segunda-feira, 25 de julho de 2016

UMA COISA QUALQUER


Só para ter a foto de uma coisa qualquer em vez daquele negócio sem graça que aparece.
Esse é um kit original muito antigo. Acho que comprei faz uns 10 anos, que um dia, se conseguir,
Vou mandar alguém montar e pintar, mas não vou querer a moto azul. Vou querer ela cor de pérola
ou branco perolizado. Um dos dois. Vamos ver se eu consigo. Nem que me tome mais 10 anos!


Faz algum tempo que não venho aqui. Venho da Casa Astral. Vi uma garota que muito me agradou sozinha e quando finalmente tomei a coragem necessária para falar com ela, a danada tinha sumido. Quero ir na Casa Astral de novo só para ver se encontro com ela novamente. Minha vontade era arrumar mais vinte reais e voltar lá agora, pois acredito que ela ainda esteja lá, mas sei da impossibilidade disso porque minha mãe não tem vinte reais trocado e não me permitiria sair novamente. O meu amigo falou para a sua acompanhante que eu era um grande poeta. Não sei de onde ele tirou essa, mas ele não estava nem um pouco interessado em mim e sim na menina e falou qualquer bobagem para me apresentar rapidamente a ela. Sendo educado, sabe? Comigo e com ela. É o jeito dele. Fato é que isso me deu vontade de escrever algo de forma mais poética. Eu era capaz disso antigamente, não sei onde foi parar esse talento, como foi que os anos me roubaram isso. De toda forma, vou tentar escrever algo mais poético para uma musa qualquer. Vamos ver o que sai.

Da pureza dos teus olhos, sai um olhar que me diz o que as palavras escondem. Falam de um abraço desejado, mas nunca prometido e de um possível beijo depois desse abraço. Da pureza dos seus olhos é lançada sei lá que luz que ilumina o meu peito e o faz arder uma ardência amorosa que é ao mesmo tempo frio na barriga e raio na espinha, é uma chuva que transborda minha alma por ser maior que ela. Da pureza dos seus olhos algo se transmuta em desejo infinito, eterno e terno, essa chama que os românticos como o bobo que escreve isso chama de amor. Dos meus olhos não sei o que emana, o que a ti chega. Não sei se meus olhos sabem emanar o sentimento que as palavras que não posso ainda dizer calam. Não posso ainda dizer porque algo maior que eu, um pudor desmesurado, uma vergonha doentia me impedem, principalmente diante da pureza dos teus olhos. E fico eu a te fitar e você a me fitar. Em silêncio. No mais evocativo silêncio.

É, perdi o jeito, perdi minha poesia. Estranho isso. Não acho que seja falta de prática. Talvez seja falta de algo na alma, de poesia na alma. São tantos anos de solidão que a poesia em mim atrofiou como um músculo pouco utilizado. Tenho convicção de que se tiver minha alma preenchida de amor ou paixão, a poesia brotará novamente e caudalosamente como dantes.

No mais, tenho vivido mais o meu outro blog que este, pois ele tem me dado mais prazer, posto que me dá uma sensação de realização superior a este que é apenas um fluxo desconexo de idéias. Tenho medo de que o conteúdo para o outro site seque, como secou a poesia em meu coração. Mas espero que não. Tenho medo que os leitores cansem e deixem de visitar o outro blog. Medo que não tenho com este, pois este eu escrevo mais para mim que para o mundo. Escrevo para me enxergar melhor, para desanuviar as idéias e descomprimir pressões internas e externas. Este não escrevo visando os outros. Escrevo por escrever, pelo prazer da palavra. Ao contrário, o outro visa os outros que, como eu, amam bonecos. Se eles não visitarem, não há razão de ser para o blog. Espero que isso não aconteça, pois é o que tem preenchido esta vida vazia que levo. Principalmente agora que o estabilizador pifou e estou sem Netflix, filmes e games. E estou perdendo minhas habilidades sociais todas. Sento numa mesa de bar com um punhado de amigos e amigas e fico calado, ouvindo. Vejo a menina bonita e solitária e não vou falar com ela. Minha vida social se resume ao CAPS e, mesmo lá, tenho calado muito mais do que falado. O silêncio só não existe diante do computador, onde me torno muito prolixo como vocês podem ver. Mas em todo o resto, na parte real, calo. Isto não é bom, embora seja agradável ouvir apenas e ver meus amigos e as outras mesas existindo. Por mais que este tipo de interação passiva me pareça algo um tanto doentio, assim mesmo me agrada. E se me agrada acho que está bom. Se achar que tem que melhorar, certamente abrirei minha boca para despejar minhas inutilidades. Ou pelo menos creio que vá fazê-lo. Certamente irei fazê-lo. Mas, por ora, não me sinto confortável em fazê-lo e nem sinto que tenha algo de aproveitável para acrescentar ao diálogo. Quando tenho acrescento. Não fico absolutamente calado o tempo inteiro. Isso seria uma afirmação hiperbólica, mas digamos que fale 90% menos que os demais. Também não tenho a muleta social da cerveja, mas o caso não é esse. O caso talvez seja que eu esteja alienado do mundo em que eles vivem, da mesma forma em que eles estão alienados do mundo em que vivo. Essa incompatibilidade de realidades gera o silêncio. Mas absorvo e me aproximo assim de onde eles estão no mundo. Não seria egoísta de tentar fazê-los entrar no meu mundo. Não importa, me aproximando do mundo deles, posso opinar e combinar mais as conversas. Com o tempo e mais saídas, talvez me aproxime e me torne mais vocativo. Sim, é o que vai acontecer. Tenho apenas que aguentar as saídas até mais tarde e aumentar o número delas. Fico por aqui, pois quero voltar para o meu outro blog. E porque não há nada mais que possa dizer aqui. Ah, há sim. Uma coisa me doeu e esta coisa que ainda dói, dói calada. Pois calada em mim ela deve permanecer e ser. Vou revisar e publicar para poder voltar aos meus bonecos.



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