião do meu padrasto. Fez bem ao meu ego, levantou minha autoestima, que anda se arrastando pelo chão ultimamente. Tem horas que o tédio, ou ausência de Coca, não sei precisar, me domina completamente, chega a dar uma angustiazinha. Ainda bem que plenamente suportável. Preciso revisar textos dos meus projetos paralelos. Infelizmente, nenhum para o blog de bonecos, pois me falta conteúdo e estou tentando abandonar essa vida. O casal ainda conversa na sala. Deixar esse momento, que tem sido raro esses dias, de diálogo pacífico e amigável. Aliás, não sei quão raros são, pois só ouço daqui quando um ou outra se exaltam, no mais pode ser que tenham uma interação boa que me foge à percepção (auditiva).

18h13. Acho que mamãe está com confusão mental e não quer admitir ao meu padrasto. Acho que o que ela quer fazer no computador e que não está conseguindo não deve ser complicado, mas ela, devido à medicação, espero, não consegue decifrar a interface da página. O pior que tenho que lembrar minha mãe de pagar o nosso cartão. Vai ser outro estresse. E esse vai respingar em mim. Ou vai ser derramado todo na minha cabeça.

18h43. Aparentemente meu padrasto está orientando a minha mãe em relação aos procedimentos do computador. E para a minha Coca não acho brecha. A essa altura, ela só vai deixar eu comprar uma. Mas pelo menos uma já está valendo. Estou sem inspiração hoje. E desisti de começar uma negociação para renovar a minha assinatura do PSPlus por mais um ano. Não tem para que, quando realmente tiver, eu renovo.

20h52. Acabo de voltar do encontro com o meu amigo da piscina, estava com ele assistindo Rodrigo Silva. Antes conversamos sobre seus planos, entrar para uma instituição aí, passar um ano lá e de lá partir para uma das filiais em outros países em missão pelo que entendi. O que ele mais queria, eu senti que era os EUA. Outra possibilidade é como mergulhador de ver peixe em Noronha. Disse que a vida só fez melhorar depois que se divorciou. As evidências de Rodrigo Silva em teoria provam a existência de Jesus o que não deixo de acreditar, mas muita especulação tratada como fato. Porém acho que Deus se manifestará de outra forma e que ele talvez não creia, disse-lhe. Parece que a crença dele reforça a minha na Singularidade. Tipo se alguém pode acreditar em coisas como quaisquer das religiões, porque eu não posso acreditar na minha? Por mais que seja tão inacreditável quanto as demais? Eu acredito. Deixa eu quebrar a cara. Quando eu morrer e a Singularidade não aparecer. Ou a coisa realmente acontece e aí vão deixar eu me entregar à minha religião. Não quero saber, é uma escolha pessoal minha. Eu estava certo. Ou estarei errado. Eu e Kurzweil. E tantos outros que acreditam, além do que Inteligência Artificial é um assunto quente no momento, Bill Gates e o cara do Facebook estão profundamente interessados em AI. Imagino os exércitos mais ricos. Estados Unidos. Certamente investem em AI. Queria muito que os caras da Google estivessem nessa também. Eu gosto da Google.

23h45. Acho que vou assistir “Alien Covenant”. Pois é meu amigo da piscina me deu muito o que pensar. Tenho que parar de enrolar e assistir o filme. Primeiro tenho que tomar banho. O banho da meia-noite. Tá mais para banho das meia-noite e meia. Hahahaha. Acho que não vou ver o filme e não vou tardar a dormir. Ontem dormi muito tarde. Não sei. Pode ser a síndrome do bucho cheio. Comi praticamente toda a farofa de calabresa que mamãe fez. Delícia.

0h13. Fui fumar o cigarro da noite. Queria que rolasse cinema amanhã. Seria uma ótima pedida, mas acho difícil. Depois de um feriadão com visitas, duvido que meu amigo jurista tenha disposição ou brecha para ir. É uma pena. A Coca já está quase acabando. Dois copos, dois copos e meio, no máximo. Acho que quando acabar esse copo eu vou tomar banho. Vou ligar o ar para dar a esfriadinha que preciso para encarar um banho quente com maior prazer. Meu amigo da piscina bateu um grande papo com um dos zeladores, tinha conteúdo e histórias para repartir. Fico abismado como é desenrolado. E em como minha memória é sequelada. Tive que passar por um longo flagelo que me deixou cicatrizes na alma. Uma delas foi a minha perda de memória. Essa foi uma das minhas piores perdas. Além da confiança da minha mãe. Principalmente a confiança da minha mãe. 0h30. Vou tomar banho.

0h51. Tomei um ótimo banho. Só não sei o que faça agora. Acho que logo mais vou me retirar. Acho que há tanto ainda por dizer. Espero que haja. Esse computador é minha salvação. O Word é minha salvação. É o que me tira com todo o prazer das garras do tédio e do ócio. É aqui que posso ser dono de tudo. É aqui que me encontro. Comigo mesmo, várias horas por dia. Esse encontro é no mais das vezes agradável, outras nem tanto e algumas são sublimes. Puro deleite. Embora essas estejam ficando cada vez mais escassas, eu acho. Posso estar enganado. Mas que há vezes que pareço escrever para fugir de algo desagradável (tédio/ócio/mente vazia) em vez de ser atraído para escrita, ah, isso há. Agora escrevo não muito animado, mas também não estou fugindo de nada, estou aqui porque quero. Tenho que me dedicar mais ao projeto de digitar o diário do Manicômio. Tenho feito muito pouco. Acho que vou fazer um pouco agora. Vou nada. Viajar mentalmente para aquela situação. Mas tenho que acabar. Vou tentar.

2h02. Digitei um pouco, comi bastante. Assim vou para cem quilos. Tenho que segurar a larica dos remédios. Ô, fome desvairada. Quando acabar o copo de Coca me retiro para mais um encontro com morfeu. Vou desligar aqui.

-x-x-x-x-

14h39. Já acordei há algum tempo, estava esperando a fantástica faxineira operar a sua mágica no meu quarto. Ouvindo “Small Victory” do Faith No More. O que poderia começar dizendo hoje? Que vou ter que fazer algumas compras no supermercado o que acho um tremendo saco. Mal posso esperar o dia em que as compras sejam efetuadas online. Para mim não é uma questão de se, mas de quando. Acho inevitável. Preciso lembrar minha mãe de pagar os cartões. Já vai pagar com multa. Ou juros, sei lá como chama. Com algum tipo de ágio. Vou pegar água, já que, Coca, só quando for ao supermercado. Não estou a fim de escrever. Estou muito gordo. Me sinto muito gordo. Preciso fechar a boca. E recomeçar a pensar nas caminhadas pela Praça. Mas fechar a boca primeiro, que é mais fácil. Começando de hoje. Até porque eu acho que hoje não vai ter nada para eu comer. Já facilita. Mas a fome é grande e a privação também. Resistirei. Bem, veremos, será documentado aqui. Não estou com vontade de jogar videogame. Minha mãe dorme, logo não posso pegar os recursos para ir às compras.

15h31. Pode ser que o tempo traga algum reconhecimento ao que escrevo. Não no sentido de ser reconhecido como um grande autor, mas de tanto publicar nos mesmos grupos, eu me torne com os anos, como um veterano desses espaços e isso empreste uma credibilidade e visualidade a mais às minhas postagens.

17h11. Fui comprar Coca (na pizzaria aqui em frente, graças) e chamar um Uber para mamãe ir à universidade. Acabei de dar a nota ao motorista e me certificar de que minha mãe chegou bem ao destino.

17h27. Passando a música de Clementine. Ontem tratei de um delírio meu em relação a ela no meu blog particular. Pois é, still crazy after all these years. A seleção musical está boa. Está passando só músicas calmas, nenhuma das pesadas que coloquei no final. Estou ouvindo nas alturas porque estou sozinho em casa. Aí entrou “November Rain” do Guns. Um pouco fora do clima, mas uma balada ainda, grandiosa e roqueira. Só botei na lista por nostalgia. Ouvir nas alturas me faz perceber nuances dos arranjos que não apreenderia de outra forma. “Gigi” de Mallu tem um arranjo mais rico do que poderia supor. Vou pegar Coca. E aproveitar e fumar um cigarro de verdade.

17h56. Sobre os carrinhos da minha infância, já vi coisas quebradas em um e em outro. É uma pena. Ainda bem que crianças crescem. E se desinteressam de brinquedos do tio. O negócio é envidraçar tudo. Inclusive as pequeninas, pois essas também pegam poeira. E tem que ficar fora do alcance de crianças. Meu Daredevil já está cheio de poeira, isso me dá um dó. Tenho medo de ao tirar a poeira, por meu jeito desastrado e abrutalhado de lidar com as coisas, acabar arrancando a pintura. Por isso, vidros neles e nelas. O iTunes pediu para atualizar. Provavelmente terei que reiniciar a máquina, saco. Será que algum dos meus sobrinhos vai ser gamer? Espero que não no grau que eu fui. O meu grau foi muito alienante, eu acho. Especialmente no meu período Boa Viagem. No meu período Santa Maria. Me socializava com meu amigos de colégio e depois me isolava no apartamento jogando videogames. Antes, claro, tinha que passar em Rodolfo para alugar alguma novidade. Agora vejo que Rodolfo era um cara como eu, com seus 40 e poucos anos, sem emprego, provavelmente vivendo na casa de sua mãe e arrumou esse bico de alugar games. Para a elite do Santa Maria. Ficava na mesma rua do colégio a princípio. Depois se mudou para um local bem mais distante, uma galeria, achando que a clientela migraria com ele. Eu migrei, mas não sei se todos o fizeram, o ponto dele na rua do colégio era muito estratégico e isso fazia parte do seu sucesso. Deve ter sido obliterado pela pirataria, quando os jogos passaram a ser em CDs e DVDs. O que será de Rodolfo agora? Gostaria de saber. A mãe talvez já tenha falecido. Pobre Rodolfo, como deve estar se virando? O negócio dele era organizado, tinha catálogo dos jogos por sistema, com cartõezinhos com o nome dos jogos digitados em máquina de datilografar. Os catálogos eram porta-cartões azuis-marinhos e pretos, o que distinguia os da Sega e os da Nintendo. Não lembro se havia outras cores para distinguir NES de SNES e Master System de Mega Drive. Só me lembro claramente dos azuis-marinhos que eram os que usava para selecionar jogos para o meu console da época. Nossa, como era uma pessoa totalmente outra nessa época. Mal sabia que o que se faria de mim, os males que viriam macular a minha alma. Trago hoje um alma mais suja do que a que carregava então. Isso faz mais de 20 anos. A vida não havia jogado seu manto negro sobre mim. Só a depressão que já abria suas asas dentro de mim. O gatilho, na minha opinião foi justamente a vinda de São Paulo para Recife. Lembro que sonhava muito estando ainda em São Paulo e era frustrado pela minha realidade recifense. Isso me deixava profundamente para baixo. Hoje, após cerca de dez internações, eletrochoques (que me fizeram bem, retirando a minha ideação suicida), drogas, tentativas de suicídio, afastamentos do trabalho, sou um quarentão civilmente incapaz e cada vez mais antissocial. Praticamente um ermitão urbanoide. Mas não quero me matar e gosto de viver e sou eternamente grato pela minha curatela que garante de que eu não seja forçado a reingressar no insuportável, intolerável mercado de trabalho capitalista. Me sinto mal só de lembrar do que passei enquanto inserido nessa estressante e supercompetitiva corrida pelo sustento. Sou alérgico a estresse. Fujo dele como o diabo foge da cruz. Estresse me faz mais mal que a média das pessoas, eu creio. O problema é que ando evitando até o estresse do convívio social. Eu me torno cada vez menos capaz de interações sociais. Elas me parecem, em sua grande maioria, penosas e não acontecimentos divertidos. Espero que meu primo-irmão não vá viajar esse final de semana, para que eu me jogue na noite. Para não transformar isso num bicho de sete cabeças tão grande que acabe por deixar de sair por completo. Sei que há momentos de diversão e há pessoas queridas, mas fico cada vez com o pé atrás, se o outro pé o acompanhar, estarei confinado ao meu quarto-ilha e não posso deixar isso acontecer. Meu amigo jurista tem se mostrado um grande vínculo social, pois, além de ser um amigo de mais de 20 anos, vamos fazer coisas que gosto, como ver blockbusters no cinema ou jogar Mario Odyssey. Gosto também da minha interação com o meu amigo da piscina, amizade também de mais de 20 anos, da turma das Ubaias. Aparentemente ele vai partir, como já mencionado. É bicho solto e acha que Recife só atrasa a vida dele. Me perguntou se eu iria caso meu irmão me chamasse para ir morar e trabalhar nos EUA, se iria perder essa “oportunidade”. Disse a ele que a oportunidade que a vida me deu eu já havia aproveitado. Não quero que minha vida mude a não ser no campo afetivo. E até essa mudança me assusta muito. Me mete medo a mudança que isso operaria em mim. Medo da obrigação do sexo. Só queria fazer sexo quando estivesse com vontade. Vergonha da minha forma física. Minha idade também não ajuda. Só me interesso por mulheres bem mais novas do que eu. Enfim, acho que o que me resta é a solidão. Mas me jogarei na noite com o meu primo-irmão para pelo menos não fechar todas as portas para essa possibilidade. Eu sei que uma vez que a paixão se manifeste, eu me deixo levar. É uma força avassaladora que supera todos os meus temores. Por falar nisso tudo, qual será o estrago que as impertinentes publicações do grupo assexuais devem estar fazendo no meu círculo social? Se bem que acho que poucas pessoas acessam a minha página, ainda bem. Ainda bem que tenho o Desabafos do Vate para as minhas sandices. Hoje é dia de me dedicar a ele. Eu acho. Vamos ver aonde as marés da alma me levarão. A música que eu esperava que tocasse. A boa e velha “Mercy Mercy Me (The Ecology)”, uma pérola que achei nos B-sides dos Strokes. Eita, acho que é Guns. É. Só coloquei porque é do filme “T2”. “You Could Be Mine”.

19h22. Ah, se eu soubesse... por falar nisso, há duas coisas que eu gostaria muito de saber, pena que não são coisas a serem tratadas aqui. Sandices, sandices... eita, Ella e Louis. Lindo, lindo.

19h30. Mamãe veio me indagar do Hulk, como se eu não tivesse nunca mencionado a figura para ela. Eu disse-lhe até o valor. Mandei um e-mail explicando que ele será enviado para o Brasil. Isso me preocupa. Sua memória está muito comprometida. Espero que por causa do remédio. “Black Hole Sun” tem um fraseado de alguma música dos Beatles, gostaria de me lembrar qual é. É uma das partes mais bonitas da música. Voltando à minha mãe. Se ela vai tomar esse remédio por mais 15 anos, como é que vai ser? E, pior, não seria o outro remédio que deveria causar a confusão mental? Esse novo também causa? Não sei, tudo isso me põe muito preocupado. Queria muito que ela fosse ver um especialista no assunto. Por via das dúvidas, para garantir que é mesmo o remédio e se não há como remediar isso. Porque passar 15 anos com a cuca ruim não é bom para ninguém. Eu tenho a memória sequelada e sei. Cada vez me lembro menos das coisas, me assusta chegar no ponto em que mamãe está. E quero que ela saia desse ponto, que melhore, senão, se a coisa continuar a evoluir, ela vai se tornar realmente incapaz civilmente. Eu não acho que isso seja nem um pouco legal. Quero, se for diagnosticada alguma doença, que ela seja tratada de imediato para, senão reverter os seus efeitos, impedir que avancem ao menos. Não quero perder a minha mãe. Tê-la daqui a dez anos como um zumbi, como aconteceu com a minha avó materna. Deus me livre.

19h51. Como previsto o iTunes me manda reiniciar o computador. Vou fazer logo isso. Acho que depois vou digitar o diário. Depois talvez volte para cá ou vá para o Vate. Ou jogue MGS4. Tudo é possível. Hahahaha.

20h39. O computador reiniciou e mamãe ligou dizendo que iria jantar num local cujo nome não sei escrever e que traria um lanche do McDonald’s para mim. Massa. Mas agora estou entretido e engajado em outros projetos.

22h57. Vou digitar o diário.

1h25. O Cheddar desceu que foi uma beleza agora. Agora é controlar a fome. Não pensar nela, mudar de assunto. Voltar ao diário que é melhor.

1h43. Minha mãe me mandou dormir. Vou ter que ir, p-p-pessoal.




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