domingo, 11 de março de 2018

REENCONTRO NA ENCRUZILHADA





20h35. Nossa, digitei muito hoje, que negócio chato. Não sei se o texto do Manicômio tem alguma validade que me faça perder ou investir tanto tempo nele. Mas agora que comecei, que estou no último caderno, não posso esmorecer. Preciso dar um tempo. Tirar a cabeça de lá. Estou pensando em tomar um bom banho agora para relaxar. É uma boa.

20h49. Minha mãe veio quase suplicar que eu parasse de escrever. Hahaha. Realmente hoje eu digitei demais. Ainda bem que essa parte do diário não trata mais da fissura, embora me veja voltando ao tema cola de novo e de novo. Acho que isso vai abrandar pois, pelo que vi, estou próximo do meu primeiro final de semana fora do Manicômio e começarei a respirar as expectativas dessa minha saída. Mas quero deixar aquele texto de lado. Meu primo-irmão não me avisou de nenhuma saída hoje, também não me comuniquei com ele a esse respeito. Sou eu que sempre me chego, acho isso incômodo para ele, por isso resolvi poupá-lo de mim hoje. O resultado é que ficarei aqui em casa a escrever. Não estou com saco de mais nada além disso. E, sim, vou tomar um banho assim que acabar o copo de Coca que coloquei para mim. Acho que quando sair do banho me comunico com ele contradizendo o que acabei de escrever. Mas vejo se planejo para amanhã alguma coisa.

21h29. Tomei um bom e merecido banho, lavei todos os poros e já me comuniquei com o meu primo-irmão. Amanhã, 14h00, no Mercado da Encruzilhada, discotecagem anos 70,80 e 90. Promete ser bom. Queria acordar cedo para fazer a minha barba e dar tempo de chegar à casa da minha tia-mãe às 13h30. Preciso cortar minhas unhas também. Mas está muito escuro para fazer isso agora.

21h40. Já combinei com mamãe. Vou fazer a barba amanhã de manhã tomo banho e parto.

22h18. Acho que vou digitar mais do diário do Manicômio.

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13h18. Acabei de acordar e vi que meu primo-irmão pediu que eu chegue à sua casa por volta das 15h00. Por ter acordado tarde, não vai dar tempo de aparar a barba. Não estou com muita disposição de sair, mas acho que isso muda à medida que for despertando mais. Estou me coçando para digitar um pouco mais do diário. Até as 14h00. São 13h27. Já separei a minha roupa.

13h36. É muito pouco tempo para digitar. Estou com vontade de pegar Coca, mas meu padrasto conversa com a minha mãe na cozinha e isso me intimida a ir lá. Acho que vou mesmo assim.

13h41. Meu padrasto reiterou que o Hulk parece uma das imagens de macumba que eu vendia, um exu. Hahaha. Ele perguntou o que me motiva a adquirir tais peças. E eu disse que era o prazer de olhar para elas, que não conseguia parar de olhar para o Hulk. E sem dúvida, quando não estou olhando para o computador, estou olhando para o Hulk. 13h45. Acho que vou tomar banho de 14h15. Estou quase desistindo de ir, mas passar o dia a digitar no meu quarto-ilha e só vislumbrar outra saída no próximo final de semana é ozzy. E o som vai ser legal. Não conheço, que me recorde, o Mercado da Encruzilhada. Vai ser uma experiência divertida, eu acho. Pelo menos o som me agradará, o que é um grande diferencial tendo em vista o que ando ouvindo nas minhas saídas.

13h58. Quase na hora de tomar banho. E cadê a disposição? Eu não tenho mais cara de comentar no grupo da turma. Fico imaginando que as minhas postagens são vistas com repúdio. Espero estar enganado, mas não tenho como aferir. Podem ser só projeções equivocadas da minha parte, mas, como não tenho nada a dizer além de que também estarei lá no mercado, ficarei quieto. 14h04. Está se aproximando rapidamente a hora do banho. A motivação que deveria estar ao mesmo passo não me vem. Vou pegar mais um copo de Coca, tomar e entrar no banho. Vai ser um banho rápido. Já tomei um antes de dormir, mas é sempre bom estar limpinho ao sair. Estou pensando em levar o Vaporfi hoje. Espero que não caia no Uber. Ai, saco, não estou com a mínima vontade de ir por mais que o prospecto seja animador por causa do som e do local inusitado. 14h14. Só falta comer o gelo para entrar no banho. Desgosto de ser eu nessas vésperas de saída. Sempre me bate a vontade de desistir. É um dilema sair e tem sido assim recentemente. Desde o começo desse ano, ao menos. Duas pedras de gelo para encarar esse banho, me arrumar e partir sem disposição nenhuma. Poderia ficar calmamente aqui digitando o diário, mas novamente a perspectiva de passar mais sete dias sem sair me incomoda e me impele a fazer o movimento à revelia do meu desagrado. 14h21. Hora do banho.

14h40. Estou pronto. É pegar o dinheiro com mamãe e partir. O banho não me animou muito, mas estou arrumado e vou. Eita, esqueci do perfume. Bem lembrado, Coisa.

14h43. Fechar o computador, senão não saio. Hahaha.

15:32. Estou na casa do meu primo-irmão. Ele foi se aprontar. A preguiça em mim impera, mas já que estou aqui é encarar. Espero que ele demore o tempo habitual, que é longo, para que possa escrever mais aqui. Sua irmã caçula prepara um café para nós. Ótimo. Grande gentileza dela. Embora creia que ela fosse fazer mesmo sem a minha presença, me ofereceu mesmo assim. Ela é uma pessoa única, muito decidida e sem medo de ser diferente. Tornou-se professora e parece que com isso, achou seu lugar no mundo. A admiro bastante, mas nunca tive coragem de dizer isso a ela.

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22h13. Foi surpreendente. Quando chegamos ao local no Mercado da Encruzilhada, estava tendo o aniversário de uma amiga de longa data e vários amigos de longa data estavam presentes. Foi um grande e maravilhoso reencontro. Não há nem como criar apelidos para todos, basta dizer que eram várias pessoas queridas e que pude privar de conversas as mais variadas de como preparar um bifum a dilemas existenciais, ao convívio com a Síndrome de Down a críquete (não muito desse último). Queria ter ficado mais tempo com as minhas amigas psicólogas, mas não houve brecha ou não soube criá-la. Esse para mim foi o grande desapontamento do evento. Mas conversei em especial com dois amigos e o papo fluiu fácil, embora, para variar, tenha me colocado mais no papel de ouvinte. Pensando bem, me posicionei também. O convite para a Vila Edna foi feito uma vez mais e agora é tomar coragem para ir amanhã, dia do encontro. Espero que consiga. Não revelarei particularidades das conversas, pois não acho conveniente, fato é que foi como um pequeno milagre que a existência ofereceu a minha pessoa. Sou grato às forças que fizeram convergir tais pessoas para o lugar que ia tão despretensiosamente. Meu primo-irmão não ficou por muito tempo, preferiu seguir para o Antigo, onde o nosso amigo cervejeiro estava participando de um evento de cervejas artesanais. Vi como os filhos do pessoal estão grandes e como a vida passa veloz. É uma pena ter que ser prudente em relação ao que foi trocado. Fiquei até o estabelecimento da aniversariante que é um lugar de reparo de bicicletas, nos dias de semana, fechar. Foi tremendamente bom e seria bom que tais reuniões ocorressem com mais frequência. Soube que meu amigo que passou em um concurso em São Paulo vai passar uns dias aqui no final do mês e que haverá encontro na casa do meu primo urbano. Será outro grande encontro. Nada posso acrescentar da festa que não seja de cunho pessoal das pessoas. Acho que eu tenho isso de puxar assuntos mais pessoais nas conversas, mas não sei se isso condiz com a realidade. Fiquei muito, muito puto porque não conseguir ouvir o que uma das minhas amigas psicólogas, que chamarei a partir de agora de minha amiga diretora para diferenciar da minha outra amiga psicóloga, estava dizendo. Acho que estou ficando surdo ou ela fala baixo demais, não sei. Sei que queria muito ter ouvido o que ela estava dizendo. Ela é uma pessoa que merece minha total atenção e não pude oferece-la simplesmente porque meu sistema auditivo não funcionou a contento. Espero, talvez, quem sabe, marcar um novo encontro com ela e a minha amiga psicóloga no A Fazendinha, onde nos encontramos da penúltima vez e que parece ser perto da casa das duas. Mas isso, por ora, é só devaneio. Me disse antissocial para elas e para mais um par de pessoas, quase como um pedido de desculpas pelo meu comportamento mais calado. Me indagaram sobre o filme que o meu amigo cineasta está fazendo, parece que tal empreitada foi amplamente divulgada entre esta turma, o que me foi muito constrangedor e intimidante. Estão todos curiosos para ver o resultado do projeto o que me dá calafrios. Bom, desde que não assistam comigo, está de bom tamanho. Eles sabem que vai acabar no meu aniversário até. Estão muito bem informados para o meu gosto. Mas é a vida e se ela preparou um encontro como o de hoje para mim e ousaria dizer para nós, não posso ter sentimento outro no momento que não gratidão. Ah, e disse à minha prima que a admirava. Foi bom. Já estou com saudades das pessoas que revi. Como queria que esses encontros se dessem mais vezes. Faria um bem danado para mim. Até participar dos dias de jogatina de futebol eletrônico na casa do meu primo urbano seria uma ocasião muito especial para mim. Vou pedir para ele me incluir.

23h03. Pronto, mandei mensagens de WhatsApp para o meu primo urbano comunicando todos os meus desejos de encontro com a turma. Agora preciso contar tudo o que não pude contar aqui no Desabafos do Vate. Por falar em amigos, alguma coisa aconteceu com o meu amigo Marinheiro. Estou preocupado. Ele sumiu do WhatsApp. A última comunicação foi a respeito de um cartão de memória (de celular, creio) não sei para quê.

23h13. Acho que o meu padrasto vai se deitar. Terei a noite para mim, como gosto. Depois de tanta companhia sinto que minha alma pede um pouco de solidão. É bom estar de volta ao quarto-ilha tendo o Hulk como novo membro da minha plateia cativa. É uma peça que não deixa de me impressionar. É o meu maior sonho de consumo realizado. Maior em todos os sentidos. Hahaha. Bem, voltemos ao Vate.

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15h04. Um dia especialíssimo passou e volto num dia mais tradicional da minha vida. Nossa, amanhã já é dia de terapia de novo. Meu primo urbano respondeu aos meus pedidos, mas não quero ler agora, não quero dar sinais de que acordei, pois estou com receio que ele queira ver o Hulk. Não tem nada demais isso, mas agora não estou com o espírito preparado para essa interação. Tico e Teco ainda estão se reativando e gosto de dar tempo a eles para que se entendam bem. Fiquei impressionado como a filha de um dos meus amigos desenha bem, reminiscência de ontem. Continuo achando uma boa ideia o encontro n’A Fazendinha ou coisa que o valha o que denota que não estou antissocial de todo. Acho que este post, embora curto deva se encerrar aqui. Que ele seja um pequeno recorte da minha vida e de um dia surpreendente e feliz. Só continuo frustrado porque não consegui ouvir o que a minha amiga diretora falou.

15h21. Acho que não vou escrever outro post agora, vou me focar em digitar o diário do Manicômio. Saco. Lembrei que preciso revisar. Não é como Vate que vai de qualquer jeito.

Cantinho do escritor com um novo toque de verde.


15h53. Revisando me lembrei do encontro hoje na Vila Edna. Não tenho coragem, pelo menos não no momento. E acho que já está tarde. Ouvindo Sandy em homenagem ao papo que rolou na festa ontem. E esperando a foto do cantinho do escritor chegar do meu celular para o computador. Está demorando. Me envio por e-mail. Enquanto a foto não é enviada, vou me deixando por aqui. Acho que eu e minha amiga diretora gostamos de conversar de assuntos semelhantes, sobre o eu e os dilemas existenciais da condição de ser e estar nesse mundo. Posso estar enganado em relação a isso, porém. Está tarde demais para ir à Vila Edna. Aliás, se estivesse pronto, seria o momento apropriado. Comentei com a minha mãe sobre a festa e sobre o convite. Ela me incentivou a ir, mas não me encontro preparado. Será que a namorada do meu amigo leu o meu blog? Ela parece ser daquelas que cumpre o que se propõe. Pareceu ser uma pessoa fantástica, fiquei muito bem impressionado. Bom, a foto foi enviada, vou postar isso e começar a digitação. E a Vila Edna? Tudo a seu tempo. Não é o tempo ainda. Eu não me sinto disponível, mas confesso que uma parte de mim quer ir. Tenho saudades do povo de lá. Lembrei que o meu primo-irmão se dispôs a me colocar um pouco de autoconfiança através da hipnose. Não sei se estarei hipnotizável, mas tenho curiosidade de experimentar o procedimento. Bem, não vou à Vila Edna, está muito tarde. 16h26. O momento ideal é de 16h00. O que são 27 minutos, não é? São uma desculpa para evitar uma interação que me deixa inseguro. Eu com as minhas frescuras. Mas não quero me forçar a uma coisa que não estou ainda preparado. Mas que anseio paradoxalmente. Bom, vou postar isso.  

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