sábado, 18 de novembro de 2017

SURPRESA


Surpresa, um passo foi dado
Surpresa, o passo foi meu
Avancei pouco
Mas adiante estou
Do que estava e era
Surpresa, foi tão mais fácil
Surpresa, foi bom
Estar um passo mais próximo
De você.
Não sei se você vai recuar
Ou se caminhará em minha direção
Tudo é surpresa, descoberta
Ou redescoberta
Uma lufada de vento
No meu coração empoeirado
Cheio de velhos troféus
Cheio de novos sonhos
Você é sonho em botão
Será que, para a minha surpresa
Desabrochará em possibilidade
Firme e plena
De viva cor
Da cor que você escolher
Pode me surpreender
Surpreendente será (se for)
De qualquer maneira.

Faço essa poesia(?) porque minha alma pede. Está repleta de aspirações. Até demais. É melhor baixar o facho. E, vendo as fotos dela, vejo como o mundo é pequeno. Ou como conheço muitos psicólogos. Hahahaha. Tem uma companheira de trabalho dela que foi um grande crush meu quando estava internado no Albergue de Drogados. Paixonite aguda. Também naquele espaço de carência afetiva absoluta. E sem contar que era (e continua sendo, pelo que vi) uma supergata (para os meus padrões). Se eu trocaria uma pela outra? Não posso dizer, não conheço nenhuma das duas bem o suficiente. Mas meu foco é a garota da noite. Não tem nem sentido eu viajar na outra, se brincar já deve estar casada, sei lá. Além de ser um tremendo desrespeito com a garota da noite. Meu deus, como viajo. Viajando que há alguma possibilidade de eu ter alguma coisa com a garota da noite. O meu bucho é a primeira coisa que me faz desinteressante e não desaparece do dia para a noite. Queria que ela respondesse as últimas mensagens que enviei. Ficou off-line. E acusa que minhas mensagens não chegaram. Bom, é a vida. Hoje já foi para mim um dia de grandes conquistas. Me aproximei um pouco mais de uma garota. Uma garota de verdade. Uma garota que não é de todo impossível. Pode ser muito difícil, mas comecei jogando o mais aberto possível e ela já sabe da minha aparência, do meu bucho, da minha idade – se olhou o meu Facebook – do meu interesse, da minha timidez. Tudo, enfim. Só não falei do crush que tive pela amiga dela. Mas descobri isso agora. Depois conto. Ou publico isso. Mas não sei se ela vai ler. Digo-lhe pessoalmente ou num próximo encontro virtual. Será que preciso mencionar isso? Acho bom. Tenho que ir dormir em breve. Amanhã tem consulta com a Doutora. Prevejo que será uma consulta muito mais para a minha mãe que para mim. Nossa, como o mundo é pequeno. Logo uma das minhas paixões platônicas trabalha junto com ela. Já havia até esquecido da existência dela. Espero que isso não se interponha como um problema. Um problema de algo que nem começo tem. E que nem sei se terá. Talvez isso venha até em meu benefício me ajudando a tirar a garota da noite de qualquer pedestal que eu possa teimar em colocá-la. Ela é uma garota e uma garota apenas, não é um anjo que veio do céu para me salvar. Embora ela possa fazer uma transformação no meu modo de vida. Qualquer relacionamento afetivo faria. E isso me aterroriza, pois me tiraria completamente da zona de conforto. E o sexo? Ah, ela teria que ter paciência. Muita paciência, eu creio. Não pular etapas.

22h45. Contei-lhe logo sobre a paixonite que tive por sua colega de trabalho para que não comece com obscuridades. Achei melhor. Ademais, sua amiga nem deve se lembrar que eu existo, como registrei na mensagem que enviei. Eu não lembrava. Mas é de se esperar, na possibilidade de que haja um enlace afetivo, que o encontro com a amiga seja inevitável. Afinal, seu círculo social iria se mesclar ao meu. O dela não iria ampliar muito, pois o meu círculo é super-restrito. De qualquer forma, abrindo essa situação evito quaisquer saias justas para os três que porventura, num futuro hipotético – e bote hipotético nisso –, possa acontecer. Acho que vou ter muita vergonha disso que escrevo agora. Quando der com os burros n’água. Tanta fantasia pelo que tem tudo para não acontecer. Eu tenho essa mania de sonhar e de me deixar levar pelo sonho. Mas creio que estou com os pés no chão. Não me sinto apaixonado. Não tem nem como. Mas não nego que seja uma possibilidade. Não muito distante da minha realidade. Precisa apenas de uma fagulha, eu acho. Ou posso beijá-la e não sentir nada, o que seria terrível. Gostaria de apresentá-la como minha namorada à minha família. Como gostaria de me olhar no espelho e pensar, cara, você namora uma garota fantástica. Mas tudo isso está a anos-luz da realidade. A realidade é que ela leu as impressões que tive sobre ela e se sentiu lisonjeada, lisonja essa que a fez me aceitar como amigo e a motivou a travar um pequeno diálogo comigo pelo chat do Facebook. Só foi isso que aconteceu. Nada mais, nada menos. O acesso ao Facebook dela me deu subsídios para conhecer um pouco mais da sua vida. Como o meu deve ter tido o mesmo efeito, se ela o visitou. O pior é que tem a minha ridícula foto com os cabelos vermelhos. Vergonhoso. E praticamente irreconhecível. Ou reconhecível até demais, infelizmente. Faz muitos anos, acho que de uns 15 a 20.

23h21. Fui pegar Coca e fiquei sem o que dizer, o que é ótimo, pois preciso ir dormir cedo para enfrentar a Doutora amanhã. O pior é que gota de sono não há. Vou beber mais um copo de Coca e passar para a água. Ou ir morrendo de sono para a Doutora, pouco se me dá.

23h36. Fui fumar um cigarro. E como acho que vou me arrepender de escrever essas baboseiras. Mas é onde o meu espírito está agora. É onde ele – eu – quer estar. Mergulhado em fantasias românticas. Não é um lugar ruim de se estar, não fora tudo fantasias. Achei ela uma graça de óculos. Combina com o rosto dela. Percebe-se através das fotos uma evolução dela como mulher confiante e dona da sua feminilidade e sensualidade. Hoje parece muito mais segura de se expor provocante ma non tropo, na medida exata, sem parecer vulgar, mas mulher plena. Antes se via uma pessoa mais acanhada, menos empoderada da condição de mulher, ainda não capaz de explorar toda a sua feminilidade. Hoje parece que a insegurança de outrora ficou para trás e ela sabe muito bem onde pisa. Quando revelei a meu primo-irmão quem era a fonte do meu interesse, ele se limitou a dizer que era a nêga com quem um amigo nosso havia ficado. Não sei se quis dizer isso como incentivo ou como alguém proibida para mim. Realmente não entendi o comentário. E não sei o que significa essa palavra, “ficada”, será que sempre envolve sexo? Não faço ideia e não sou afeito a isso. De passar do conhecimento ao sexo em uma noite só. Sou devagar com sexo, mas acho que aqui já me repito. E, em me repetindo, vou me retirar por hoje.

-x-x-x-x-

13h25. Acabo de voltar da consulta com a Doutora, foi tranquilo. A melhor parte foi mamãe arranjar a referência de uma médica para ver o que são esses esquecimentos, confusões mentais e falta de foco que a acometem. Encontrei com o meu ex-psicólogo e disse-lhe que participar dos grupos que realiza no Manicômio me trazia péssimas recordações. Ele compreendeu. E me deu a boa nova que uma amiga em comum havia parido e tudo estava ok. Massa. Reencontrei com Popeye e ele me perguntou das fotos, disse para eu não mostrar à polícia. Hahahaha. Penso em fazer uma camisa com a imagem, já fiz uns estudos de layout, mas não sei se estou satisfeito. Estou muito enferrujado nessas coisas. A Doutora retirou o Rivotril do meu cardápio. Mas parece que ampliou a dosagem de outro. Para mim, não vai nem vem, não sei para que os remédios servem mesmo. Ela perguntou ao me saber sem terapeuta por que não voltava ao meu ex-psicólogo, ainda bem que minha mãe respondeu por mim. E sua resposta foi melhor que qualquer sinceridade que pudesse dizer ou insinceridade que pudesse conjurar. Disse que eu não dei grandes razões e que queria tentar com uma terapeuta do CAPS. Por falar em CAPS, tanto minha mãe quanto a Doutora acham um ótimo lugar para eu frequentar. O problema é que não quero passar a minha vida toda indo para o CAPS. Não há razão para eu ir para lá, só se eu tivesse uma recaída. Mas ir à psicóloga do CAPS para consultas semanais acho superválido e pretendo fazer isso uma vez que volte dos EUA. Mas não quero nem falar nisso, dos EUA, pois me gera uma moderada angústia. Às vezes me pego cismando sobre qual o valor de depositar minhas palavras e meu tempo aqui. Nessas vezes eu geralmente concluo que é um esforço completamente em vão. Meu superego é cruel. Mas domo ele com a verdade, eu me realizo fazendo isso. É o que faço que mais me agrada, me preenche e dá prazer. Que mais posso pedir de um hobby ou afazer ou ofício?

14h06. Fui pegar um copo de Coca. Quem me dera o Odyssey rolasse hoje. Seria muitíssimo bem-vindo, mas minha intuição me diz que não vai rolar essa semana. Espero estar intuindo erroneamente. Veremos. Eu poderia ser mais incisivo e perguntar na grande quando vai rolar, mas não quero pressionar meu amigo jurista a fazer algo que talvez não esteja a fim de fazer essa semana. Embora eu ache que ele teria abertura para me dizer que não dá essa semana. Vou perguntar. Péra.

14h20. Perguntei. Vamos ver qual será a resposta, quando ela eventualmente vier. Por falar em respostas, vi que os meus comentários chegaram à garota da noite só que ela ainda não viu. Pelo menos é o que os sinais do Messenger dão a entender. Não sei se deveria ter mencionado a minha paixão pela companheira de trabalho dela, mas no fundo acho que foi o mais sensato e honesto a fazer. Aposto que todo esse empenho emocional que dispendo não vai dar em nada, no máximo em mais uma amizade frouxa.

14h51. Estava conversando com o meu amigo jurista. Hoje nasce seu sobrinho ou seja..., mas ele disse que parou o Mario para jogar comigo e está na secura. Quer ir ao cinema também. Quem sabe semana que vem? Bom, é dar tempo ao tempo. O cara tem uma vida atribulada. Mulher, trabalho, filha. Tudo o que não tenho. Hahahaha. Poucos seres humanos têm o que tenho e menos ainda passariam ou passam os dias a escrever. Com um mundo recheado de prazeres para serem experimentados (o que geralmente requer grana e a minha está sob o controle da minha mãe), a experiência mais edificante e gratificante que encontro é sentar a bunda na cadeira e ficar no computador a escrever asneiras.

16h01.

16h14. Mil pensamentos, mas nenhum que se preste a ser postado aqui. Um deles é que hoje é mais um dia só. Não tem programa para eu fazer. Aliás, até tem, ir ao jantar de aniversário da minha prima aqui pertinho no japonês que fica a dois quarteirões da minha casa, mas acho que vai ser só a família nuclear. Vou perguntar à aniversariante. Pronto. Só falta, para variar, a resposta. Mas, de longe, a comunicação que eu mais queria receber era da garota da noite. Gostaria muito que ela achasse a história da sua amiga de trabalho engraçada ou curiosa apenas. No máximo. E que a amiga não queimasse o meu filme.

16h49. Perguntei à mãe da aniversariante também e não obtive resposta. Mais uma noite on my own. Queria eu ter coragem de mandar uma mensagem para a garota noite perguntando o que ela vai fazer hoje. Mas não cheguei a esse grau de ousadia. Nem acho que algum dia chegarei. Nem acho pertinente, pelo contrário, acho impertinente da minha parte ficar fantasiando aqui e querer que a pessoa seja recíproca a tais fantasias. Vou deixar a garota da noite quieta no canto dela e parar de mencioná-la aqui. Se ler, vai me ter por algum tarado ou maníaco e deus me livre passar essa impressão. É que faz tanto tempo que não chego tão próximo, embora ainda muito distante, de uma garota que me interessa. Nossa, uma eternidade. Mas tenho que me conscientizar que essa é outra vez que não vai dar em nada. Que continuarei sozinho, o que parece ser a minha sina. Estou sendo melodramático? Olhe as estatísticas, em mais de dez anos de carreira solo só fui agarrado uma vez por uma garota ninfomaníaca e obviamente não dei conta do recado. Foi por conta desse episódio que passei a me considerar demissexual. Na verdade, só descobri o termo uns dois anos depois, mas sabia já que não era cara de “ficadas” só pelos prazeres da carne. Constatei isso na prática. Tampouco sou galinha. Gostaria muito de ser, tanto de ficadas quanto galinha, minha vida seria bem mais fácil, mas infelizmente essa parte da vida não é nada fácil para um romântico babaca como eu. Romantismo saiu de moda. Até nas músicas, que só falam de sexo hoje em dia. Pelo menos as de massa. As poucas que ouvi. Também não vou generalizar. Toda generalização é burra, já me dizia o meu velho pai. Mas hoje parece que a busca é por relações rápidas e superficiais. Superficiais no sentido do afeto e da intimidade, mas bastante profundas no sentido sexual. Eu funciono na polaridade contrária, afeto e intimidade vêm na frente do sexo. 17h27. Vou pegar Coca e meditar se continuo aqui ou vou para uma realidade alternativa, seja jogo ou filme.

17h32. Voltei para cá, estou ouvindo som alto, como não posso quando o casal está em casa e isso me apraz. “Virus”, versão remix, magnífica. Só alto assim eu consigo ouvir a riqueza da música que é muito maior do que julgava. Me alegra a alma ouvir e redescobrir uma música que eu gosto por causa do som mais potente que hoje possuo. Nada demais, 400W, mas é o suficiente. Nem boto no máximo, pois nem eu aguento, mas essa potência extra, gera uma profundidade e clareza do som que nunca havia experimentado antes. É uma das delícias da minha vida, um prazer raro, como devem ser os grandes prazeres, para que não corram o risco de cair na banalidade. Minha tia respondeu sobre o restaurante japonês, será só a família nuclear. Então, estou fora. Again on my own. Not a bad company after all just the same company as every other day. Me perdoem pelo parco e porco inglês. Não sei porque resolvi escrever em inglês. Saudades do blog de bonecos? Um pouco talvez, mas não tenho conteúdo para escrever nele. Poderia receber uma mensagem da garota da noite para eu ganhar o meu dia e para eu descobrir o estrago que a minha declaração sobre sua amiga causou. Que babaquice, Mário! Deixa dessa frescura! Vai catar coquinho que é melhor. Para de falar dessa menina, não vê que não vai rolar nada? Muda o disco que esse já cansou. Ok, superego. Mas não tenho mais nada o que comentar. Continuo aqui na frente do computador, a noite já se debruçou sobre esta parte do planeta e não tenho ânimo para fazer coisa outra que não escrever.

18h12. Fui fechar a porta para a fantástica faxineira e acabei comendo um pão com presunto. A comida na barriga me deu sono. Talvez me deite um pouco, já que não posso mais falar do que gostaria de falar sob pena de parecer excessivamente excessivo.

18h26. Eu fui uma criança mais bonita do que o adulto que me tornei. Por fora, pelo menos. Se bem que hoje sou muito parecido com a criança que eu era por dentro. Incrível quanto da criança sobrevive em mim nos dias de hoje. Inclusive partes que eu desgosto dela. Espero melhorar nessas partes.

19h34. Minha mãe chegou com as compras e fui ajudá-la. Estou meio para baixo hoje, achando a vida despropositada. Mas só um pouco. A solidão às vezes se torna cansativa, por mais que preze pela minha privacidade e a tranquilidade do meu quarto-ilha. Ella & Louis “Moonlight In Vermont”. Que coisa linda. Faz sonhar. Aí entra Faith No More, quebra o clima. Mas curto a música mesmo assim.

19h48. Meu padrasto chegou. E alguma coisa já o desagradou, espero que não tenha sido o danado do Vaporfi. Sem inspiração para escrever. Há um problema na viagem, não há quem vá buscar-nos no aeroporto dos EUA. No grupo de WhatsApp há um debate entre alugar um carro para ter mobilidade ou apenas uma van-táxi ou coisa do gênero. Bom, isso é da alçada da minha mãe, visto que não dirijo, não tenho acesso ao meu dinheiro e não estou nem um pouco a fim de fazer essa viagem. Outro assunto que baixa o meu astral. Eu sei que todo mundo de país tropical sonha em ver neve, infelizmente esse não é o meu caso. Acho que vou me deitar um pouco.

21h09. Estava tirando um cochilo e fui acordado por uma mensagem da garota da noite no meu celular comentando que me explicaria o que pedi que me explicasse e comentando como o mundo era pequeno (em relação à amiga). Eu respondi, no susto, exatamente isso, “Eu fiquei de cara e temendo que ela por algum motivo queimasse meu filme com você... Sou besta mesmo, me perdoe...”

21h18. Não resistindo, ainda emendei, “Não que eu queira ocultar algo de você, o que quiser saber, eu te falo, só perguntar. Sou afeito à sinceridade e à honestidade.” E fui absolutamente honesto e sincero nessa observação. Pelo menos alguma coisa para me dar uma enxurrada de adrenalina boa. Quem sabe ela não me responda uma vez mais. Só acho incrível como as mensagens demoram a sair do celular dela para o meu. E vice-versa. Só chegou uma para ela. A segunda ainda não e ela não viu nenhuma. Desculpe superego, mas tinha que narrar esse acontecimento.

22h42. Peguei algumas estrelas em Mario Galaxy. Estou quase assistindo “Atomic Blonde”. Acho que vou dar uma chance ao filme... já-já.

22h52. Vou não, vai ficar tarde demais, já são quase 23h00. Vou tentar dormir mais cedo hoje. Que coisa a minha cabeça, não paro de pensar na garota da noite. Ela vai pegar a minha ficha clínica com a amiga e aí adeus quaisquer chances. Hahahaha. Se bem que se ela me perguntasse eu teria de contar mesmo. Vamos ver quão mente aberta pode ser uma psicóloga. Mas duvido que para um fruto bichado e buchudo ela tenha alguma disponibilidade. Hahahaha. Rio para esconder a minha frustração. Será que ela continua lendo o blog? Espero que não. Não deve ter tempo nem paciência. Ainda bem. Me parece a suposição mais acertada. Sei que não consigo converter leitores com essa facilidade. Tanto é que o meu último post teve apenas 27 acessos até agora. Não acho que vá passar disso. Nem acho que eu e a garota da noite nos cruzaremos nesse final de semana. A probabilidade é baixa. Da forma como meu primo-irmão se referiu a ela foi como se não tivesse essas intimidades todas, ela nem está no grupo de WhatsApp da turma, talvez por pertencer a uma turma diferente, não sei. Sei que não vou ter o embasamento do outro cara “que a pegou” para debater psicologia, aliás me sinto incapaz de debater qualquer coisa. Mas isso, como o meu superego diz, é frescura, acredito que seja capaz de conversar, só me sinto bastante acanhado para tal. O negócio é sobreviver até quebrar o gelo. Quem me dera eu ter coragem de fazer festa e pedir um abraço. Por que o abraço? Para ver se nossos corpos se encaixam. Há pessoas cujos corpos não se encaixam num abraço. Pelo menos eu tenho essa teoria. Houve pessoas que abracei que não encaixaram comigo. Vai muito do jeito de abraçar, eu acho. Nossa, me sinto liberto depois que abandonei o baixo astral dos grupos de assexuais. Eu gosto bastante até as preliminares, a penetração e o orgasmo é que não são a oitava maravilha que todos apregoam. Se bem que eram de legais a bem legais com as minhas namoradas. Mas faz tanto tempo isso. De toda sorte, de onde eu estou até um negócio desses vai um looongo caminho. Que nem sei se vai ser trilhado. Eu não sei nem quando a reverei. Se reverei at all. São tantos “se”, a maioria com probabilidade de não que é melhor eu defenestrar essa ideia da cabeça. Não, não vai ser dessa vez que arrumarei alguém para amar. Nem sei se estou disponível para isso. Tudo indica que sim, sinto forte inclinação por dar início ao processo, mas com calma e parcimônia. Nada de pressa. O que estou falando, meu deus? “Milhões de vasos sem nenhuma flor”, como diria o poeta. Vou pegar Coca. Acho que mais dois ou três copos e vou dormir.

0h00. Mudança de planos. Resolvi jantar e acho que isso vai me dar sono. Não comi muito nem pouco e somando ao que me alimentei no resto do dia acho que não devo ter consumido as 2.000 calorias diárias, então talvez amanhã acorde um pouco mais magro. Pouco. Melhor que acordar mais gordo! Hahahaha. Vou me retirar. Amanhã reviso e posto.

-x-x-x-x-

18h21. A garota da noite me mandou uma mensagem que não entendi, muito evasiva, acho que não responderei. E demorarei para responder. Será que vai ter dois beijinhos? Minha mãe chegou. Estava no Desabafos do Vate talvez role um novo WhatsApp para Bic, mas não vou contar aqui.

19h24. Mandei, mas é muito nada a ver, por isso mantenho no Desabafos. Acho que meu padrasto já reclamou do “cheiro” do Vaporfi uma vez mais. Eu acho, não ouvi direito e posso não ter ouvido certo.

19h34. Pensando que é uma boa hora para encarar um game ou filme. Acho que vou de Mario Galaxy.

20h21. Meu padrasto está discutindo o negócio do Vaporfi de novo. Meu irmão, que novela. Porque ele insiste nisso? Meu deus, é uma cruzada antitabagista. Que saco. Virou questão de argumentos frequentes com a minha mãe. Ainda bem que não é comigo. Passou meses e meses sem sentir coisa alguma, ninguém nunca sentiu. Subitamente ele desenvolve narinas supersensíveis que passam a detectar o odor do Vaporfi, coincidente depois que me viu dando uma baforada dentro do quarto com a porta aberta. Meu irmão, se isso não é perseguição, não sei o que é.

Abri a janela, deixei a cidade invadir meu quarto-ilha. A cidade à noite e seu murmurar característico, um silêncio que não é de todo silencioso. E que é quebrado por rompantes de homens, máquinas e animais. Claro que não é o barulho e ininterrupto da manhã, o burburinho matinal. Esse não me agrada tanto quanto a noite.

20h52. Havia desligado o celular há algum tempo. Não sei o que responder à mensagem da garota da noite. Acho que vai ficar sem resposta. Eu não sei o que dizer.

21h26. Botei um sorriso. Foi o mais simpático e pertinente que pude ser com o que ela comentou. Não havia realmente nada a dizer. Não consegui divisar. Se ela não quiser nada comigo, que é o mais provável, o que farei da minha vida afetiva? Voltar à estaca zero, claro. Pelo menos flutuei um pouco acima do chão, como pena em que bate brisa leve. Se eleva um pouco no ar e suavemente volta ao chão. Acho que vai ser uma aterrissagem suave, sim. Primeiro porque sou sonhador aqui, mas realista de fato. Segundo porque acho que não vai haver nenhuma agressividade ou rejeição instantânea da parte dela, até porque se eu tomar alguma iniciativa é a de conversar. Uma colega da turma que participava, ministrada pelo meu ex-psicólogo, que encontrei quando fui ao Manicômio para a consulta com a Doutora, me disse que mulher gosta de homens que as façam rir. Se for esse o fato, estou em maus lençóis, pois ando tão sem graça ultimamente. Se eu bebesse talvez. Mas não vou beber. Questão de sobrevivência. E prefiro sobreviver a arriscar voltar àquele lugar infernal. Terei que ser quem eu sou e isso vai ter que bastar.

22h23. Meu amigo da piscina chegou de sua saída, vai jantar e quer que eu desça para conversar com ele. Acho que vou. Não estou fazendo nada. Não pude ir para o Mimo, para onde meu primo-irmão foi, porque meu padrasto estava lá debatendo com a minha mãe sobre o Vaporfi. Espero que amanhã eu consiga sair com ele.

23h41. Tivemos uma boa conversa eu e meu amigo da piscina e ele me convenceu a fazer um layout de alguma coisa. Me convenceu de ao invés de vir escrever, ir direto para o Corel.

1h48. Acabei de fazer. Fiz da Coca Zero. Um do jeito que eu queria e uma seguindo as normas. Não posso dizer que me senti bem fazendo, especialmente o layout mais careta, mas não me senti terrível. Mas prefiro ficar longe disso. É outra coisa que me leva a ruína psicossocial.









Vou revisar e postar... quando acordar. Vou é dormir agora. 1h55. Estou com sono. Vontade de fumar um cigarro. Acho que vou. O saideiro da noite. Vou. 

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