sábado, 25 de junho de 2016

SEM QUERER, QUERENDO



Hoje eu estava a fim de ir no forró da Casa Astral, mas acabei não indo. Começou a chover e o pouco de animação que eu tinha escorreu com as águas. O problema da chuva nem é lá no forró realmente, mas na caminhada até lá. Além disso, as ruas estão meio ermas devido ao São João e isso pode torna-las mais perigosas. Eu sei, eu sei, isso tudo são desculpas de amarelo. É que eu estou com a síndrome do “sem querer, querendo” (ou seria “querendo sem querer?”). É como se eu tivesse o desejo e me faltasse a motivação para certas coisas. O mesmo se deu com o jogo Fallout. 3. Eu primeiro levei dois meses para criar coragem e colocar o bicho para jogar. Assim que saí da fase tutorial e enfrentei minha primeira morte, desliguei o jogo e não sinto o mínimo estímulo de encará-lo novamente. Da mesma forma estou eu com a série Evangelion. Enfim consegui a série completa para assistir, série esta das bonecas que mais coleciono e, pá, empaquei, não estou com disposição nenhuma de ver o quarto disco. E olha que o terceiro acabou com uma grande revelação/reviravolta na estória. E o pior, a síndrome do “’sem querer, querendo” não me perturba tanto, pois o que realmente quero, que é ficar grudado nesse computador, ouvindo música e bebendo coca zero, eu faço com o maior prazer até altas horas da noite. Estarei eu me alienando da vida e perdendo o que me resta de juventude por causa de uma crise de preguiça aguda ou será que ir para o forró sozinho, ainda mais na chuva, já não me parece mais um programa tão atraente? Pior que, ao falar no forró, minha vontade de estar lá aumenta, bicho contraditório que sou, e minha mãe foi ao shopping, logo não tenho como arranjar dinheiro para ir. Selei meu destino e agora não tem volta. Mas, como indiquei, não me considero frustrado por isso. Uma menina que eu acho interessante confirmou que iria, mas não sei se ela foi, nem ela me interessa tanto, nós somos incompatíveis, não duraríamos muito juntos. E não queria que ela me visse gordo e barbudo como estou agora. Ela me conheceu 15 quilos mais magro e com a barba aparada, seria uma decepção ver-me assim, creio eu. Talvez esta imagem que ostento agora seja uma das coisas que me faça não querer ir para o forró. Ouvindo “Pitanga” de Mallu Magalhães. Fato é que preciso perder vinte quilos e, assim, ganhar 200 quilos de autoestima. Mas quero fazê-lo do meu jeito, através da “Dieta Somaliana Leve”. Não quero fazê-lo de nenhuma outra forma, pois esta é a forma que consigo, que consegui. E é a forma que sofri menos. Aliás, tirando superar as fomes noturnas, que são de lascar devido aos remédios, e para elas a única solução é trancar a cozinha, o resto eu tiro de letra. Vou voltar a pedir à minha mãe para trancar a cozinha. Hoje. Preciso tomar uma atitude em relação a esse peso que me pesa a consciência e gera um desamor grande por mim mesmo. Emagrecer. Essa é uma meta que eu tenho que querer, querendo. E eu quero, querendo. Então, hoje, nada de ataque à cozinha, pois ela estará trancada. Com o tempo me habituo a não ter o que comer à noite. Mentira, da outra vez não me acostumei, mas é um preço pequeno a se pagar. Estou escrevendo mas com extrema dificuldade em me concentrar, com dois ou três pensamentos na cabeça e prestando atenção às letras do disco de Mallu. É um disco novo para mim, que pretendo desbravar. Não é um disco difícil o que facilita bastante, já começo a gostar de mais músicas e algumas já começam a grudar no meu ouvido. “Blackstar” é bem mais indigesto e não sei se tenho a motivação para escutá-lo trinta vezes até desvendá-lo. “Blackstar” é sem querer, querendo. Mallu é querendo, é leve e gostoso. Não quero coisas difíceis e pesadas na minha vida. Não quero estresse. Quero leveza e seguir meu rumo do jeito que mais me apraz. Se é, por ora, grudado nesse computador, que seja, então. Não há crime ou pecado nisso. Se não quero, por ora, Fallout.3 ou Evangelion, que seja. É porque eu não quero que seja agora. Pode ser que mais tarde eu queira um ou outro. Sei lá das minhas vontades. Sei que a menina que me interessa acabou de responder no Facebook que não foi pro forró. Menos mal. Aí eu acabei dizendo que não me interessava mais por ela porque acho que a gente não combina por eu ser um completo alienado político. Ela é superpolitizada. É uma parte muito importante da vida dela. De toda sorte, disse que guardaria os chocolates suíços que trouxe pensando em dar para ela por mais um mês, que se ela os quisesse, que marcasse um encontro na Praça até o dia 25/7, senão eu mesmo comeria os chocolates. É claro que ela não vai marcar encontro algum e é bom que aí dou os chocolates para as minhas amigas psicólogas. Que também estão fuleirando muito, por sinal. Vou colocar o disco de Mallu para rolar uma vez mais.

Ontem recebi o conselho de um amigo (muito) bêbado para que eu falasse e pedisse perdão a Clementine agora que desencanei dela. Não se pode levar tais conselhos a sério e eu nunca falaria com a fala disto com ela, mas repartir com ela a boa nova por um e-mail talvez seja uma boa idéia. Não sei. Preciso meditar sobre o assunto. Ele, o amigo bêbado, falou com tamanha convicção da imperiosidade desse comunicado que mexeu comigo. Não sei. Mas sinto um quase querer, querendo escrever o e-mail. Nada muito longo ou meloso, um comunicado simples, simpático e direto. É definitivamente algo a se pensar. São pingos nos “is” que devem ficar bem marcados, já que isso já foi fonte ininterrupta de transtornos para nós dois por tanto tempo. Vou maturar a idéia e tentar botá-la no papel para ver como fica, se fica válido mesmo.

No mais, há coisas dentro de mim que não cabem aqui. Fazem parte dos 3% que não revelo neste espaço. Até porque são coisas que ao mesmo dependem e independem da minha pessoa. E aqui só falo daquilo que é definitivamente meu. E tento ao máximo não envolver terceiros aqui (por mais que às vezes seja inevitável, posto que minha vida se intersecciona com outras), mas estes 3% não estão me assombrando tanto assim, então nem merecem muito espaço no meu armário. Por sinal, é um lugar que preciso revisitar. E talvez seja o que vá fazer agora. Isso ou a carta para Clementine, não sei. Talvez faça os dois. Ouvirei meus quereres quando abrir a página em branco com a barrinha piscando. Ela vai me puxar para o que está para acontecer. Inté.



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