sexta-feira, 6 de outubro de 2017

BRASIL, ENFIM

Estou conversando com o quarteto fantástico, sobre as últimas novidades. Pena não serem tão boas, o sogro do meu amigo cineasta faleceu. Pelo menos parece que sua esposa está lidando bem com essa perda. Estou sem saco para escrever. Estou sem saco para nada. O maior choque da minha volta para o Brasil foi térmico mesmo. O calor pegajoso que aderiu à minha pele assim que saí do aeroporto foi o maior incômodo, mas a aclimatação foi relativamente rápida e tranquila, embora tenha acabado de ligar o ar. Hahahaha. Ouço vozes dialogando lá fora, uma é da minha mãe.

15h39. Fui pegar Coca, que esqueci na cozinha e vou ter que voltar lá para pegar, e só ouvia a voz da minha mãe pois ela falava ao telefone.

15h43. Peguei o copo, no qual inclusive só havia posto o gelo, não a Coca. Mais um indício de que estou ficando gagá. Mamãe me pediu um copo d’água e tive de provê-la com um. O mesmo que ela esqueceu em cima de um livro, algo que se feito por mim, seria uma falta grave. Mas a dona da casa é ela, ela pode tudo. Ainda bem que era um copo de água natural, não manchou a capa do livro. Um belo exemplar com as melhores imagens da National Geographic. Sim, mas mais da minha volta ao Brasil. Quando estávamos todos embarcados em Frankfurt, prontos para vir para Recife, o comandante da aeronave constatou que esta não tinha condições de voo e tivemos todos que descer e sermos reconduzidos a novo avião. Ainda bem que ele descobriu o defeito antes de decolarmos ou quem sabe eu não estivesse aqui para contar a história. Sei que isso atrasou a nossa chegada em duas horas. Minha mãe sinalizou bem que fico meio intragável quando passo muitas horas sem fumar. Só fiquei tranquilinho quando cheguei em casa e fumei um Marlboro no hall de serviço. Chega me deu aquela dormência peculiar de quem está sem nicotina nenhuma no sangue. Fiquei calminho, calminho na hora. Parecia realmente o que é, uma droga da qual estava com síndrome de abstinência. Comuniquei a meu amigo cineasta que as imagens que fiz da Alemanha ficaram uma porcaria. Ele riu e disse que isso poderia acrescentar à experiência. Vamos ver se ele vai manter a mesma opinião quando vir as imagens. Hahahaha. Tenho me comunicado mais com a minha irmã pelo WhatsApp depois dessa viagem, acho que intensificamos os elos de nossa relação. Eu, pelo menos, sinto assim. Fui anormalmente proativo dessa vez, o que acho que não ocorrerá nos EUA. Por falar em EUA, vou tentar falar com o meu irmão.

16h18. Liguei para ele, contei de todas as desventuras e aventuras em Munique (mais das desventuras) e perguntei a ele se ele havia comprado o meu Zeldinha e mandado pela tia da minha cunhada, algo que ele confessou que esqueceu completamente e que tentaria reparar antes da volta da família da minha cunhada para o Brasil, para que assim eles tragam o game para mim. Falando em games, comecei a jogar Persona 4 ontem, mas a fantástica faxineira veio arrumar o meu quarto e acho que não salvei nada. Não descobri onde salvava e dei um quit game. Todos os meus controles estavam descarregados devido ao longo período sem uso, então carreguei o do Wii U e um dos dois do PS3. Talvez dê mais uma chance ao Persona 4 hoje, não sei. Estava muito no comecinho ainda e só o comecinho já demora bastante. Não sei se o jogo salva automaticamente, mas acho difícil dada a natureza do jogo. Seria uma ótima receber o Zeldinha antes de ir para os EUA. Muito embora a própria Nintendo diga que o jogo dura mais de cem horas. Só se securar muito, consigo alcançar esse patamar de horas em dois meses. Queria fazer uma coisa agora, mas não posso. As leis da casa não permitem. Nem o cochilo que quero tirar, tirarei. Ficará tudo para a noite mesmo, quando as leis da casa são mais minhas, visto que as duas autoridades do recinto dormem. Se bem que com o sono que estou, não vai dar para fazer muita coisa à noite. Da minha viagem, apesar de todos os percalços de saúde que atingiram os meus familiares, guardo ótimas lembranças. Foi muito bom ter criado expectativas tão ruins, as piores possíveis, pois tudo de bom que aconteceu se descortinou como uma agradável surpresa. A familiaridade com a cidade foi outro ponto positivo, me senti num lugar conhecido e, portanto, mais acolhedor, mais fácil de me adaptar. As crianças não me atazanaram muito, foram muito menos intrusivas do que imaginava. E, principalmente, os vizinhos não apareceram! Ufa! Agora preciso preparar o meu coraçãozinho para a viagem para os EUA, que promete ser bem mais caótica em termos de sobrinhos e morgada em termos de passeios que a de Munique. Preciso também ir me preparando para encarar o severo inverno de lá, um outro aspecto que me desagrada deveras. Sei que não vai ser como o friozinho gostoso do outono europeu. Vai ser um frio canadense de doer na alma. Como queria que o meu quarto no porão estivesse pronto para poder me esconder das crianças e ficar escrevendo e fumando o meu Vaporfi por lá. Mas sei que isso não vai acontecer e que terei que fumar Vaporfi do lado de fora, no frio glacial que me espera. Pior ainda será para comprar cigarros lá. Se minha mãe fosse um pouco mais cabeça aberta, poderia me comprar cigarros para levar e isso solucionaria a questão. Iremos passar 20 dias. Acho que cinco, seis carteiras seriam mais que suficientes. Veremos. Melhor seis carteiras.

17h12. Me perdi pela internet, cuja conexão está uma droga, e fui pegar Coca. Já sei que amanhã terei que ir com mamãe ao médico fazer o seu exame. Ozzy. Mas é a vida de curatelado com tempo livre. Prefiro mil vezes que estar enfrentando as pressões e responsabilidades do mercado de trabalho, pressões e responsabilidades essas que me são insuportáveis, que me arrastam às mais escuras profundezas do ser. Prefiro esperar no consultório por minha mãe, ouvindo o meu iPod e pensando. Aparentemente mamãe está negociando sem muito sucesso uma carona com o motorista de vovó. Mas parece que mesmo se for com o motorista de vovó, eu vou ter que ir. Ai, ai... é a vida, é a vida. Começo a me preparar negativamente para a minha ida aos EUA, é a postura psicológica que me traz mais benesses, uma vez lá. Pois tudo de ruim que acontecer já me pega preparado e tudo de bom me surpreende. Quero ver se compro o Persona 5, último grande lançamento do PS3. Minha mãe quer que eu compre um celular. Acho que não conseguirei escapar disso, mas é algo que não me incomoda, aliás vai ser um bônus, pois meu celular está sem memória nem para fazer as atualizações dos programas. Tenho que toda vez limpar tudo do WhatsApp para conseguir fazê-las. Um com mais memória seria muito bem-vindo. E com uma câmera que minimizasse o tremor das minhas mãos na hora de bater uma foto. E que seja pequeno, caiba no bolso. Não preciso mais do que isso. Acabei de ver, por coincidência, que a Google está lançando novos aparelhos os Pixel 2 e o Pixel 2 XL e que a versão mais peba vai custar cerca de 650 dólares (mais taxas). Não sei se é uma boa pedida, pois acho que eles vão ter o mesmo problema do meu, ter todos os aplicativos da Google instalados (além de serem caros para chuchu). A coisa mais legal deles é que o mais peba vem com 64 GB de memória, mas acredito que consiga achar coisa semelhante, mais barata e sem as imposições da Google, de outras marcas, até celulares mais antigos.

18h40. Me perdi na internet de novo pesquisando celulares desbloqueados na Amazon. Confesso que pouco entendi. Confesso também que me bateu a vontade de comprar o Nintendo Switch com o Super Mario Odyssey, mas comprar e não jogar seria o cúmulo do ozzy. Principalmente para a minha mãe. Segundo para mim. E eu posso jogar na casa do meu amigo gordinho quando ele comprar (eu acho, também não posso ir me convidando assim). Em verdade, prefiro muito mais o Zeldinha do que o novo Mario. Pelo menos essa é a preferência que se faz agora dentro de mim. Não vou negar que guardo alguma curiosidade pelo Mario, mas essa não é o suficiente para justificar a compra de um console. Ademais, pode ser que o meu amigo gordinho me chame mesmo para uma sessão de Mario quando o adquirir. Vou falar com ele na nossa próxima ida ao cinema, que, segundo ele, se dará na semana que vem. Ou para ver “It” ou para ver o novo “Blade Runner”. Estou muito mais para a segunda opção, mas, como disse a ele, eu escolhi o do “Planeta dos Macacos” no nosso primeiro encontro, nada mais justo que ele escolha dessa vez. Não gosto de levar susto em cinema, mas me submeto se esse for o desejo cinematográfico dele. Estou com sono. Acho que ainda estou no fuso-horário alemão. Lá seriam 0h15 já. Mencionando isso, o que posso eu falar mais da minha volta ao Brasil? Encontrei-me com a mesma rotina de antes com a benesse de não ter o CAPS. Vou tentar negociar com a minha mãe trocar o CAPS pela terapia. Não sei se vai funcionar.

20h19. Me perdi pela internet pesquisando mais a fundo, a pedido de mamãe, esse negócio do celular. O que vi era GSM, sem CDMA. Fui pesquisar o que era GSM e se o tal do GSM era usado Brasil. Vi que era usado no Brasil, assim como CDMA, então fiquei meio que na mesma. Aparentemente, o CDMA é mais avançado, mas o GSM é mais utilizado. Bom, de qualquer forma perguntei na Amazon se ele funcionava no Brasil, vamos ver se algum bom samaritano responde à questão. Positivamente, eu espero. Acho que o celular é muito grande, mesmo em sua versão menor, preciso ver ao vivo para ver se cabe no meu bolso. Mas esse papo está muito chato, especialmente para mim que não tenho o mínimo interesse por celulares. Acho que meu padrasto chegou (enfim!) do trabalho. Isso é que é ser workaholic. Espero que não esteja evitando a casa com a nossa chegada. Ou com a chegada de mamãe especificamente. Mamãe fez um longo desabafo comigo sobre tudo o que a incomodava no momento. Não mencionou meu padrasto em momento algum, não tem queixas quanto a ele. Também não vou aqui expor o que me foi exposto. Acho indelicado e de uma insensibilidade sem tamanho. Minha leitora número um, que acho que deixou de ler este blog, me deu um abraço de verdade, mesmo sendo pouco afeita a tais tipos de contatos. Achei superlegal da parte dela e ela me pareceu melhor do que da última vez que nos vimos. Ficou feliz de eu ter curtido a viagem. A encontrei porque fui deixar os perfumes encomendados pela usuária do grupo AD, mas esperei até 13h30 mais ou menos e ela não apareceu, então minha talvez futura psicóloga achou que eu já havia esperado demais e me sugeriu marcar um novo encontro, mais combinado, por assim dizer, visto que não havia combinado nada com ela, apenas deduzi que ela não perderia esse grupo, o que ela de fato fez, mas chegou muito em cima da hora ou atrasada para o grupo. Fiquei de deixar lá na sexta, amanhã, na hora do almoço, mas agora com essa ida com mamãe ao médico não sei como vai ser. Espero que dê tempo para fazer as duas coisas. Acabei de mandar uma mensagem para a dona dos perfumes pedindo que ela chegue entre 10h30, 11h00 ao CAPS para que eu possa fazer a entrega. Não sei nem se vou acordar nesse horário, mas boto o despertador. Se ela me responder. Pode ter ficado injuriada com alguma resposta que dei ou deixei de dar, sei lá. Espero que não.

21h17. Limpei todas as imagens e vídeos do WhatsApp para atualizar os aplicativos do meu celular. Para variar. Espero que isso demore para acontecer no suposto novo aparelho que adquirirei nos EUA. Quero ver quando mamãe souber do Hulk. Ela anda tão enervada e para baixo, triste e com raiva, que não acho um bom momento para compartilhar essa informação com ela. Espero que ela melhore de ares antes de a merda se dar. Bater no ventilador, como dizem. Saber se ela quer arriscar trazer a figura de avião, mesmo sabendo que o Brasil não aceita pacotes de tamanho maior que o permitido pela regulação. Tenho inquiri-la sobre a coragem dela de usar ou não o jeitinho brasileiro com a alfândega do Brasil. Isso se a figura for realmente entregue enquanto estivermos lá nos EUA. O que acho que tem uma probabilidade de 30% de acontecer. É possível, mas não provável. Vamos escrever como no Desabafos do Vate. Ou tentar?

22h28. Vou botar “Medúlla” para me inspirar. Mudei de ideia, decidir ouvir um CD mais fácil. O “Vulnicura”. A Coca está geladíssima e acabei de traçar uma paçoca com feijão preto, tudo frio da geladeira, claro. Não gosto de comida esquentada em micro-ondas, não sei por quê. Nem vou sujar panelas e queimar a comida. Então, como não me incomodo, como-a gelada. É quase um pecado falar de trivialidades ouvindo “Vulnicura”. 22h24. Parei agora para sacar o som. Isso seria para falar de amor. Mas vamos pular esse assunto porque não estamos de fato no Desabafos do Vate. Vou parar de botar aspas, nunca as boto lá, isso posso trazer momentaneamente para cá. Agora me sinto bem. Há um banho a ser tomado e antes ser tomada a coragem para tal intento. Aqui no meu quarto-ilha, está tão bom por enquanto. São 22h38. De 0h00, tomo o meu banho e vou dormir. Vou ter que ir para Porto no sábado para o aniversário da minha tia, irmã caçula da minha mãe e que tem enorme ascendência sobre minha genitora, tanto que a convenceu a ir. E eu vou a tiracolo e sem levar o computador, o que é pior. Seria muito sinistro se eu chegasse no meio da celebração, sentasse no meio do terraço, ligasse o meu computador e começasse a escrever, me excluindo de todo o convívio social. Não o levarei, então. Levarei, sem dúvida, o iPod. Se possível, uma carteira de Marlboro vermelho. KS. Acho que vou tomar banho. O sono começa a bater. Não, ainda não, ainda há mais leite a se tirar dessa pedra. Eu que me torno cada vez mais insensível aos problemas alheios. Com a couraça que me separa do mundo cada vez mais espessa. Aos poucos construo um muro em volta de mim, me separando da sociedade com em The Wall. Ao mesmo tempo que faço esse movimento, faço o movimento outro de me permitir filmar para um documentário que nunca vai sair (não vejo como), o que significa interação social, e saindo para o cinema com o meu amigo gordinho uma vez ao mês. Mesmo assim, sinto que interajo com eles por cima do muro que estou erguendo ou talvez sendo estranho demais. Fato é que ambos voltam a me procurar ou eu a eles e o contato é querido por ambos os lados. Ou assim me aparenta ser. Do meu lado meio receoso, de não alcançar as expectativas deles em relação a mim, pois sou uma pessoa tão outra do que fui quando nos encontrávamos quase todo dia aqui no condomínio. Grandes tempos. Muita interação social com um grande grupo do que pode se considerar amigos, que formou uma forte conexão entre nós, alguns permaneceram mais próximos, outros se distanciaram mais. A maioria se dissipou após sair do prédio, essa é a verdade, mas ao nos encontrarmos, transformados pelos anos, o que deve ser motivo de estranhamento de ambas as partes, ainda vem uma conversa fácil, calorosa e honesta. 23h05. Vou fumar um cigarro.

23h13. Falávamos sobre reminiscências do passado. Abaixei o som para o volume 9. Estava muito alto, acho que podia se ouvir do quarto da minha mãe, um absurdo. Eu não devo perturbar o sono dos demais integrantes da casa com as minhas sandices. Mas que preferia mais alto, eu preferia. Quando acabar o copo de Coca que acabei de encher, pretendo tomar banho. Vamos ver quão pretensioso estou sendo. Guardo muito poucas memórias da época da Turma das Ubaias. Lembro ou me vem à mente com enorme claridade uma coisa que fazia, acariciar a sombra da minha futura primeira namorada no piloti do prédio onde sentávamos no respiradouro da garagem, eu acho que aquilo era isso e acho que nem existe mais, de onde a sombra das pessoas sentadas eram projetadas com nitidez na grande coluna à frente. E eu acariciava sua sombra num quase-toque, que dava uma sensação quase táctil aquele ato que acho tão poético hoje em dia e que, hoje em dia, dificilmente repetiria com alguém. Minha couraça está mais espessa o muro está mais construído, e não estou inundado de hormônios da puberdade como estava na época. Acabou o copo de Coca, vou tomar banho.

0h10. Banho tomado, pronto para dormir.

-x-x-x-x-

12h37. Acabei de voltar do CAPS, onde entreguei os perfumes para uma esfuziante e feliz proprietária. Ela me contou as novidades, duas para ser específico, uma engraçada e outra sem graça nenhuma, aliás trágica, não fora a evolução da medicina dos dias de hoje. Voltei meio mole e tonto, não sei se por conta do calor, não me sinto no meu melhor agora. Estou resfriando no ar e tomando Coca com gelo. Estou ligeiramente enjoado. Não sou dado a esses faniquitos, isso é algo novo para mim. De repente eu esteja mais atento ao meu corpo, sei lá. Sei que isso não me impedirá de acompanhar mamãe ao médico e, sim, amanhã irei a Porto de Galinhas para o aniversário da minha tia. Sem computador. Novamente não guardo as melhores expectativas em relação ao evento, pode ser até que haja momentos de estresse devido a uma pendenga financeira de um dos meus tios, então o que vier de bom vai ser lucro. Se houver esse estresse familiar, que parte do meu tio, mas envolve todos os filhos de vovó, eu, sem titubear, irei para a praia até os ânimos se acalmarem. Se se acalmarem. O babado pode no pior cenário simplesmente acabar com a festa. Mas acho que estou sendo demasiado catastrófico nesse prospecto. Acho que vai ser um momento de alegria e confraternização. Tenho que dormir cedo hoje, ou dormir à tarde quanto voltar. Preciso descansar. Não me sinto realmente bem.

13h21. Estou melhorando. Já me sinto mais disposto. Estou todo pronto, só falta colocar os sapatos, que já separei.

16h22. Acabamos de voltar do exame que não houve, pois mamãe esqueceu a requisição do médico. Começo a ficar – e ela dá sinais de estar também – profundamente preocupado com a sua memória. Acho que já é o momento de ver um médico para analisar isso e desvendar o que está havendo com a sua cabeça. Vou discutir isso com a minha tia amanhã em seu aniversário, o tal de Porto. Incrivelmente não estou muito amuado com a situação do aniversário, me incomoda apenas o fato de acordar cedo. O resto acho que pode até ser divertido, caso não haja a lavagem de roupa suja sobre a herança entre os irmãos. Isso poderia arruinar a festa. Eu acho que mamãe está com receio de ir a um médico da cabeça e descobrir o pior, mas caso o pior seja, quanto antes começar a se cuidar, mais qualidade de vida terá. E também pode não ser nada. Ou pelo menos nada de tão grave quanto Alzheimer. Perdi o sono, mas hei de reencontrá-lo ao me deitar na cama. 16h57. É o que vou fazer agora. Ou melhor, daqui a pouco. Preciso realmente conversar com titia a respeito dos problemas cognitivos de mamãe. Não posso me esquecer. Acho que levarei a câmera amanhã para fazer uma filmagem. Se pudesse, levaria o computador também. Mas acho que realmente não cabe na história o meu CPU. Só se fosse dormir lá, aí caberia, pois poderia usá-lo depois da festa. Ontem contribuí com vinte reais para o Wikipédia. Acho um dinheiro superbem investido. Poucas coisas consigo conceber como sendo tão úteis em se empregar dinheiro. O Wikipédia, na minha cabeça, será, se já não for, a grande fonte de conhecimento da humanidade e me sinto na obrigação de contribuir com isso, me agrada a ideia de que eu faço parte de uma forma mínima dessa história que se confundirá com a própria história da humanidade, que ajudará milhões ou bilhões de jovens – e não só jovens, mas mulas velhas como eu – a adquirir conhecimento confiável. Cada vez mais confiável. 17h29. Me perdi pela internet e perdi o sono. Botei o CD – é, CD – de Britney, “Blackout”. Incrível como nesse som, ele ganha uma nova dimensão, profundidade, noto detalhes que não havia percebido até hoje, é superbem produzido. Estou voltando a cogitar pedir o reembolso do Goliath, um boneco que comprei há três anos praticamente, senão factualmente, e ainda não foi lançado. Foi prometido para o quarto quarto desse ano, ou seja, até dezembro. Pensando bem vou esperar o prazo se esgotar e então pedir o reembolso total. Talvez, como incentivo para receber o reembolso total, eu mencione que penso em abrir um processo contra a empresa. Acho ozzy usar desse expediente, mas acho muito mais ozzy ser enganado e perder o meu dinheiro. Bom, eles ainda estão dentro do último prazo que me deram. Dureza é que não vou poder trazer ele para o Brasil, pois é outro produto oversized. Não sabia nada sobre essa coisa de oversized quando o comprei. Só fui descobri da forma mais amarga possível com o busto do Hulk. Dura realidade que preciso repartir com a minha mãe. Cuja reação eu só posso supor e o que suponho me dá calafrios. Preciso arrumar uma maneira de comprar a Red Sonja antes de dar a ela esta notícia. Argumentar que se eu comprar até novembro, as parcelas serão menores, a partir daí vão aumentando, pois há menos meses para dividir. Sei que parece uma jogada perniciosa e é. Mas, por outro, lado comuniquei tudo a ela por e-mail, inclusive do envio desse boneco diretamente para o Brasil. Não há nada que esteja fazendo realmente às escondidas, ela pode não ter ideia do valor a ser pago pelo busto do Hulk, do qual faço apenas vaga ideia também. Só sei que vai ser muito caro. Extremamente e estupidamente caro. E ainda corre o risco de vir danificado pela alfândega. Isso se entregarem. Mas espero que com tantos tributos a resgatar, eles queiram entregar e colher a dinheirama. Para ser sincero estou com a cabeça em outro lugar no momento. Em outro impossível que quero tornar possível. É incrível como Britney não tem voz nenhuma. Gosto muito dessa música que passa agora. Por sinal é uma cantora que está totalmente fora da mídia. Vou procurar no Spotify quando saiu o seu último disco. Deve fazer tempo. Me enganei, ela lançou um disco no ano passado, mas aparentemente não fez tanto estardalhaço como em épocas anteriores. E o rosto dela parece plastificado na capa. Estranhamente plastificado. Como se tivesse mudado o nariz e aumentado os lábios bem no padrão das plásticas norte-americanas. E a foto é bem lavada, com muita luz, como se quisesse ocultar o seu rosto mais que revelá-lo. Fiquei curioso para ouvir esse “Glory” dela. Quando o que estou ouvindo acabar, vou botar para ouvir. Quero ouvir também os mais novos do Linkin Park, sempre tive curiosidade e o Spotify, coisa mais maravilhosa, me dá essa possibilidade, dentre inúmeras que nem posso imaginar quais são. Sei que virtualmente (em ambos os sentidos) toda e qualquer vontade musical que tenha pode ser satisfeita por esse serviço. Algo que os que nasceram num mundo com Spotify não vão conseguir compreender é como a música era consumida antes do Spotify, eles certamente vão estranhar o conceito de mídia física e de se comprar um álbum inteiro de um cantor, não só os hits. Estou ficando velho mesmo. As tecnologias com que cresci vão ficando para trás, sendo virtualizadas cada vez mais. Gostei da primeira de “Glory”, “Invitation”, gostei tanto da voz, quanto dos arranjos quanto da melodia. Surpreendente. Tanto gostei, de prima, que já adicionei ao meu playlist mais tocado, o número 6. Gostei da segunda também. Estou gostando mais que de “Blackout” até agora. E ela está usando falsete, o que é legal, seu falsete é bem doce. Na terceira, que também gosto, embora menos, sua voz está parecendo como a de desenho animado. Hahahahaha. É um disco mais calmo que o “Blackout”, isso me agrada. Pelo menos até a terceira música. Estou sentindo que uma dor no cóccix se aproxima. Fiquei pasmo que não tive nenhuma na Alemanha. Ou nos voos. Gostei da quarta também. Interessante que o jeitinho dela cantar parece mais jovial que no CD que ouvia. Mais delicado, feminino. Interessante. Interessante são as técnicas de mixagem para dar suporte à sua voz. A quinta já não gostei, embora seja praticamente sussurrada, o que é uma coisa legal, diferente, não me agradou a melodia. Pelo menos não de primeira como as demais. Estava cogitando acrescentar o disco inteiro à playlist 6, mas já mudei de ideia. A não ser que essa seja a única fraca, o que acho difícil. Definitivamente não vai entrar na lista 6. Para falar a verdade, vou pular as músicas para ver se há mais alguma balada. Essa Britney não tem voz nenhuma, nasceu foi com o belo bumbum voltado para lua. Pelo menos costumava ser um belo bumbum. 19h20. O disco torna-se cansativo. Salvei mais uma “If I’m Dancing” e pulei para o último do Linkin Park. Começou extremamente leve e pop. Estranho. Parece balada de boy band. Isso me deixa interessado pelo resto do disco. A segunda, apesar do rap, também é lentinha e melosa. Vai ver que é um disco póstumo. Acho que ao invés de ficar narrando músicas, vou jogar um pouco de Persona 4. Mas estou sem vontade nenhuma. O disco até agora é bem light. Curioso. Será que essa era uma vertente que eles estavam trilhando ao longo dos álbuns anteriores? Me lembrei de um colega de internação que era fã de Britney e Linkin Park, talvez por isso tenha inconscientemente pulado de uma para o outro. Não é mera coincidência na minha opinião. Foi outro que “conquistou” Nina durante a internação. Não que isso fosse difícil, só era impossível para mim, talvez porque a tratasse bem demais e fosse um cavalheiro para com ela. Esse disco embora menos chato que o de Britney, é chato também. Vou fazer o que meu primo urbano condena, vou colocar em modo aleatório na discografia do Linkin Park para ter uma visão mais abrangente do que os caras fizeram depois de “Hybrid Theory”, o último e único que realmente ouvi e do qual tenho o CD por algum lugar aqui de casa. O modo aleatório já colocou numa música mais urgente, mais no estilo que esperaria do Linkin Park. 19h43. Minha mãe me prometeu fazer uma farofa de calabresa com cebolas e manteiga, mas até agora nada e, pelo que prevejo, ficarei no nada mesmo. Daqui a pouco ela vai estar muito cansada para fazer qualquer coisa e vai dormir e eu que só comi Manner hoje, que minha irmã comprou para eu trazer, vou ficar com fome. Vou comer feijão com farinha. Mas estava desejando essa farofa da mama. Sim, eu mesmo posso fazer a farofa, mas não tem a mesma graça de uma feita pela minha mãe. Estou achando o som do Linkin Park menos inventivo que Infected Mushroom e vejo certa similaridade entre os sons de ambas as bandas. Vou ouvir o disco do Blink 182 do qual ouvi algumas músicas durante a internação, o primeiro disco sem o vocalista da banda, eu acho. Sem algum dos integrantes. Achei a música que procurava, que virou um hit da internação “No Future”, do disco “California”. Já foi para a lista 6. Coloquei outra, uma baladinha, “Home Is Such a Lonely Place”. Aposto que o Marinheiro, superfã da banda, deve odiar esta. Bateu saudade do Marinheiro.

20h05. Meu padrasto já chegou e conversa com mamãe. Comi um pedaço velho de queijo de coalho frito para preencher o vazio da minha barriga, se ficar só no Manner, vou acabar enjoando da guloseima. Acho que vou me deitar um pouco, pois não encontro vontade de fazer mais nada. Penso no Persona 4, mas passar por tudo de novo me dá preguiça. Não é isso. É que estou sem vontade de jogar mesmo. Ou com uma vontade tão pouca que não justifica o esforço para mim. Talvez essa vontade crie raiz, mas por enquanto é só estéril semente. Fico tentando me enganar que se fosse o novo Zelda eu estaria mais disposto a jogar. Isso me soa como verdade, mas não tenho certeza. Acho que não vou possuir a estátua do Swamp Thing. Pelo menos não até saber o tamanho da caixa. Ou seja, até depois de ela ser lançada. Não me importo com isso, de quando. E quero ver fotos, mais fotos, digo, para tomar a decisão final. Mas tudo se encaminha para a Red Sonja ser a minha última estátua, se a minha estratégia das parcelas funcionar com a minha mãe. A caixa da Red Sonja eu sei que cabe como bagagem. Tenho sérias dúvidas sobre a do Swamp Thing, entretanto, então a melhor estratégia para ele é esperar. Se fosse apostar, apostaria que sua caixa será maior que o permitido em voos para o Brasil. Infelizmente. Se bem que nem estou tão animado com a figura mais, o afã da novidade passou. A Red Sonja, por outro lado, ainda me encanta como a mais bela estátua feminina já produzida pela Sideshow. Só a pintura da cabeça é que pode detoná-la, mas confio que o controle de qualidade da Sideshow melhorou bastante. Ou assim, minha esperança quer crer. Nossa, como estou preocupado com a alfândega abrir e arranhar a pintura do meu Hulk ou danificá-lo de alguma forma. 20h40. Acho que essa farofa não vai sair hoje. Melhor ir me acostumando com a ideia. Qualquer coisa, ataco o peixe que será o almoço do meu padrasto amanhã. É, meio como uma retaliação mesmo por me criar uma grande expectativa e frustrar. Não, isso é muito infantil. Como feijão com farinha ou faço eu mesmo a farofa. Claro que vou ficar só no feijão, né? Preguiça chegou aqui e ficou. Hahahahaha. Queria muito a farofa da mama. Vou passar para pegar Coca e fazer uma pressãozinha com a minha aparição.


20h48. Aparentemente a pressãozinha funcionou. Ela disse que iria ao banheiro e que iria fazer a farofa. A não ser que o meu padrasto a desestimule a isso. É uma probabilidade. Mas vamos fazer de conta que não é. Minha mãe pode adentrar no meu quarto e dizer para eu me virar com o que tem na geladeira. Sem problema. Ela anda muito cansada emocionalmente. Mais que fisicamente, eu acho. Preciso acabar de digitar o diário do Manicômio. E agora que estou de férias do CAPS, não tenho desculpas. Aliás, nunca tive. Só se realmente começar a jogar o Persona 4 e imergir mesmo no game. Acho que o Word só não reclama da palavra “game” como estrangeirismo porque também é uma conjugação do verbo gamar. Bom, vou fingir que não deduzi isso e continuar escrevendo game sem itálico, o que é um trabalho chato de se fazer e não estou com saco de fazê-lo para uma palavra que uso tanto. Tenho que me lembrar de levar a GoPro amanhã. Tenho que botá-la num local inesquecível para mim. Ou junto de itens inesquecíveis. Quem sabe não leve a minha mochila? Com o computador dentro! Hahahaha. Acho uma boa ideia. Se der para usar, uso, se não der, não uso. Penso em outorgar à filha caçula da minha tia a missão de capturar as imagens, visto que tenho que estar nelas. Se ela não quiser, o que acho que ela pode encarar como uma divertida brincadeira, eu passo para algum outro primo. Mas acho que uma criança ou tween teria um olhar novo diferente, até pela estatura, que um adulto. Veremos. Começo a não achar uma ideia tão boa levar a mochila. Onde colocar a câmera é que são elas. Talvez em cima do computador, quando o desligar, sabe-se lá de que horas eu vou dormir hoje. Mas coloquei a câmera em cima da cama para não esquecer. Sabe de uma coisa? Eu vou levar a mochila com o computador, câmera e o equipamento do Vaporfi. Vou revisar isso para postar, já está enorme, para variar. Para qualquer gringo, nada como sair do frio outonal da Alemanha e cair direto no clima praieiro supertropical de Porto. Mas não sou gringo. Sou alienígena Hahahahaha. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário